Os impactos dos eventos climáticos extremos no Brasil têm sido cada vez mais expressivos, tanto para a população quanto para a economia. Entre 2020 e 2023, as chuvas torrenciais e enchentes causaram um prejuízo de R$ 45,9 bilhões, segundo um levantamento da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
O setor privado foi o mais afetado, somando R$ 41,2 bilhões em perdas, enquanto o setor público registrou um impacto de R$ 4,7 bilhões. No entanto, o maior peso recai sobre a agropecuária, que acumulou prejuízos de R$ 24,4 bilhões. Com as mudanças climáticas se intensificando, a preocupação cresce sobre o futuro da produção agrícola, da indústria e do setor de serviços no Brasil.
Leia também: Governo fecha 2024 com déficit de R$ 43 bi e cumpre meta fiscal
Setores mais afetados pelos eventos climáticos
Os prejuízos econômicos das enchentes e chuvas extremas foram distribuídos entre diferentes setores da economia:
- Agropecuária: R$ 24,4 bilhões
- Serviços: R$ 19,3 bilhões
- Indústria: R$ 2,2 bilhões
A agropecuária, que depende diretamente do clima para manter sua produtividade, foi a mais prejudicada. A destruição de lavouras, o alagamento de pastagens e a morte de rebanhos impactam diretamente os preços dos alimentos, afetando toda a cadeia de produção e os consumidores.
A indústria e os serviços também sentiram os impactos das enchentes, seja pela interrupção de fornecimento de matéria-prima, fechamento temporário de empresas ou perda de infraestrutura.
Impacto na economia e no mercado de trabalho
Os eventos climáticos não impactam apenas a produção, mas também geram um efeito dominó na economia. De acordo com o estudo da Fiemg, os prejuízos podem resultar em uma redução de 0,7% no PIB brasileiro, além de uma queda na arrecadação tributária e nas exportações.
Outro dado preocupante é o impacto no mercado de trabalho. Estima-se que até 573 mil empregos tenham sido afetados, gerando uma perda de R$ 14,2 bilhões na massa salarial.
“O maior impacto é o social, das famílias que perdem tudo e ficam desestruturadas. Para a economia como um todo, o governo terá que gastar para repor a infraestrutura e ocorre um aumento dos custos nas áreas atingidas”, afirmou Flavio Roscoe, presidente da Fiemg.
32 milhões de pessoas afetadas
Além dos danos econômicos, os eventos climáticos extremos atingiram 32 milhões de pessoas entre 2020 e 2023. Muitas delas perderam não apenas bens materiais, mas também a segurança e estabilidade de suas moradias.
No período analisado, 564 mil casas foram danificadas e 174 mil foram completamente destruídas. O prejuízo patrimonial estimado ultrapassa R$ 17,9 bilhões.
Diante desse cenário, a reconstrução de cidades e infraestrutura exige investimentos do governo e medidas preventivas para reduzir futuros impactos.
Inflação e aumento no preço dos alimentos
Os impactos dos eventos climáticos não param nas perdas materiais. A inflação também sofre pressão devido ao aumento nos preços de produtos agropecuários afetados pelas enchentes.
O caso mais emblemático ocorreu no Rio Grande do Sul. As chuvas extremas no estado, um dos principais produtores de arroz do país, levaram o Brasil a registrar o arroz branco mais caro do mundo em maio de 2024.
O efeito na inflação foi sentido ao longo do ano. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador de inflação do país, fechou 2024 em 4,83%, superando o teto da meta estabelecida.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o aumento nos preços foi impulsionado pelo setor de Alimentação e Bebidas, uma consequência direta das perdas na produção agropecuária causadas pelos desastres climáticos.
Como minimizar os impactos econômicos dos eventos climáticos?
Com as mudanças climáticas se intensificando, torna-se essencial adotar medidas para minimizar os impactos econômicos e sociais das enchentes e chuvas extremas. Algumas soluções incluem:
- Investimento em infraestrutura: melhorias na drenagem urbana e reforço de barragens podem reduzir os efeitos das chuvas.
- Seguros agrícolas e empresariais: incentivar a contratação de seguros pode minimizar perdas financeiras para agricultores e empresários.
- Políticas públicas de prevenção: governos podem criar planos de contingência e programas de reconstrução mais ágeis.
- Tecnologias climáticas no agronegócio: o uso de inteligência artificial e satélites pode ajudar a prever desastres e proteger safras.
- Educação financeira para a população: ensinar a população a se preparar para eventos climáticos pode reduzir os impactos individuais.
Os números mostram que eventos climáticos extremos não são apenas tragédias ambientais, mas também um risco real para a economia brasileira. Sem medidas eficazes de mitigação, o país pode enfrentar cada vez mais prejuízos bilionários e impactos diretos na vida da população.