Desorganização financeira, contas atrasadas e gastos incomuns podem ser mais do que meros deslizes. Segundo estudos recentes, esses comportamentos podem indicar os primeiros sintomas de demência.
Pesquisadores do Federal Reserve de Nova York descobriram que nos cinco anos anteriores ao diagnóstico, pessoas com demência mostram queda na pontuação de crédito e aumento na inadimplência.
Essa relação entre saúde mental e finanças reforça a importância de observar mudanças nos hábitos financeiros de familiares e amigos, especialmente aqueles que sempre foram metódicos com dinheiro. Pequenas falhas, como esquecer pagamentos ou perder registros importantes, podem ser sinais de alerta para um problema maior.
Estudos revelam impacto financeiro da demência
Um estudo do Federal Reserve destaca que a demência não apenas afeta a saúde, mas também amplia a pressão financeira nas famílias. Antes mesmo do diagnóstico, pessoas nos estágios iniciais da doença podem abrir contas desnecessárias, acumular dívidas ou gastar excessivamente.
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No estudo, exemplificaram a descoberta com o caso de Karen Lemay, cujo pai, um ex-executivo financeiro, acumulou US$ 50 mil em dívidas no cartão de crédito. Ele também comprou um carro novo sem necessidade e deixou de pagar impostos, acumulando multas consideráveis. Esse comportamento era totalmente atípico para alguém que sempre foi extremamente organizado financeiramente.
Proteção financeira para quem enfrenta a demência
A desorganização financeira causada pela demência não afeta apenas o portador da doença, mas também os familiares que assumem a responsabilidade de gerir as finanças. Muitas famílias enfrentam essa realidade ao ter um familiar diagnosticado com demência, pois é comum que as pessoas diagnosticadas comecem a gastar descontroladamente com itens desnecessários.
Para lidar com essas dificuldades, algumas famílias oferecem cartões de débito gerenciáveis. Esses cartões permitem que os familiares monitorem os gastos e estabeleçam limites, protegendo a autonomia financeira da pessoa com demência, mas de forma segura.
Planejamento antecipado pode evitar crises
A melhor maneira de evitar crises financeiras associadas à demência é se preparar. Criar um testamento, designar um procurador financeiro e automatizar o pagamento de contas são medidas fundamentais.
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Afinal, essa decisão mesmo que não tenha impacto imediato, anos depois, essa decisão facilitou o acesso às contas bancárias e a gestão dos pagamentos, permitindo que ela assumisse o controle completo quando a saúde da mãe piorou.
O Instituto Nacional do Envelhecimento dos EUA também recomenda medidas preventivas, como configurar pagamentos automáticos e monitorar transações. Essas ações simples podem minimizar erros e golpes, garantindo maior segurança financeira.
Reconhecendo os sinais e buscando ajuda
Embora a organização financeira seja uma área prática, ela também pode funcionar como um reflexo do estado mental. Mudanças bruscas de comportamento financeiro, como esquecimento de contas ou gastos incomuns, devem ser observadas de perto.
Se esses sinais aparecerem, é essencial buscar avaliação médica para descartar ou confirmar um diagnóstico precoce de demência. A saúde financeira da pessoa e da família depende de um diagnóstico rápido e de medidas preventivas.
Conforme a demência avança, a gestão das finanças pode se tornar uma tarefa emocionalmente desafiadora. No entanto, um planejamento antecipado e ferramentas como cartões gerenciáveis podem aliviar parte do fardo, permitindo que os familiares foquem no cuidado emocional e na qualidade de vida da pessoa afetada.
Observar os primeiros sinais de desorganização financeira não apenas protege o patrimônio, mas também pode salvar vidas. Afinal, quanto mais cedo os sintomas são identificados, maiores são as chances de um diagnóstico preciso e de um manejo adequado da doença.