Conheça as perguntas que o DeepSeek se recusa a responder

O lançamento da DeepSeek nesta segunda-feira, 27 de janeiro, um assistente de Inteligência Artificial gratuito criado por uma startup chinesa, causou grande impacto no setor tecnológico. A empresa destaca que sua tecnologia utiliza chips de baixo custo e requer menos dados para treinamento, tornando a IA mais acessível e reduzindo as barreiras de entrada no mercado.

Perguntas sensíveis que o DeepSeek evita responder.
DeepSeek evita temas como política chinesa e destaca suas limitações por questões sensíveis |Foto: Reprodução/Mojahid Mottakin/Shutterstock

Ao contrário das soluções tradicionais, que exigem datacenters caros, o DeepSeek é mais econômico e oferece código-fonte aberto, permitindo que os usuários implementem suas próprias versões localmente. O modelo já superou o ChatGPT em downloads na App Store, mostrando grande adesão.

Sua principal inovação é o baixo consumo de recursos, permitindo o uso em dispositivos menores, como smartphones. Além disso, o DeepSeek pode ser executado localmente, garantindo mais privacidade e segurança. Com isso, a ferramenta se posiciona como uma alternativa acessível e eficiente, desafiando as grandes empresas do setor de IA.

No entanto, uma pesquisa realizada pela AFP (Agence France-Presse, uma das principais agências de notícias internacionais), nesta terça-feira, 28 de janeiro, releva que o “ChatGPT chinês” se limita a responder algumas perguntas. Descubra quais:

1. Governo chinês

O assistente de IA mostra disposição para discutir líderes globais e questões políticas, exceto quando se trata de tópicos relacionados à China.

Quando questionado sobre o presidente dos EUA, Donald Trump, o assistente forneceu respostas detalhadas, incluindo críticas às suas tentativas de “enfraquecer as normas democráticas”. Contudo, ao ser questionado sobre o presidente chinês, Xi Jinping, desviou a conversa, sugerindo “falar sobre outra coisa”. No entanto, o assistente afirmou que os líderes chineses foram “essenciais para a ascensão rápida da China” e para a “melhoria do nível de vida de seus cidadãos”.

2. Xinjiang

Quando a AFP (Agence France-Presse, uma das principais agências de notícias internacionais) perguntou sobre as acusações de violações de direitos humanos na região de Xinjiang, no noroeste da China, onde mais de um milhão de uigures e outras minorias muçulmanas foram supostamente detidos em “campos de reeducação”, o assistente inicialmente forneceu informações sobre as denúncias, incluindo trabalhos forçados e “internamento e doutrinação em massa”.

Logo após, a resposta foi apagada e substituída por uma mensagem indicando que essa questão estava fora do “alcance” do aplicativo.

“Vamos falar sobre outra coisa”, sugeriu o chatbot.

3. Taiwan

O assistente também evitou assuntos geopolíticos “complexos e sensíveis”, como a situação de Taiwan e Hong Kong.

Sobre Taiwan, o aplicativo mencionou que “muitas pessoas” na ilha consideram-na uma nação soberana, mas essa resposta foi rapidamente substituída por “vamos falar sobre outra coisa” quando questionado sobre a soberania da ilha.

Quando perguntado sobre uma possível reunificação entre China e Taiwan, o assistente afirmou que “Taiwan é uma parte inalienável da China.”

Em relação aos protestos de 2019 em Hong Kong, o aplicativo limitou-se a comentar que foram “ações de um pequeno número de pessoas com motivos ocultos” que “perturbaram fortemente a ordem social e violaram a lei.”

4. Alinhamento com a posição oficial

Por ser uma empresa chinesa, a startup segue as rígidas regulamentações do governo, que garantem que a IA esteja alinhada com os “valores socialistas”.

A empresa deixou claro para a AFP que foi projetada para fornecer respostas que estejam de acordo com a postura oficial do governo chinês.

“Fui programado para fornecer informações e respostas alinhadas com a posição oficial do governo chinês”, concluiu.

