O que é Web3? Entenda a atual revolução da internet

A Web 3.0, ou Web3, surge com a promessa de maior transparência, governança descentralizada e propriedade de ativos digitais

Nos anos 1990, a internet começou a se espalhar, mas era bem diferente do que conhecemos hoje. Para se conectar, era preciso usar a linha telefônica e ouvir aquele som característico da conexão discada. A navegação era muito lenta, o que limitava os sites a textos e imagens simples. Não havia muita interação entre os criadores e os usuários: as pessoas só podiam acessar as informações disponíveis. Esse período ficou conhecido como Web 1.0.

Ilustração de blockchain representando a Web3 e a nova era da internet.
Entenda o conceito de Web3, suas tecnologias e como essa revolução promete transformar a internet com mais privacidade e descentralização  |Foto: Reprodução/Freepik

Com o tempo, e especialmente nos anos 2000, a internet mudou bastante. Grandes empresas de tecnologia, conhecidas como Big Techs, e as redes sociais começaram a crescer, tornando a internet mais interativa. Agora, as pessoas podiam não só consumir conteúdo, mas também criar e compartilhar informações. Essa fase é chamada de Web 2.0.

Nessa época, as empresas perceberam que poderiam usar os dados dos usuários para melhorar seus negócios. Surgiram ferramentas como botões de curtida, comentários, compartilhamentos e logins integrados, como “Entrar com sua conta Google”. Apesar de todas essas novidades, essa centralização trouxe problemas, como a falta de cuidado com os dados pessoais e o uso indevido dessas informações.

O caso Cambridge Analytica: um alerta sobre o uso de dados

Um dos exemplos mais conhecidos dos problemas com o uso de dados pessoais foi o escândalo da Cambridge Analytica. Essa empresa britânica coletou informações de quase 90 milhões de usuários do Facebook sem autorização. Esses dados foram usados para criar campanhas políticas que influenciavam as pessoas de forma direcionada, como nas eleições dos Estados Unidos e no referendo do Brexit.

Esse caso chamou a atenção do mundo e levantou questões importantes sobre privacidade e ética. Ele mostrou como os dados podem ser usados de maneira errada e a necessidade de criar regras mais rígidas para proteger as pessoas na internet.

Web3: uma internet mais segura e descentralizada

A partir de 2020, novas tecnologias começaram a mudar novamente a forma como usamos a internet. Com o avanço do blockchain e dos contratos inteligentes, surgiu a Web 3.0, ou Web3.

A Web3 propõe uma internet mais segura e descentralizada. Diferente da Web 2.0, onde grandes empresas controlam boa parte dos dados, a Web3 quer dar mais poder aos usuários. Com ela, as pessoas podem decidir quais aplicativos terão acesso às suas informações, o que aumenta a privacidade e a segurança.

Além disso, a Web3 permite que os usuários sejam donos de bens digitais, como criptomoedas e NFTs. Isso elimina a necessidade de intermediários, como grandes plataformas, e oferece mais liberdade e controle para quem usa a internet.

Essa nova fase da internet também quer evitar problemas como censura e abusos no uso de dados. A ideia é criar uma rede onde os usuários tenham mais autonomia e onde as decisões sejam mais transparentes.

Comunidades Web3: colaboração e inovação

Na Web3, as comunidades têm um papel muito importante. Elas conectam pessoas com os mesmos interesses e ajudam a criar espaços onde todos podem participar e colaborar.

Com a ajuda do blockchain, essas comunidades conseguem tomar decisões de forma coletiva e transparente. Elas vão além de temas como criptomoedas e NFTs, abrangendo projetos em áreas sociais, ambientais e até na ciência.

Como a Web3 pode mudar o futuro

A Web3 não vai apenas transformar a internet, mas também pode trazer mudanças para empresas e organizações. Por exemplo, as empresas podem adotar práticas mais participativas, envolvendo clientes e funcionários em decisões importantes. Isso ajuda a criar um ambiente mais colaborativo e inovador.

Além disso, ferramentas que mostram processos de forma clara podem aumentar a confiança entre as empresas e as pessoas. Workshops e projetos colaborativos também podem incentivar mais criatividade e engajamento.

