No segundo trimestre de 2024, a renda média real obtido no trabalho principal dos brasileiros atingiu um patamar recorde de R$ 3.113. No entanto, um dado preocupante permanece: as mulheres continuam recebendo menos de 80% do salário médio dos homens, conforme revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Desigualdade de renda entre homens e mulheres
O levantamento, realizado desde 2012 pelo IBGE, mostra que, embora a renda média geral tenha atingido novos patamares, a disparidade de gênero no mercado de trabalho persiste. No segundo trimestre de 2024, o rendimento médio dos homens foi de R$ 3.424, enquanto o das mulheres ficou em R$ 2.696. Isso significa que, em média, os homens receberam cerca de 27% a mais do que as mulheres em seus empregos principais.
Essa desigualdade salarial reflete uma questão estrutural e persistente no mercado de trabalho brasileiro, onde fatores como discriminação de gênero, diferenças no acesso a oportunidades de carreira, e a concentração de mulheres em setores menos remunerados contribuem para a manutenção desse cenário.
Participação feminina no mercado de trabalho
Apesar da disparidade da renda salarial, a participação das mulheres no mercado de trabalho continua a crescer. O nível de ocupação das mulheres, que mede a proporção de mulheres em idade de trabalhar que estão empregadas, atingiu um recorde de 48,1% no segundo trimestre de 2024. Esse aumento indica uma melhora na inclusão feminina no mercado de trabalho, embora o índice ainda esteja significativamente abaixo do registrado pelos homens, cujo nível de ocupação foi de 68,3% no mesmo período.
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No geral, o nível de ocupação da população brasileira foi de 57,8%, refletindo uma tendência de recuperação econômica e aumento da empregabilidade após os desafios enfrentados nos últimos anos.
Análise do mercado de trabalho
Adriana Beringuy, analista do IBGE, comenta que o aumento no nível de ocupação da população é um movimento contínuo, refletindo uma recuperação no mercado de trabalho brasileiro. No entanto, ela destaca que a desigualdade de gênero ainda é um dos principais desafios a serem enfrentados para garantir um mercado de trabalho mais equitativo.
“Embora tenhamos observado um crescimento na ocupação e nos rendimentos, a diferença entre homens e mulheres no mercado de trabalho é um reflexo de problemas estruturais que precisam ser abordados com políticas públicas e ações de conscientização”, afirma Beringuy.
O recorde de rendimento médio no segundo trimestre de 2024 demonstra um avanço na recuperação econômica do Brasil. Contudo, a persistente disparidade de gênero em termos de salários e níveis de ocupação evidencia que ainda há muito a ser feito para alcançar a igualdade no mercado de trabalho. A redução dessas desigualdades é crucial para um crescimento econômico mais inclusivo e sustentável.