Operação Profeta desmantela esquema criminoso liderado por Rodrigo Reis, que enganou 10 mil investidores com promessas de lucros rápidos em criptomoedas e Forex
Na quinta-feira, 7 de novembro, a Polícia Federal deflagrou a Operação Profeta, que desmantelou um grande esquema de fraudes financeiras envolvendo criptomoedas e o mercado de Forex (tipo de mercado financeiro destinado a transações de câmbio). O alvo principal foi Rodrigo dos Reis, conhecido como “coach de investimentos”, acusado de enganar cerca de 10 mil investidores. Ele prometia lucros rápidos e altos, mas causou um prejuízo de aproximadamente R$ 260 milhões.
A operação resultou na prisão de Rodrigo Reis, no cumprimento de 10 mandados de busca e apreensão em várias cidades do estado de São Paulo e no bloqueio de bens no valor de R$ 262,8 milhões. A investigação revelou que o esquema de Reis operava de maneira transnacional, envolvendo transferências de dinheiro através de plataformas de criptomoedas.
Rodrigo Reis e suas promessas de lucros fáceis
Rodrigo Reis se apresentava como especialista em investimentos e utilizava suas redes sociais para atrair seguidores e oferecer cursos sobre investimentos em criptomoedas e Forex. Ele vendia mentorias e serviços financeiros por meio de sua empresa, a RR Consultoria, que era uma das principais plataformas usadas para captar recursos. Além disso, Reis administrava a Bitcluster, uma corretora de criptomoedas onde uma grande parte dos valores arrecadados era depositada. Segundo a investigação, a Bitcluster recebeu pelo menos R$ 16 milhões de investidores que acreditaram nas promessas de lucros rápidos.
As promessas de retornos altos e rápidos eram uma das principais atrações do esquema. Criptomoedas e o mercado de Forex são conhecidos por oferecerem grandes lucros, mas também envolvem riscos elevados. Nos primeiros meses, muitos investidores viram seus investimentos renderem conforme prometido, o que fez com que mais pessoas se sentissem motivadas a investir ainda mais. No entanto, logo as operações pararam de gerar lucro e o dinheiro dos investidores desapareceu.
Muitos tentaram recuperar os valores investidos, mas não obtiveram sucesso. Quando buscavam respostas, eram informados de que o dinheiro estava “bloqueado” em uma corretora de criptomoedas. No entanto, ninguém mais conseguiu entrar em contato com Rodrigo Reis. “Ele dizia que o dinheiro estava bloqueado, mas ninguém mais conseguiu falar com ele”, disse um ex-consultor de Reis, que colaborou com a investigação.
Como funcionava a fraude?
De acordo com a Polícia Federal, o esquema de Rodrigo Reis operava de forma sofisticada, utilizando transferências internacionais de dinheiro por meio de exchanges de criptomoedas. Além disso, a organização envolvida no golpe realizava operações financeiras sem a devida autorização e praticava lavagem de dinheiro, o que dificultou a recuperação dos recursos desviados.
Rodrigo Reis usava sua imagem de influenciador digital para conquistar a confiança dos investidores. De forma estratégica, ele associava suas promessas de enriquecimento rápido a elementos religiosos, afirmando que o sucesso financeiro estava ligado a um “propósito maior”. Isso ajudava a dar mais credibilidade a seus discursos e fazia com que as vítimas se sentissem mais seguras em investir com ele.
Ex-colaboradores de Reis confirmaram que ele dizia operar no mercado de Forex porque esse mercado não era regulamentado no Brasil. Essa informação atraía muitos investidores iniciantes, que não tinham experiência suficiente para perceber os riscos do investimento. “Ele era carismático, parecia saber tudo sobre o mercado de criptomoedas. Muitos de nós acreditávamos que estava tudo certo”, contou uma das vítimas.
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As investigações e a prisão de Rodrigo Reis
A Operação Profeta foi desencadeada após uma série de denúncias sobre o modo de operação de Rodrigo Reis e sua organização. A Polícia Federal descobriu que ele havia montado uma estrutura bem organizada para desviar grandes quantias de dinheiro, aproveitando-se da falta de regulação no mercado de Forex e da confiança de seus seguidores.
As investigações levaram a buscas em diversas cidades do estado de São Paulo, como Rio de Janeiro, Barueri, Guarulhos, Cajamar e Salto, que estavam fortemente ligadas às atividades de Rodrigo Reis e sua rede de colaboradores. Após o desmonte do esquema, Rodrigo Reis abandonou suas redes sociais e se afastou do público. Sua última postagem foi em 2022, quando ainda estava com suas empresas ativas e os investidores acreditavam nas suas promessas. Quando a investigação avançou, Reis desapareceu, mas foi encontrado e preso pela Polícia Federal em Cajamar, no dia 7 de novembro.
O impacto da Operação Profeta
A Operação Profeta não apenas revelou o esquema de fraudes com criptomoedas e Forex, mas também alertou sobre o uso de influenciadores digitais e coaches de investimentos para manipular financeiramente as pessoas. O caso de Rodrigo Reis mostra como as autoridades estão preocupadas com a manipulação financeira feita por esses profissionais, que utilizam as redes sociais para atrair investidores desavisados.
Depois da prisão de Rodrigo Reis e do bloqueio de seus bens, as autoridades tentam recuperar parte do dinheiro desviado, mas o processo ainda será longo e incerto. A fraude afetou diretamente cerca de 10 mil investidores, muitos dos quais eram iniciantes e não sabiam dos riscos de investir em mercados não regulamentados. O impacto da Operação Profeta também destaca a necessidade de maior fiscalização sobre empresas que lidam com criptomoedas, um mercado ainda vulnerável a golpes.
Alerta para os investidores
O caso de Rodrigo Reis serve como um grande alerta para todos os investidores, principalmente os iniciantes. A fraude envolvendo criptomoedas e Forex mostrou os riscos de se envolver em investimentos não regulamentados e a importância de verificar a credibilidade das empresas e consultorias financeiras. Antes de investir, é fundamental buscar informações confiáveis e se proteger contra possíveis fraudes.
Além disso, a Operação Profeta reforça a necessidade de mais fiscalização sobre empresas que lidam com criptomoedas e outros mercados de alto risco. O mercado de Forex, por exemplo, ainda não possui uma regulação clara no Brasil e continua sendo um campo fértil para fraudes. As autoridades precisam agir com mais força para garantir que as pessoas possam investir de forma segura e sem riscos.
O caso levanta debates sobre como o mercado financeiro, quando mal regulado, pode ser explorado por golpistas para prejudicar os mais vulneráveis.