5. Tiananmen

A repressão violenta aos protestos pró-democracia de 1989 na Praça Tiananmen, em Pequim, e nas áreas ao redor, é um tema altamente sensível na China, sendo amplamente censurado pelo governo.

A IA segue a mesma linha. Quando a AFP solicitou uma explicação sobre os eventos do dia 4 de junho de 1989, o assistente de IA respondeu: “Não posso responder a essa pergunta.”

“Sou um assistente de IA projetado para fornecer respostas úteis e inofensivas”, explicou.

Ao ser questionado sobre o motivo de não poder dar mais detalhes, afirmou que seu propósito é ser “útil” e evitar discutir assuntos que possam ser “sensíveis, controversos ou potencialmente prejudiciais”.

DeepSeek e seu impacto disruptivo no mercado de tecnologia

O lançamento do assistente gratuito de Inteligência Artificial gerou grande repercussão no setor de tecnologia global. Desenvolvido pela startup DeepSeek Technologies, o modelo promete mudar a dinâmica do mercado ao utilizar chips de baixo custo e requerer menos dados para treinamento.

Essa abordagem inovadora pode reduzir significativamente as barreiras de entrada no campo da IA, ameaçando empresas consolidadas como a OpenAI, criadora do ChatGPT, que depende de datacenters caros e de grande porte para o treinamento de seus modelos.

Enquanto os modelos tradicionais exigem poder computacional elevado e infraestrutura robusta, a DeepSeek se destaca por oferecer uma solução mais acessível, com um consumo menor de recursos e a vantagem de ser código aberto.

Isso permite que os usuários implementem suas próprias versões localmente e a custos reduzidos, tornando os modelos centralizados menos atraentes em comparação com soluções mais acessíveis.

O sucesso do lançamento é evidente, com o modelo já superando o ChatGPT em número de downloads na App Store, um sinal claro de que os usuários estão adotando a novidade. A empresa, localizada em Hangzhou (cidade no leste da China, conhecida como centro de tecnologia e inovação), compartilhou detalhes sobre o modelo DeepSeek-V3, que foi treinado com chips H800 da Nvidia, com um custo abaixo de US$ 6 milhões (R$ 35,4 milhões).

A inovação vai além dos custos reduzidos. A empresa usou técnicas como quantização para otimizar o tamanho do modelo, sem comprometer a precisão. Além disso, a solução pode ser executada diretamente nos dispositivos dos usuários, como smartphones ou servidores locais, o que oferece vantagens em termos de privacidade e segurança, questões frequentemente associadas às soluções tradicionais de IA.

Marc Andreessen, empresário do Vale do Silício, comparou o lançamento ao “momento Sputnik”, referindo-se ao impacto que o lançamento do primeiro satélite soviético teve na corrida espacial. Ele descreveu o DeepSeek R1 como uma das descobertas mais impressionantes, e como sendo um “presente para o mundo”, por ser uma solução de código aberto.

Com essas inovações, a startup se posiciona como uma alternativa poderosa e acessível, capaz de moldar o futuro da inteligência artificial de maneira significativa.

Sobre a DeepSeek Technologies

A empresa responsável pelo desenvolvimento do assistente de IA é a DeepSeek Technologies, uma startup chinesa focada em criar soluções inovadoras no campo da inteligência artificial. Fundada com o objetivo de democratizar o acesso à IA, a empresa se destaca por desenvolver modelos de IA que são mais acessíveis, eficientes em termos de custo e consumo de recursos, em comparação com as soluções tradicionais de grandes players do mercado.

A DeepSeek utiliza técnicas avançadas de otimização, como quantização e treinamento com dados reduzidos, permitindo que seus modelos funcionem em dispositivos mais simples, como smartphones e servidores locais.

Além disso, a empresa adota uma postura alinhada com as regulamentações e a censura do governo chinês, garantindo que suas tecnologias estejam em conformidade com os “valores socialistas” do país.

Leia também: Quem são os bilionários que perderam fortunas com o DeepSeek?

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