Meta prevê investir até US$ 65 bilhões em IA em 2025

A Meta, empresa responsável pelo Facebook, Instagram e WhatsApp, revelou nesta sexta-feira, 24 de janeiro, planos ambiciosos de investir até US$ 65 bilhões (R$ 384,15 bilhões) em projetos de inteligência artificial (IA) nos próximos anos. Entre as ações previstas estão a construção de um data center gigantesco e o aumento das equipes especializadas em IA, segundo o CEO Mark Zuckerberg.

A meta da empresa é ativar cerca de 1 gigawatt – medida de potência equivalente a mil milhões de Watts (W) – de poder computacional em 2025 e contar com mais de 1,3 milhão de unidades de processamento gráfico (GPUs) até o final do mesmo ano. “Esse esforço enorme impulsionará nossos produtos, abrirá novas inovações e consolidará a liderança tecnológica dos EUA”, destacou Zuckerberg em uma publicação no Facebook.

Meta anuncia investimentos bilionários em inteligência artificial.
A Meta investirá até US$ 65 bilhões em IA até 2025, com foco em data centers, GPUs e inovação tecnológica  |Foto: Reprodução/Getty Images

Além disso, a Meta está investindo na construção de um data center avaliado em US$ 10 bilhões na Louisiana e adquirindo novos chips para aprimorar produtos como o assistente de IA e os óculos inteligentes Ray-Ban.

O anúncio da Meta surge logo após empresas como OpenAI, SoftBank Group e Oracle se unirem em um projeto de US$ 100 bilhões (R$ 591 bilhões), chamado Stargate, que também tem como foco o desenvolvimento de infraestrutura de IA nos EUA.

Apesar de reconhecer que os investimentos em IA podem estar excessivos a curto prazo, Zuckerberg defende a estratégia como essencial para o futuro. “O risco de ficar para trás significa perder posição na tecnologia mais importante das próximas décadas”, afirmou o CEO.

A polêmica na checagem de fatos

Em um vídeo postado no blog da Meta na terça-feira, 7 de janeiro, o CEO da companhia, Mark Zuckerberg, anunciou que o Facebook e o Instagram deixarão de contar com serviços de checagem de fatos independentes.

O sistema atual, que conta com a análise de jornalistas e especialistas, será substituído pelas chamadas “notas da comunidade”. Esse novo modelo permitirá que os próprios usuários participem da verificação, em uma abordagem similar à adotada pela plataforma X.

A mudança foi recebida positivamente por defensores da liberdade de expressão e por apoiadores do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que consideraram essa decisão como um avanço para diminuir o que chamam de “censura” nas redes sociais da Meta.

Zuckerberg justificou a decisão, afirmando que os moderadores profissionais contratados até o momento tinham um “viés político considerável” e que agora era hora de dar mais importância aos valores da liberdade de expressão.

Por outro lado, a medida gerou preocupações entre ativistas contra o discurso de ódio online, bem como entre organizações de jornalismo e de checagem de fatos, que temem o impacto da mudança na luta contra a desinformação.

Especialistas em tecnologia e política sugerem que a decisão pode ter motivações políticas, já que muitas grandes empresas de tecnologia estão se adaptando ao novo governo de Trump.

Movimento político

Críticos acreditam que a mudança nas políticas da Meta busca aproximar Mark Zuckerberg de Donald Trump. Ava Lee, do Global Witness, sugere que Zuckerberg tenta agradar à futura administração, o que poderia ter efeitos negativos. Kate Klonick, da Universidade de St John, e Donald MacKenzie, da Universidade de Edimburgo, apontam que a gestão das redes sociais se politizou, especialmente após a aquisição do X por Musk.

Apesar das críticas de Trump à Meta, a relação entre ele e Zuckerberg parece ter melhorado, com Zuckerberg jantando com Trump e a Meta contribuindo com US$ 1 milhão (R$ 5.910.000,00) para a posse de Trump. A troca de Nick Clegg por Joel Kaplan, com vínculos ao Partido Republicano, também reforça essa mudança.

Vivian Schiller, do Instituto Aspen, acredita que a Meta adota uma postura política em função do retorno de Trump. A empresa ainda enfrenta processos antitruste, como a acusação da FTC de que a Meta comprou o Instagram e o WhatsApp para eliminar concorrência. MacKenzie e Lina Khan, presidente da FTC, sugerem que as empresas tentam evitar sanções no novo cenário político favorável a Trump.

