Com a Reforma Tributária em fase de transição até 2033, empresas brasileiras enfrentam desafios fiscais na adaptação
Com as novas regras em uma espécie de “período de teste” já em 2026, o Brasil terá alguns anos com a incidência de dois modelos de impostos. Segundo o planejamento do governo, a Reforma Tributária entrará em vigor plenamente a partir de 2033, o que deixa claro que haverá muitos desafios no caminho.
Para Marcos Gimenez, CEO da Bravo, empresa especialista em soluções inteligentes para a transformação digital das áreas fiscal e contábil, o período de transição para as novas regras fiscais e tributárias gera receio para os negócios brasileiros, principalmente em relação aos custos não previstos e à perda de incentivos.
O executivo explica que, como os textos ainda não estão fechados, as condições da Reforma Tributária podem mudar, o que causa insegurança. “Ainda não temos definições sobre as alíquotas dos IBS, CBS e IS, que substituirão os atuais PIS, Cofins, ICMS, IPI e ISS. Por causa disso, muitos negócios brasileiros aguardam uma definição mais clara para começar a atuar. Contudo, é essencial reduzir riscos e se antecipar para esse momento de grande mudança para o país”, destaca.
Marcos Gimenez afirma que, até a chegada da Reforma Tributária na próxima década, as companhias precisarão estudar atentamente os novos regimentos. Para isso, será quase obrigatório o investimento em tecnologia, treinamento dos colaboradores e contratação de novas plataformas.
Neste sentido, Rodrigo Reis, diretor tributário da 99, plataforma de mobilidade, pagamento e entrega por aplicativo, argumenta que a reforma já impacta diretamente os processos fiscais e operacionais no dia a dia corporativo.
“As horas e os custos envolvidos para cumprir exclusivamente as atividades de compliance são desafios consideráveis, assim como o acompanhamento da legislação tributária vigente, visto que constantemente ocorrem alterações, novas jurisprudências e decisões que impactam significativamente as empresas”, afirma o diretor.
Ele esclarece que os desafios são maiores, especialmente para as empresas de tecnologia: “No contexto de uma empresa de tecnologia, em virtude do seu modelo de atuação e do desenvolvimento de atividades antes inexistentes devido à digitalização de mercados, a ausência de precedentes é um obstáculo eminente.”
O impacto da tecnologia nas obrigações fiscais das empresas
Rodrigo destaca que a transformação digital revoluciona o modo como as empresas gerenciam suas obrigações fiscais e utilizam dados para gerar valor estratégico. “No contexto brasileiro, onde a complexidade e o volume de regulamentações são elevados, o uso de tecnologias adequadas é crucial para garantir conformidade e otimizar processos”, afirma.
Segundo o especialista, as tecnologias e métodos de automação de compliance, business intelligence (BI), RPA, machine learning e IA transformam a gestão fiscal de um centro de custo para uma área estratégica, que pode gerar economias e aumentar a eficiência operacional. “Com essas soluções, é possível gerar valor a partir de dados fiscais, como a otimização de créditos tributários, planejamento tributário, compliance proativo e, consequentemente, melhores decisões estratégicas”, destaca.
O executivo afirma que a tecnologia é uma das principais aliadas nesse processo de transição. Para ele, plataformas com IA e Big Data capturam as diversas alterações constantes na legislação fiscal vigente, garantindo que as equipes estejam sempre atualizadas sobre as mudanças legislativas e regulatórias.
“Softwares de análise de dados permitem que as empresas simulem cenários e planejem, garantindo a eficiência nos processos. Soluções também auxiliam na identificação de possíveis riscos e inconsistências no cumprimento das regras tributárias”, exemplifica.
Outsourcing como alternativa para a transição da Reforma Tributária
Neste cenário de várias complexidades relacionadas à Reforma Tributária, o Business Process Outsourcing (BPO) surge como uma solução importante para superar os desafios.
Segundo a Associação Brasileira de Provedores de Serviços de Apoio às Empresas (Abrapsa), a expectativa é que a reforma aumente em 100% a demanda de BPO no país. A terceirização se mostra uma alternativa devido à dificuldade das companhias em encontrar profissionais qualificados, à redução dos custos operacionais e ao acesso facilitado às tecnologias atuais.
O diretor tributário da 99, uma das empresas que utilizam os serviços tecnológicos da Bravo, afirma que essa estratégia otimiza a complexidade tributária de uma organização, trazendo eficiência, especialização e tecnologia para os processos, o que facilita a adaptação a Reforma Tributária.
Ele acrescenta que um BPO também garante a padronização dos processos fiscais, promovendo maior consistência e controle. Com processos mais eficientes e integrados, o tempo de resposta a demandas tributárias e obrigações acessórias é reduzido, permitindo maior agilidade para a área.
“A estruturação de um BPO permite que os times internos foquem em análises, gestão de riscos, planejamento tributário e otimização de operações”, destaca.
No contexto da gestão fiscal, Rodrigo Reis afirma que o BPO contribui para a automatização de processos e para a redução de custos com infraestrutura, pessoal e treinamento. O executivo avalia que é essencial ter tecnologias de alto nível para trabalhar com dados de Tax.
Segundo Reis, a Bravo exerce essa função utilizando uma plataforma que centraliza todos os dados em uma única solução, possibilitando a entrega de informações de alto nível que suportam a gestão e a tomada de decisões com mais segurança e agilidade.
Marcos Gimenez, CEO da Bravo, conclui afirmando que o período de transição para a reforma tributária poderá definir as empresas que terão vantagens econômicas quando as novas regras entrarem em vigor.
“O processo para sair na frente começa agora. Mesmo com nem todas as regras da Reforma Tributária foram definidas. Quem conseguir enfrentar este desafio e otimizar o trabalho da melhor forma, chegará na próxima década preparado e com poucas dificuldades financeiras”, conclui.