O governo brasileiro, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está apostando em um plano ambicioso para atrair investimentos em data centers – local físico que armazena máquinas de computação e seus equipamentos de hardware relacionados – sustentáveis, alinhando-se à transição energética e se posicionando como alternativa frente à política de combustíveis fósseis dos Estados Unidos, liderada por Donald Trump.
Uma alternativa sustentável na visão do governo brasileiro
Com o aumento exponencial da demanda por inteligência artificial e computação em nuvem, os data centers são um pilar estratégico para o futuro. No entanto, essas infraestruturas consomem enormes quantidades de energia. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), o consumo global de energia em data centers pode mais que dobrar, alcançando 1.050 TWh até 2026.
De olho nesse mercado, o Brasil planeja se destacar com sua matriz elétrica renovável. Mais de 80% da energia consumida no país vem de fontes como hidrelétricas, usinas solares, eólicas e de biomassa. Esse diferencial coloca o Brasil como um destino atrativo para multinacionais que valorizam a sustentabilidade e a redução de emissões de gases do efeito estufa.
“O Brasil tem energia farta, limpa, confiável e barata. É o cenário ideal para data centers sustentáveis”, afirmou Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, antes de sua viagem ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, uma comuna da Suíça, no Cantão Grisões.
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Plano nacional para data centers
O governo anunciou que até o final do primeiro semestre de 2025 será concluído um plano nacional de desenvolvimento para data centers. Este será elaborado em conjunto pelos Ministérios de Minas e Energia, Fazenda e Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). A iniciativa busca não apenas atrair investimentos, mas também consolidar o Brasil como um hub estratégico para empresas globais que demandam alta tecnologia aliada à sustentabilidade.
Entre as medidas previstas estão leilões específicos para armazenamento de energia e estímulo a pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Essas ações visam garantir estabilidade ao sistema elétrico e atender à crescente demanda do setor de tecnologia.
Brasil versus Estados Unidos: uma disputa de modelos energéticos
Enquanto o Brasil destaca seu compromisso com energias renováveis, os Estados Unidos, sob a liderança de Trump, seguem uma direção oposta. A política de “drill, baby, drill” busca explorar ao máximo petróleo e gás, afrouxando regulações ambientais para expandir a produção de combustíveis fósseis.
Essa abordagem contrasta fortemente com o Brasil, que reforça seu papel de liderança na transição energética global. “Ao oferecer uma matriz elétrica limpa e estável, o Brasil se posiciona como um parceiro estratégico para multinacionais comprometidas com metas climáticas”, disse Silveira.
Impacto econômico e potencial de mercado
A consultoria Thymos Energia projeta que os investimentos em infraestrutura de data centers no Brasil poderão alcançar R$ 60 bilhões até 2030. Esse crescimento é impulsionado pelo avanço da inteligência artificial e pela busca de soluções tecnológicas que atendam às exigências de sustentabilidade.
Além disso, o Brasil pretende utilizar os novos leilões de energia para expandir ainda mais sua capacidade geradora. O primeiro leilão para armazenamento de energia e as iniciativas para reforçar o parque gerador prometem atender à alta demanda sem comprometer o equilíbrio ambiental.
Por que o Brasil é o destino ideal para data centers?
O Brasil reúne uma combinação de fatores que o tornam altamente competitivo no setor de tecnologia sustentável:
- Energia renovável predominante: mais de 80% da matriz elétrica é limpa, com baixíssimas emissões de carbono.
- Capacidade de expansão: leilões previstos para 2025 visam ampliar a infraestrutura elétrica, garantindo estabilidade e suprimento de energia.
- Políticas de incentivo: o plano nacional para data centers e a governança para a transição energética são diferenciais que atraem multinacionais.
- Demanda crescente: a transformação digital em setores como inteligência artificial e computação em nuvem favorece o mercado brasileiro.
Desafios e perspectivas
Apesar das oportunidades, o Brasil precisa superar desafios para consolidar sua posição como destino preferido para data centers. A burocracia e a infraestrutura logística são pontos críticos que devem ser melhorados.
Além disso, a competição com mercados globais exige esforços contínuos em inovação tecnológica e políticas que incentivem o investimento estrangeiro.
Ao alinhar sustentabilidade com inovação tecnológica, o Brasil tem a chance de se destacar globalmente como um player estratégico no mercado de data centers. A mensagem do governo em Davos é clara: o país está pronto para atrair investimentos bilionários e se tornar um exemplo de como é possível crescer economicamente sem renunciar aos princípios ambientais.