Acionistas e presença fora dos EUA

Em seu anúncio sobre as mudanças na política de checagem de fatos, Mark Zuckerberg afirmou que a Meta busca colaborar com o governo de Donald Trump para influenciar outros países que estão implementando regras mais severas para a internet. Ele enfatizou que a empresa trabalhará com a nova administração dos Estados Unidos para combater ações que, segundo ele, prejudicam as empresas americanas e aumentam a censura.

Zuckerberg ressaltou a importância de contar com o apoio do governo dos Estados Unidos para lidar com essa tendência mundial. Ele criticou a Europa, dizendo que, em sua opinião, está tornando a censura algo oficial. Além disso, mencionou que, na América Latina, tribunais podem solicitar a remoção de conteúdos de maneira secreta e acusou a China de censurar os aplicativos da Meta.

Vivian Schiller, da Aspen Digital, sugeriu que essas declarações indicam a necessidade de a Meta manter uma presença forte e negócios ativos nesses mercados, o que também beneficiaria os acionistas da empresa. Ela ainda observou que os termos “censura” e “liberdade de expressão” podem ter significados diferentes para pessoas de diferentes regiões, e que cada lugar adota suas próprias regras sobre esses temas. Schiller destacou que as políticas da Europa e da América Latina são distintas das dos Estados Unidos.

Resposta a acusações de imparcialidade

Defensores da liberdade de expressão e grupos conservadores enxergam as mudanças propostas por Zuckerberg como uma resposta ao pedido por maior imparcialidade nas redes sociais. A Fundação FIRE afirmou que os usuários desejam uma plataforma que não censure conteúdo político ou dependa exclusivamente da empresa para realizar checagens de informações. A Meta reconheceu que sua moderação anterior apresentava viés, e as alterações podem tornar o processo de moderação mais equilibrado.

Elon Musk e Linda Yaccarino, CEO do X, elogiaram as novas medidas, com Yaccarino sugerindo que outras plataformas sigam essa abordagem. O Wall Street Journal também apoiou a mudança, destacando que a Meta está tentando melhorar sua relação com os republicanos e evitar mais regulamentações após a vitória de Trump. O artigo destacou que, enquanto alguns defendem mais regulamentação, Musk e Zuckerberg acreditam que os mercados podem resolver questões de censura sem a necessidade de intervenção governamental.

Preocupação com a segurança online

A mudança nas políticas da Meta gerou críticas e preocupações sobre a segurança online e o aumento da desinformação. Especialistas, como Ava Lee do Global Witness, afirmaram que a justificativa de evitar “censura” é uma forma de fugir da responsabilidade pelo ódio e desinformação.

A Fundação Molly Rose destacou os riscos para temas como suicídio e depressão, enquanto a Full Fact criticou a decisão da Meta, considerando-a um retrocesso. Vivian Schiller defendeu os verificadores de fatos independentes da Meta, enquanto no Brasil, a Abraji e João Brant, do governo, expressaram preocupação com a substituição da checagem profissional.

O Ministério Público Federal (MPF) também anunciou que vai pedir explicações à Meta sobre o impacto das mudanças no Brasil e sua conformidade com a legislação.

Investimento em IA é uma das prioridades do governo Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na terça-feira, 21 de janeiro, um grande plano para avançar a infraestrutura de inteligência artificial (IA) no país e, como parte disso, a criação da empresa Stargate. Durante o evento, que contou com a presença de líderes das empresas SoftBank, OpenAI e Oracle, Trump revelou que o investimento inicial será de US$ 100 bilhões (aproximadamente R$ 594 bilhões).

Além disso, o presidente mencionou que, nos próximos anos, o valor pode chegar a até US$ 500 bilhões (cerca de R$ 2,97 trilhões). O principal objetivo do projeto é colocar os Estados Unidos como líderes no setor de IA, enfrentando a crescente competição de países como a China.

No entanto, o bilionário Elon Musk, que tem relações com o governo Trump, fez críticas públicas à viabilidade do projeto. Em uma postagem na plataforma X (anteriormente conhecida como Twitter), Musk afirmou que os números divulgados não são garantidos e que o SoftBank possui bem menos de US$ 10 bilhões (R$ 59,4 bilhões) confirmados, citando uma fonte confiável.

Leia também: Musk critica projeto de IA de US$ 500 bilhões anunciado por Trump

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