Mercado eleva expectativas de inflação para 2024, 2025 e 2026 

A pesquisa revela que a mediana das previsões para a inflação ao consumidor no Brasil neste ano subiu para 4,62%, em comparação com 4,59% na semana anterior

O mercado financeiro revisou para cima suas projeções de inflação para 2024, 2025 e 2026, conforme revelou a última pesquisa Focus, divulgada nesta segunda-feira (11) pelo Banco Central. A pesquisa, que coleta as estimativas de economistas sobre indicadores econômicos, apontou que a mediana da expectativa de inflação para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024 subiu para 4,62%, um pequeno aumento em relação à previsão anterior de 4,59%. Essa é a sexta revisão consecutiva para cima da projeção para este ano, refletindo uma tendência de aceleração no índice de preços no Brasil.

Mercado financeiro eleva expectativas de inflação
Mercado eleva projeção para 2025, passando de 3,74% para 3,75%, segundo o Focus | Foto: Reprodução/GettyImages

A inflação de 2024, portanto, está caminhando para ficar acima do centro da meta de inflação, estabelecida pelo governo em 3%, com uma banda de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. O resultado acumulado do IPCA até outubro já ultrapassou o teto da meta, registrando 4,76% nos 12 meses até o mês passado, contra 4,42% de setembro. Isso reflete a pressão sobre os preços e um cenário econômico mais desafiador, com a aceleração do aumento dos preços mais alta do que o esperado. 

Esse aumento nas projeções de inflação também é reflexo da expectativa de um cenário fiscal ainda instável, em que os investidores aguardam por medidas concretas do governo para garantir o cumprimento das regras do arcabouço fiscal. Além disso, a alta da taxa de juros, liderada pelo Banco Central, embora uma tentativa de controlar a inflação, tem sido alvo de críticas. O Banco Central manteve a projeção de que a Selic (taxa básica de juros) permaneça em 11,75% ao fim de 2024, mesmo com a pressão sobre o crescimento da economia, já que juros elevados tendem a esfriar a atividade econômica.

O economista José Luis Oreiro, da Universidade de Brasília (UnB), questiona a viabilidade de uma meta de inflação de 3%, quando a média histórica da inflação no Brasil gira em torno de 6% ao ano. Segundo Oreiro, isso não faz sentido, já que o país ainda não conseguiu alcançar uma inflação estruturalmente baixa. A meta de 3%, com o limite de 4,5%, coloca um objetivo desafiador diante de uma realidade econômica que apresenta uma inflação mais alta ao longo do tempo.

Em relação à projeção para 2025, também houve um ajuste para cima. O IPCA para o próximo ano foi revisado para 4,10%, contra 4,03% na estimativa anterior. Para 2026, a expectativa subiu para 3,65%, refletindo o impacto de uma inflação mais persistente do que o inicialmente esperado. Essas revisões para o futuro indicam um cenário de pressão inflacionária prolongada, que impacta diretamente o poder de compra da população e a competitividade da economia brasileira.

A pesquisa também revelou que a projeção para a cotação do dólar ao fim deste ano subiu para R$ 5,55, um leve aumento em relação à previsão anterior de R$ 5,50. A expectativa para 2025 também foi ajustada para R$ 5,48, de R$ 5,43 anteriormente. Esse movimento do dólar também é reflexo de fatores externos, como o impacto das eleições presidenciais nos Estados Unidos, que resultaram na vitória de Donald Trump.

Analistas apontam que as promessas de Trump, especialmente no que tange a tarifas comerciais e políticas econômicas mais rígidas, podem ter um efeito inflacionário, o que faria a moeda norte-americana se valorizar ainda mais. Além disso, os juros altos nos Estados Unidos e as incertezas no mercado global podem contribuir para um fortalecimento do dólar.

Quanto ao crescimento econômico, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 foi mantida em 3,10%, sem alterações. Para 2025, a projeção de crescimento do PIB foi ajustada ligeiramente para 1,94%, de 1,93% anteriormente. Esse crescimento moderado, que se alinha com uma economia que ainda busca se recuperar dos desafios fiscais e monetários, reflete uma recuperação gradual, mas sem grandes impulsos.

Com essas revisões para cima na inflação e no dólar, o cenário econômico brasileiro permanece desafiador. A continuidade da alta dos preços e as incertezas fiscais devem ser acompanhadas de perto por analistas e autoridades econômicas. Para a população, isso significa uma pressão constante sobre os preços dos bens e serviços, além de uma expectativa de juros elevados por mais tempo, o que pode afetar negativamente o poder de compra e os investimentos no país. O governo, por sua vez, precisará encontrar um equilíbrio entre o controle da inflação e a recuperação econômica para evitar que as projeções de crescimento se tornem cada vez mais distantes da realidade esperada.

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