A dívida externa do Brasil chegou a US$ 368,2 bilhões em agosto, com destaque para o aumento nas obrigações de curto e longo prazo
O Banco Central (BC) estima que a dívida externa brasileira atingiu US$ 368,2 bilhões em agosto, conforme os números do balanço de pagamentos divulgados nesta quarta-feira, 25 de setembro, pela principal instituição financeira do país. Segundo as estimativas do BC, o valor era de US$ 364,8 bilhões em julho.
Os débitos externo de longo prazo alcançou US$ 271,2 bilhões em agosto, enquanto o estoque de curto prazo chegou a US$ 96,9 bilhões.
Viagens internacionais x dívida pública
A conta de viagens internacionais registrou um resultado negativo de US$ 766 milhões em agosto, conforme anunciado pelo Banco Central. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram no exterior e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil. Em agosto de 2023, o déficit nessa conta foi de US$ 615 milhões.
As despesas de brasileiros no exterior somaram US$ 1,3 bilhão no mês passado, enquanto o gasto de estrangeiros em viagens ao Brasil totalizou apenas US$ 555 milhões.
No acumulado do ano até agosto, a conta de viagens internacionais apresenta um déficit de US$ 4,8 bilhões. No mesmo período de 2023, o déficit foi de US$ 5,2 bilhões.
Valor da dívida pública encerra o semestre em alta
A dívida bruta brasileira aumentou em junho, quando o setor público registrou um déficit primário superior ao esperado, segundo dados divulgados pelo Banco Central em 29 de julho. O débito, como proporção do PIB, fechou junho em 77,8%. Em maio, esse índice estava em 76,7%.
Esse aumento foi causado principalmente pelos juros nominais apropriados (+0,6 ponto percentual), pelas emissões líquidas (+0,6 p.p.), pela desvalorização cambial (+0,3 p.p.), e pela valorização do PIB nominal (-0,4 p.p.).
Já a dívida líquida passou de 62,1% para 62,2%, um número abaixo da expectativa do mercado, que esperava 62,5%.
Aumento causado por déficit primário
Em junho, o setor público consolidado apresentou um déficit primário de R$ 40,873 bilhões, resultado pior que a expectativa de economistas, que previam um saldo negativo de R$ 37,9 bilhões.
O desempenho mostra que o Governo Federal teve um déficit de R$ 40,188 bilhões, enquanto estados e municípios registraram superávit primário de R$ 1,057 bilhão. As estatais, por sua vez, apresentaram um rombo de R$ 1,74 bilhão.
Como é calculada a dívida pública?
O déficit externo brasileiro é calculado com base no total de obrigações financeiras que o Brasil, incluindo o governo e o setor privado, possui com credores estrangeiros. Essas obrigações incluem empréstimos, títulos de dívida e outros tipos de crédito obtidos no exterior.
O valor é dividido em duas categorias principais: dívida pública externa e dívida privada externa. A dívida pública externa refere-se aos empréstimos e financiamentos contratados pelo governo brasileiro junto a instituições financeiras internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou bancos estrangeiros. Já a dívida privada externa inclui os empréstimos e títulos emitidos por empresas brasileiras no exterior.
O cálculo envolve o monitoramento dessas operações em moeda estrangeira, geralmente o dólar americano, a moeda mais comum nas transações internacionais.
A conversão dos valores para reais utiliza a taxa de câmbio vigente no momento do cálculo, o que significa que a dívida externa pode aumentar ou diminuir em reais conforme as variações cambiais.
Além disso, o Banco Central do Brasil realiza a contabilização regular da dívida externa, divulgando relatórios periódicos que detalham não apenas o montante total devido, mas também a distribuição entre curto, médio e longo prazo, as condições de pagamento e os tipos de credores envolvidos.