Aos 20 anos, muitos jovens iniciam a vida profissional e começam a lidar com dinheiro próprio, o que traz responsabilidades e novos desafios financeiros. A fase marca o começo da independência financeira, mas também é um período vulnerável a erros que podem comprometer o futuro. Planejar bem as finanças desde cedo e evitar deslizes são passos fundamentais para alcançar estabilidade e segurança.
Abaixo, listamos as principais armadilhas financeiras que jovens nessa faixa etária devem evitar, conforme indicam especialistas em educação financeira.
1. Gastar mais do que ganha
Evitar gastar mais do que se ganha é a regra de ouro das finanças pessoais. “Gastar mais do que recebe, especialmente com cartão de crédito, pode gerar dívidas difíceis de serem quitadas devido aos juros elevados”, alerta Wanessa Guimarães, planejadora financeira e sócia da HCI Invest.
A especialista recomenda cautela no uso do cartão de crédito, principalmente se o valor total da fatura não puder ser quitado. Dívidas com juros altos acabam se acumulando, gerando um efeito “bola de neve” que compromete o orçamento.
Dica: avalie os gastos, registre as despesas e controle as finanças com uma planilha ou aplicativos de gestão financeira. É importante ver o orçamento como um aliado para manter a saúde financeira em dia.
2. Deixar de lado a reserva de emergência
A reserva de emergência é uma proteção financeira essencial, especialmente para jovens que estão começando no mercado de trabalho. A professora Paula Sauer, da ESPM, recomenda destinar uma parcela dos rendimentos para cobrir ao menos seis meses de despesas básicas. Esse fundo permite lidar com situações inesperadas, como uma perda de emprego ou um problema de saúde, sem comprometer o orçamento.
“Separar um valor mensal, por menor que seja, pode trazer uma segurança que permite tomar decisões com mais tranquilidade”, acrescenta Sauer. Além disso, essa prática cria o hábito de poupar, o que será valioso no longo prazo.
3. Postergar investimentos
Um erro comum entre jovens é adiar o início dos investimentos, muitas vezes priorizando gastos imediatos e consumo. No entanto, começar a investir cedo traz uma vantagem significativa: os juros compostos. “Quando o dinheiro é aplicado e reinvestido, ele cresce exponencialmente com o tempo”, explica Guimarães.
Para quem está começando, há opções de baixo risco, como o Tesouro Direto ou fundos de índice. É possível começar com valores acessíveis e, aos poucos, diversificar a carteira com investimentos de curto, médio e longo prazo.
4. Confiar em recomendações de qualquer pessoa
No mundo digital, influenciadores de finanças surgem a todo momento, mas nem todos possuem as qualificações necessárias para dar orientações confiáveis. Apenas analistas certificados pela CNPI (Certificado Nacional do Profissional de Investimento), regulados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), podem fazer recomendações de investimento no Brasil.
“Consultar um profissional qualificado é fundamental para evitar cair em armadilhas financeiras”, aconselha Sauer. Especialistas capacitados podem oferecer orientações personalizadas e seguras para a construção de uma carteira de investimentos sólida.
5. Depender de uma única fonte de renda
Ter uma única fonte de renda pode ser arriscado, especialmente para quem está em começo de carreira. Diversificar as fontes de renda permite maior flexibilidade e segurança em situações de emergência. Investimentos e atividades complementares são alternativas para criar uma rede de segurança financeira.
A busca por outras fontes de renda, como o investimento em ativos ou a realização de trabalhos freelancer, pode ajudar a melhorar a estabilidade financeira, ampliando a segurança em caso de imprevistos.
6. Ceder ao impulso de recompensas imediatas
Os impulsos de consumo imediato e a busca por recompensas rápidas são comportamentos frequentes entre jovens. Fraudes financeiras, como pirâmides e apostas online, têm atraído muitos jovens que buscam retornos financeiros rápidos, mas acabam se endividando. “Pirâmides financeiras e apostas online podem se tornar um vício perigoso e levar a perdas significativas”, destaca Sauer.
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Evitar essas tentações e priorizar o planejamento financeiro é a chave para um futuro mais seguro e estável. Manter uma visão de longo prazo sobre o dinheiro pode ajudar a evitar gastos impulsivos.
7. Emprestar o nome para terceiros
Emprestar o nome para que outra pessoa faça um financiamento ou empréstimo é um erro que pode trazer problemas futuros. Se a pessoa não honrar a dívida, o “nome” do jovem ficará comprometido, resultando em restrições financeiras e dificuldades para obter crédito no futuro.
“O jovem deve proteger seu nome e evitar se comprometer com dívidas de terceiros, pois isso pode afetar sua credibilidade e limitar oportunidades financeiras no futuro”, orienta Guimarães.
8. Não considerar o planejamento financeiro de longo prazo
O planejamento financeiro é essencial para que o jovem possa concretizar objetivos, como fazer uma viagem, comprar um imóvel ou investir na carreira. Para muitos, essa prática é deixada de lado devido à falta de conhecimento ou por não parecer uma prioridade imediata. No entanto, Guimarães ressalta que “quanto antes o jovem começar a planejar, melhor”.
Estabelecer metas e criar uma estratégia de poupança e investimento pode transformar pequenos passos em grandes conquistas ao longo dos anos.
Desenvolver uma relação responsável com o dinheiro, investindo e evitando dívidas, é o que garantirá mais liberdade para realizar objetivos e aproveitar oportunidades no futuro. Aplicando essas práticas, os jovens podem evitar os erros e as armadilhas comuns e construir uma base sólida para a vida financeira.
Evite erros, confira um resumo das principais dicas:
- Gaste menos do que ganha e evite o uso excessivo do cartão de crédito.
- Crie uma reserva de emergência para situações inesperadas.
- Comece a investir cedo e aprenda sobre os juros compostos.
- Busque orientação com profissionais qualificados.
- Diversifique as fontes de renda e considere alternativas de ganhos extras.
- Evite ceder a impulsos de recompensas imediatas e fuja de apostas e fraudes.
- Não empreste seu nome para dívidas de terceiros.
- Planeje-se para o longo prazo.
Essas práticas formam uma base para a educação financeira, protegendo o jovem contra erros comuns e assegurando mais tranquilidade em sua jornada financeira.