Em dois meses, o setor perdeu 3.800 empregos formais no estado. Os empresários estão enfrentando dívidas e a falta de medidas efetivas para a recuperação
As enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul ainda causam reflexos negativos na economia local, inclusive entre bares e restaurantes. Segundo dados do Caged, divulgados na última segunda-feira , 29 de julho, mais de 3.800 funcionários formais do setor foram desligados nos últimos dois meses.
Em um setor com muitos trabalhadores informais, acredita-se que o número seja ainda maior. Isso mostra que as empresas têm dificuldade em manter seus funcionários.
Bares e restaurantes pedem reedição de programa federal
Em maio, a Abrasel pediu a reedição do programa BEM, que ajudou a manter empregos e renda durante a pandemia. O programa foi concedido pelo Governo Federal.
Esse programa ajudou empresas que precisaram fechar temporariamente. Ele garantiu um salário mínimo aos funcionários, sem que os empresários precisassem pagar a diferença.
No entanto, diante da crise causada pelas enchentes, o Ministério do Trabalho publicou a Portaria nº 991 em resposta à crise das enchentes. A portaria determina o pagamento de duas parcelas do salário-mínimo. Os funcionários das empresas afetadas serão beneficiados com essa medida.
Esse valor é inferior ao piso salarial do setor no estado e vem com a condição de que a empresa mantenha os funcionários empregados por, no mínimo, quatro meses. Os empresários não acharam a medida suficiente. Os custos continuam altos. Ainda há outras despesas para reestruturar os negócios.
“Durante as enchentes de maio, a Abrasel prontamente tomou medidas para auxiliar os empresários do setor e enfatizou a necessidade de iniciativas como a reedição do BEm. Apesar disso, para que o setor de bares e restaurantes possa realmente se recuperar, ainda é necessário um suporte federal mais consistente e direcionado. Esse apoio, somado a outras medidas, será importante para conseguirmos superar os desafios e assegurar a viabilidade dos negócios”, comenta o presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci.
A pesquisa da Abrasel no Rio Grande do Sul revelou que em maio, 39% dos restaurantes precisariam demitir funcionários. Desses, 46% teriam que demitir entre três e cinco pessoas. Essa pesquisa indicou, também, que quase metade dos estabelecimentos (49%) tinham dívidas em atraso.
Movimento Retomada Gaúcha
No contexto dessas dificuldades, a Abrasel desenvolveu o movimento Retomada Gaúcha, uma iniciativa que busca promover a recuperação do setor de bares e restaurantes no RS.
O movimento tem um plano de ação de longo prazo. Ele conta com equipes de apoio e cuidados com a saúde. Também inclui iniciativas com o governo e materiais de apoio. Além disso, oferece a solução UP – Análise de Necessidades e Plano de Melhoria para os Negócios.
“Nosso objetivo é proporcionar um suporte contínuo e eficiente para que os empreendedores possam superar esse momento desafiador. O trabalho deve ser constante por pelo menos dois anos. E não iremos restringir aos bares e restaurantes”, afirma Paulo Solmucci, presidente da Abrasel.