Com o uso cada vez maior da tecnologia no nosso dia a dia, surgem novas ferramentas e sistemas para facilitar a vida. No entanto, essa evolução também traz problemas, especialmente em relação à segurança digital. O aumento de golpes pela internet e a forma mais inteligente como os criminosos atacam têm preocupado diferentes áreas.
Uma pesquisa feita pelo DataSenado, ligado ao Senado Federal, mostrou que um em cada quatro brasileiros foi vítima de golpes digitais entre 2023 e 2024. Esse dado alerta para a necessidade de melhorar a segurança online e de informar a população sobre os riscos da internet.

As técnicas usadas pelos fraudadores têm se tornado mais avançadas, acompanhando o desenvolvimento de tecnologias como a inteligência artificial. Em 2024, um caso chamou a atenção ao mostrar como os criminosos estão se adaptando ao novo cenário digital.
Naquele ano, a polícia de Hong Kong revelou que um funcionário de uma grande empresa transferiu US$ 25 milhões (equivalente a R$ 145.261.250) para golpistas que usaram a tecnologia de deepfake para se passar pelo diretor financeiro da empresa durante uma videoconferência.
Esse caso, muito bem planejado, mostra como tem sido difícil para as empresas protegerem seus dados e recursos contra ataques tão inteligentes. A verificação de identidade, um ponto importante da segurança digital, tem se tornado um grande desafio no mundo online.
O desafio do CAPTCHA no mundo digital
Um dos principais meios usados para verificar se um usuário na internet é uma pessoa de verdade é o CAPTCHA. Esse sistema, cujo nome significa “Teste de Turing Público e Automatizado para Diferenciar Computadores de Humanos”, foi criado para impedir que bots (programas automáticos) façam coisas erradas na internet. O objetivo do CAPTCHA é simples: garantir que quem está fazendo algo online, como preencher um formulário ou entrar em um site, seja uma pessoa e não um computador.
O conceito do CAPTCHA surgiu nos anos 1950, quando o matemático Alan Turing propôs uma forma de testar se algo era uma máquina ou uma pessoa. Com o tempo, porém, os avanços na inteligência artificial e nos programas de visão computacional começaram a tornar o CAPTCHA menos eficaz. O método, que foi útil por anos, agora está sendo superado pela tecnologia, que consegue entender facilmente os testes tradicionais.
A tecnologia evoluiu tanto que muitos bots agora conseguem passar pelo CAPTCHA com facilidade. Como disse o Dr. Peter Bentley, cientista da computação da University College London, a inteligência artificial pode resolver CAPTCHAs com alta precisão. “CAPTCHAs baseados em imagens, que antes eram usados para treinar IAs a reconhecer texto, agora podem ser resolvidos por IAs com uma taxa de sucesso de 96%. Isso mostra que os métodos antigos estão ficando para trás”, explicou Bentley.
Uma pesquisa da Cornell University, publicada em julho de 2023, revelou que as IAs têm 96% de precisão ao resolver CAPTCHAs, enquanto as pessoas acertam entre 50% e 86% das vezes. Esses números são preocupantes, já que a maioria das tentativas de login falsas na internet envolve bots avançados ou senhas roubadas. Isso mostra que o modelo tradicional de verificação precisa ser repensado.
A busca por soluções mais seguras
Com o aumento das ameaças das IAs e a facilidade com que os bots conseguem passar por sistemas de segurança como o CAPTCHA, fica claro que é preciso criar uma nova forma de verificação digital. Nesse cenário, surge a proposta do Mundo, uma iniciativa que busca criar um sistema de autenticação baseado em biometria.
O World ID é uma forma anônima de comprovar que uma pessoa é humana, usando a biometria da íris e outras tecnologias avançadas para garantir mais segurança nas interações online. A ideia é melhorar os sistemas tradicionais, como o CAPTCHA, e proteger as pessoas de fraudes digitais.
A proposta do World é simples, mas com um grande objetivo: oferecer uma solução que respeite a privacidade dos usuários e, ao mesmo tempo, garantir que suas ações na internet sejam avaliadas e seguras. Com o World ID, espera-se diminuir fraudes e ataques de bots, além de tornar a navegação mais tranquila, sem a frustração dos testes automáticos.
Segundo a pesquisa “Biometric Verification Secure Against Malicious Adversaries” da Cornell University, a autenticação biométrica é uma alternativa mais segura aos sistemas tradicionais. Isso porque as características biométricas, como os padrões da íris, são únicas e difíceis de imitar. Isso torna a biometria uma opção eficaz contra fraudes, já que seria muito mais complicado para os golpistas falsificarem ou roubarem a identidade de alguém usando a biometria de outra pessoa.
A ideia de usar a biometria para confirmar a identidade dos usuários surge em um momento em que as pessoas estão mais preocupadas com a proteção de dados e a privacidade online. Diferente dos métodos tradicionais, que dependem de respostas a testes simples ou senhas, a biometria oferece uma forma mais segura e precisa de verificar a identidade, sem comprometer a privacidade do usuário.
A mudança na verificação digital
Os sistemas de verificação digital estão passando por uma grande mudança. Em vez de focar em “quem você é”, como é feito atualmente, a ideia está mudando para “o que você é”. Esse novo modelo, que usa características biométricas como a íris, promete tornar as interações digitais mais seguras, confiáveis e respeitosas à privacidade.
A necessidade de criar soluções de verificação digital mais fortes vem do avanço da inteligência artificial e das fraudes online. Embora o CAPTCHA ainda seja usado em muitos sites, ele está ficando desatualizado, e novas tecnologias, como o World ID, estão surgindo para tornar o ambiente digital mais seguro. Como disse Taarini, especialista em cibersegurança, “com o avanço da IA, os métodos tradicionais de verificação já não são suficientes, e a criação de novos sistemas de verificação é essencial”.
O mundo digital está sempre mudando, e, por isso, os métodos de proteção também precisam evoluir. O futuro da cibersegurança vai ser mais focado em soluções inovadoras e confiáveis, como a biometria, para garantir a privacidade e segurança dos usuários em um ambiente cada vez mais digital.
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