Uma recente pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) trouxe à tona um dado alarmante: 21,2% das mulheres negras ocupadas no Brasil não conseguem contribuir para a Previdência. Este cenário reflete um aumento da vulnerabilidade econômica, que se agravou nos últimos seis anos. Em 2016, o percentual era de 19,2%, evidenciando uma piora significativa.
Desigualdade persistente para negras
A desigualdade racial e de gênero no Brasil é ainda mais visível quando comparada à situação de outros grupos. Enquanto 21,2% das mulheres negras ocupadas não conseguem contribuir para a Previdência, apenas 6,8% dos homens brancos enfrentam o mesmo problema. Esse dado revela a complexidade e a profundidade das disparidades socioeconômicas que afetam as pessoas do sexo feminino no país.
Participação no mercado de trabalho
Outro ponto crucial apontado pelo levantamento é a baixa participação das mulheres negras no mercado de trabalho remunerado. Apenas 52% delas estão ativas nesse mercado, em comparação com 54% das mulheres brancas, 75% dos homens negros e 74% dos homens brancos.
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Esses números refletem a desigualdade de oportunidades e a falta de acesso a empregos formais, que garantiriam uma contribuição regular à Previdência.
Remuneração e jornada de trabalho
Além das dificuldades em contribuir para a Previdência, as mulheres negras enfrentam disparidades salariais significativas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essas mulheres recebem menos de 80% do salário médio dos homens e, em média, trabalham 10 horas há mais por semana em tarefas domésticas e de cuidado, muitas vezes sem qualquer remuneração. Essa sobrecarga, combinada com a desigualdade salarial, dificulta ainda mais a inserção plena dessas mulheres no sistema previdenciário.
Desafios e possíveis soluções
A pesquisa do Ipea e os dados do IBGE revelam a necessidade urgente de políticas públicas que promovam a inclusão econômica das mulheres negras. Programas de qualificação profissional, acesso facilitado ao crédito e a promoção da igualdade salarial são apenas algumas das medidas que poderiam ser implementadas para reduzir essas desigualdades.
Além disso, é fundamental que o debate sobre a reforma da Previdência considere as especificidades de gênero e raça, garantindo que todas as mulheres, especialmente as negras, tenham acesso a uma aposentadoria digna e justa.