Governo fecha acordo com SpaceSail, concorrente da Starlink

O governo brasileiro assinou um memorando de entendimento com a empresa chinesa de satélites SpaceSail, concorrente da Starlink, nesta quarta-feira (20). O documento foi formalizado pelo ministro das Comunicações, Juscelino Filho, o presidente da Telebras, Frederico Siqueira Filho, e o presidente da Shanghai SpaceSail, Jason Jie Zheng. A parceria tem como objetivo o desenvolvimento de projetos para melhorar a conectividade no Brasil, com foco na redução da desigualdade digital, especialmente em regiões remotas e áreas rurais. As operações devem começar em 2026.

Parceria do governo brasileiro com a SpaceSail para conectividade.
O governo brasileiro firmou parceria com a SpaceSail para inclusão digital e expansão da conectividade com satélites LEO |Foto: Reprodução/Folha de São Paulo

As negociações para o acordo ocorreram ao longo dos últimos meses, sendo intensificadas após uma visita do ministro Juscelino Filho à China em outubro. O memorando também destaca a intenção da SpaceSail de colaborar com a administração pública em iniciativas voltadas para a inclusão digital e a transformação digital dos serviços públicos essenciais. A empresa chinesa ainda avalia a possibilidade de abrir uma subsidiária no Brasil para investir e operar comercialmente no país.

Este acordo ocorre durante a visita oficial do presidente chinês Xi Jinping ao Brasil, que traz uma delegação de empresários de diversos setores. A China é o principal parceiro comercial do Brasil, e a visita de Xi Jinping é considerada um dos eventos mais importantes do ano para o governo de Lula.

A SpaceSail e sua disputa com a Starlink de Elon Musk

A SpaceSail, uma companhia chinesa que oferece serviços de internet via satélite, está se posicionando como uma concorrente direta da Starlink, empresa de Elon Musk. Recentemente, na terça-feira (19), a SpaceSail firmou um acordo de cooperação com o governo brasileiro, o que pode representar uma ameaça significativa para o mercado da Starlink no Brasil. A parceria com o governo brasileiro sugere que a SpaceSail pode expandir rapidamente sua presença no país, competindo com a Starlink na oferta de conectividade em áreas remotas, onde o acesso à internet é limitado

O que é a SpaceSail?

A SpaceSail atualmente possui 36 satélites em órbita. Seu projeto foi iniciado em 2023 e, em agosto do mesmo ano, foram lançados os primeiros 18 satélites da empresa. Em outubro, outro lote de 18 satélites foi colocado em órbita. Para 2024, a meta é lançar um total de 108 satélites, enquanto a Starlink, sua principal concorrente, já conta com cerca de 6 mil satélites no espaço.

A SpaceSail tem um objetivo ambicioso: lançar 15 mil satélites até 2030. Segundo informações oficiais do governo chinês, o plano é colocar 648 satélites em órbita até o final de 2025, com o intuito de garantir uma cobertura regional. Até 2027, a empresa pretende lançar mais 648 satélites para alcançar cobertura global. Até 2030, espera-se que a SpaceSail tenha um total de 15 mil satélites, com o objetivo de oferecer uma rede multisserviços móveis de conexão direta.

Tecnologia de satélites LEO

A SpaceSail utiliza satélites menores, que orbitam mais perto da Terra em uma região chamada LEO (Low Earth Orbit, ou órbita baixa da Terra). Esses satélites estão localizados a uma distância menor da superfície em comparação com os satélites tradicionais, o que permite uma transmissão de dados mais rápida e eficiente. Essa tecnologia é semelhante à usada pela Starlink e pela empresa francesa

A principal vantagem dos satélites LEO é a redução da latência, ou o tempo necessário para que os dados sejam transmitidos entre a Terra e o satélite, o que resulta em conexões mais rápidas e mais confiáveis. Essa característica é especialmente importante para a oferta de serviços de internet de alta qualidade, como streaming de vídeo, jogos online e videoconferência

A missão de fornecer internet confiável e rápida

O objetivo da SpaceSail é proporcionar serviços de internet de alta velocidade e baixa latência para usuários de todo o mundo. De acordo com a CGWIC (China Great Wall Industry Corporation), responsável pelo lançamento dos satélites, a meta é fornecer “serviços de internet de banda larga via satélite de baixa latência, alta velocidade e extremamente confiáveis”.

O governo chinês vê o desenvolvimento de satélites como uma prioridade nos próximos anos. O plano do Ministério da Indústria da China até 2025 inclui o avanço de satélites de órbitas alta, média e baixa, além da integração de sistemas de comunicação por satélite com os sistemas de comunicação terrestre.

Starlink é 16ª em internet no Brasil, mas líder em satélite no Norte

A Starlink, empresa de internet via satélite de Elon Musk, ocupa a 16ª posição no mercado de acesso à internet no Brasil, com 224,5 mil clientes, representando apenas 0,5% do total de 49,7 milhões de conexões registradas pela Anatel em julho de 2024. No entanto, a empresa é líder no segmento de internet via satélite, com 47,1% de participação no mercado brasileiro. Sua principal vantagem é fornecer internet para áreas remotas, onde as conexões tradicionais são limitadas, o que explica a grande presença da Starlink no Norte do Brasil, com cerca de um terço de seus clientes localizados nessa região.

A Starlink tem se expandido rapidamente desde seu início no país em 2022, com um crescimento de 147% no número de conexões nos últimos 12 meses. Apesar de seu tamanho modesto comparado às grandes operadoras como Claro e Vivo, a empresa tem se destacado pela cobertura em áreas de difícil acesso. Cidades da Amazônia, como Boa Vista (Roraima) e Tefé (Amazonas), possuem grande número de assinantes. Além disso, várias outras cidades do Pará e Amazonas, como Breves e Itaituba, também têm forte presença da Starlink, evidenciando sua importância para a conectividade em regiões isoladas.

Leia também: Decisões contra X e Starlink geram insegurança jurídica

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