Dados do Coaf apontam que, nos últimos 5 anos, os relatórios de investigação saíram de 300 mil casos em 2019, para 3,4 milhões neste ano
Dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), apontam que, em cinco anos, o número de pessoas suspeitas de crimes financeiros no país disparou. Em 2019, aproximadamente 300 mil pessoas foram identificadas nos Relatórios de Inteligência Financeira. No ano passado, o número de pessoas envolvidas atingiu 3,3 milhões de pessoas. Entre os meses de janeiro e agosto, houve um novo aumento: 3,4 milhões.
Segundo levantamento do Coaf, entre 2014 e 2023, houve um aumento de 420% no número de Relatórios de Inteligência Financeira produzidos pelo órgão. Em 2014, foram 3.178 relatórios, enquanto no ano passado o número alcançou 16.411.
Crescimento de 2023 para 2024 nos crimes financeiros
Os relatórios são resultados de diversas análises das comunicações recebidas de entidades que têm a obrigação de comunicar indícios de crimes financeiros. Entre elas estão bancos, cartórios e loterias.
Após a produção dos relatórios, os documentos são encaminhados à autoridade competente para investigar. Somente entre janeiro e agosto deste ano foram 12.639 relatórios, cerca de 75% de todo o 2023.
Golpes digitais
Uma pesquisa realizada pela Kion, fintech especializada em prevenção de crimes em e-commerce, mapeou o cenário de golpes e fraudes digitais no Brasil e revelou que 62% dos brasileiros já foram vítimas de pelo menos uma tentativa de crime digital. A maioria dessas tentativas, 41,8%, ocorre em sites de compras.
As fraudes cometidas via WhatsApp também se tornaram comuns, representando 20,6% das tentativas. Outra grande preocupação é o golpe do Pix, citado por 18,6% dos entrevistados. Já o roubo de dados, conhecido como “phishing,” foi mencionado por 13,9%, enquanto 5,2% dos consumidores sofreram tentativas de roubo de senha.
Entre as vítimas, 47,6% relataram prejuízos entre R$ 500 e R$ 1 mil, enquanto um segundo grupo considerável, de 19%, perdeu valores entre R$ 50 e R$ 100. Outros 15,5% dos participantes da pesquisa sofreram grandes perdas financeiras, acima de R$ 2 mil.
Além disso, 10,7% perderam entre R$ 1 mil e R$ 1.500, e apenas 7,1% dos consumidores afirmaram não ter sofrido prejuízo financeiro.
Celular é a principal “arma” para golpes financeiros
O levantamento mostrou que a grande maioria das tentativas de golpe, 92,3%, ocorreu por meio de dispositivos móveis, com o celular sendo o principal veículo.
Outra descoberta relevante é que muitas vítimas hesitam em registrar um boletim de ocorrência após sofrerem uma tentativa de golpe, o que pode indicar uma descrença na resolução do problema ou desconhecimento sobre a importância do registro.
O que faz o Coaf?
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) é um órgão vinculado ao Ministério da Fazenda no Brasil, responsável por prevenir e combater crimes de lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo. Criado em 1998, o Coaf atua recebendo, analisando e encaminhando às autoridades competentes informações sobre atividades financeiras suspeitas que possam estar relacionadas a crimes econômicos.
Sua importância reside no fato de que ele desempenha um papel fundamental na proteção do sistema financeiro brasileiro contra práticas ilícitas, como a ocultação de dinheiro de origem criminosa. O Coaf também contribui para a integridade e a transparência do mercado, ajudando a evitar que instituições financeiras sejam utilizadas para atividades criminosas.
Além disso, o Coaf colabora com outros órgãos nacionais e internacionais no combate a esses crimes, promovendo a segurança e a confiança no sistema financeiro, o que é essencial para a estabilidade econômica do país.