As ações da Nvidia despencaram nesta segunda-feira, 27 de janeiro, com uma queda de quase 17% no mercado dos EUA, refletindo a instabilidade gerada pelo lançamento da DeepSeek, um chatbot de Inteligência Artificial (IA) desenvolvido na China. A nova tecnologia ameaça impactar significativamente os setores de tecnologia e infraestrutura global, provocando preocupações entre investidores.
De acordo com dados da Elos Ayta, a Nvidia Corporation sofreu uma redução de US$ 589 bilhões em valor de mercado apenas em um dia, o que resultou na perda do título de maior empresa do mundo em capitalização de mercado. A companhia agora ocupa a terceira posição, atrás da Apple e da Microsoft.
Para se ter uma ideia do impacto, a desvalorização da Nvidia equivale a 86% do valor total das empresas listadas na bolsa brasileira (B3), que atualmente soma US$ 684 bilhões (R$ 4.050,24 bilhões). O movimento ressalta o peso das transformações no mercado de IA e o potencial de disrupção que novas tecnologias, como a DeepSeek, podem gerar em gigantes estabelecidos.
Os efeitos no Brasil
No Brasil, o principal impacto na segunda-feira, 27 de janeiro, foi sentido pela WEG, empresa brasileira especializada na fabricação de equipamentos elétricos, que registrou sua maior desvalorização diária desde outubro de 2023.
A queda no valor de mercado foi de R$ 19,1 bilhões, derrubando a empresa da segunda para a quarta posição no ranking das maiores companhias do país. A Petrobras segue na liderança, avaliada em R$ 508,2 bilhões, com Itaú Unibanco (R$ 305,0 bilhões) e Vale (R$ 230,3 bilhões) ocupando o segundo e terceiro lugares, respectivamente.
DeepSeek e o rápido impacto no mercado de tecnologia
O lançamento da DeepSeek, um assistente gratuito de Inteligência Artificial, causou alvoroço no setor tecnológico global. A startup chinesa afirma que sua tecnologia utiliza chips de baixo custo e exige menos dados para treinamento, algo que pode reduzir drasticamente as barreiras de entrada no mercado de IA.
Essa mudança pode ameaçar gigantes do setor, como a OpenAI, criadora do ChatGPT, cujas operações dependem de datacenters robustos e caros para treinar modelos em grande escala. Enquanto esses modelos tradicionais demandam alto poder computacional e hardware de ponta, a DeepSeek inova com uma abordagem que consome menos recursos e ainda oferece código-fonte aberto, permitindo que usuários implementem suas próprias versões localmente e a custos reduzidos.
Com isso, os modelos centralizados que dependem de grandes infraestruturas tornam-se menos atrativos, enquanto soluções mais acessíveis, como a DeepSeek, ganham espaço.
O DeepSeek, um chatbot desenvolvido por uma startup chinesa, chegou para mudar o jogo no mercado de Inteligência Artificial. A ferramenta se destaca por ser mais acessível e eficiente em termos de custo. De acordo com a empresa, o modelo precisa de menos dados para funcionar e custa muito menos do que as soluções oferecidas por grandes empresas, como a OpenAI. O lançamento foi um sucesso, e o DeepSeek já superou o ChatGPT em número de downloads na App Store, mostrando que os usuários estão aderindo à novidade.
Jon Withaar, gerente da Pictet Asset Management, uma das principais gestoras de investimentos globais especializada em soluções de gestão de patrimônio e fundos, disse à Reuters que, embora ainda faltem mais detalhes sobre o projeto, a ideia de reduzir custos de US$ 100 milhões (R$ 590 milhões) para apenas US$ 6 milhões (R$ 35 milhões) é extremamente promissora para a produtividade e para os usuários de IA. Se isso for confirmado, o impacto no setor pode ser enorme.
A startup, localizada em Hangzhou, explicou mais sobre o DeepSeek em um artigo publicado em dezembro de 2024. O estudo mostrou que o modelo DeepSeek-V3 foi treinado usando chips H800 da Nvidia, com um custo inferior a US$ 6 milhões (R$ 35,4 milhões).
O empresário Marc Andreessen, do Vale do Silício, comparou o lançamento do DeepSeek a um “momento Sputnik”, uma referência ao impacto que o lançamento do primeiro satélite soviético teve na corrida espacial. “O DeepSeek R1 é uma das descobertas mais incríveis que já vi – e, como código aberto, é um presente para o mundo”, escreveu Andreessen em uma postagem no X (antigo Twitter).
Uma das principais inovações do DeepSeek é seu baixo consumo de recursos computacionais. Isso permite que ele funcione em dispositivos menores, como smartphones, ou até mesmo em servidores locais.
A empresa usou técnicas como a quantização para reduzir o tamanho do modelo sem perder a precisão. Além disso, ela optou por uma forma mais eficiente de usar os dados para treinamento, o que diminui custos e acelera o processo.
Outra grande vantagem é que o DeepSeek pode ser executado diretamente no dispositivo do usuário, sem depender de servidores externos. Isso garante mais privacidade e segurança, algo que tem sido uma preocupação crescente em soluções tradicionais de IA. Com tudo isso, o DeepSeek se posiciona como uma alternativa poderosa e acessível, que pode mudar o futuro da inteligência artificial.
O posicionamento da Nvidia
Apesar do impacto negativo no valor de mercado, a Nvidia demonstrou otimismo em relação aos avanços da DeepSeek. A empresa afirmou que a nova tecnologia reforça a utilidade de seus chips no mercado chinês e avaliou que o futuro da inteligência artificial continuará demandando semicondutores avançados.
Segundo a Nvidia, o trabalho da DeepSeek exemplifica como novos modelos podem ser desenvolvidos com o uso de técnicas que aproveitam modelos amplamente disponíveis e uma computação compatível com as normas de controle de exportação. Além disso, a empresa destacou que a execução desses modelos requer um número significativo de GPUs Nvidia e redes de alto desempenho.
Essa posição reflete a estratégia da Nvidia de se adaptar às transformações do setor e de manter sua relevância em um mercado marcado por inovações constantes e crescente competitividade.
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