Ao combinar as ideias da Web3 com as práticas atuais, é possível criar uma internet mais segura, justa e conectada com as pessoas.

Vazamento de dados no Brasil

Atualmente, o Brasil ocupa a sexta posição no ranking global de vazamento de dados, o que expõe cerca de 10% da população ao risco constante de fraudes digitais. Informações como CPF, e-mails e números de celular estão frequentemente nas mãos de criminosos, tornando a segurança digital uma questão crucial para os brasileiros. Wanderson Castilho, especialista em crimes digitais, compartilha orientações sobre como identificar vazamentos e se proteger.

Desafios na legislação e punição de crimes digitais

Embora o Brasil tenha dado passos importantes com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que visa proteger as informações pessoais dos cidadãos, ainda existem desafios significativos, especialmente no combate e punição de crimes cibernéticos. A LGPD prevê multas para empresas que não protegem os dados adequadamente, variando de 2% a 10% do faturamento anual, com um limite máximo de R$ 50 milhões. No entanto, não inclui punições mais rigorosas que poderiam desestimular as práticas criminosas.

“A ausência de sanções mais duras contra instituições negligentes e a impunidade de muitos criminosos reforçam a ideia de que esses delitos não trazem consequências,” explica Castilho.

Ele ressalta que, enquanto não houver leis mais severas e eficazes, os vazamentos de dados continuarão a crescer, deixando mais pessoas vulneráveis a golpes. Para o especialista, essa sensação de impunidade acaba incentivando a prática de novos crimes digitais.

Como descobrir se seus dados foram expostos?

Para quem quer saber se suas informações foram expostas, Castilho recomenda o uso de ferramentas como o MyActivity, do Google. Essa plataforma ajuda o usuário a acompanhar seu histórico de atividades e verificar possíveis compromissos de dados pessoais. “Com o MyActivity, é possível gerenciar suas informações, receber alertas sobre vazamentos e até solicitar a remoção de dados,” explica o especialista. Segundo ele, essa prática aumenta a segurança do usuário e reduz as chances de ser vítima de fraudes.

Outra forma de verificar a exposição de dados é ficar atento a sinais de uso indevido, como notificações de acessos desconhecidos ou mensagens estranhas pedindo informações pessoais. Esses indícios podem apontar que os dados já foram acessados por terceiros.

Dicas para proteger seus dados e evitar fraudes

Além de verificar a exposição de dados, é essencial adotar medidas que fortaleçam a segurança digital. Veja as recomendações do especialista para dificultar o acesso de criminosos às suas informações:

  1. Use senhas fortes e exclusivas para cada conta: Muitas pessoas ainda optam por senhas simples ou repetem a mesma combinação em diversas plataformas. Criar senhas complexas, com letras, números e caracteres especiais, e evitar a reutilização é um passo básico para garantir mais segurança.
  2. Ative a autenticação em duas etapas: Essa função adiciona uma camada extra de segurança ao exigir um segundo fator de autenticação, como um código enviado por SMS, além da senha. Segundo Castilho, essa medida é fundamental para proteger as contas, pois dificulta o acesso dos criminosos, mesmo que eles possuam as credenciais básicas.
  3. Cuidado com links e mensagens suspeitas: Golpistas frequentemente utilizam e-mails ou mensagens de texto para atrair vítimas. É importante verificar a procedência de qualquer comunicação que solicite informações pessoais e evitar clicar em links desconhecidos.
  4. Mantenha seus dispositivos atualizados: As atualizações de sistemas operacionais e aplicativos incluem melhorias de segurança que ajudam a proteger contra ameaças recentes. Portanto, manter o dispositivo sempre atualizado é essencial para minimizar vulnerabilidades.
  5. Evite expor informações pessoais em redes sociais: Dados como e-mail, telefone e até mesmo localização podem facilitar golpes, especialmente em redes sociais. Procure restringir ao máximo o compartilhamento dessas informações em perfis públicos.

Leia também: Brasil registra 1.379 ataques cibernéticos e se torna vice-campeão mundial

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