PIB do Brasil deve crescer 3% em 2024, mas desacelera em 2025, diz pesquisa

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve registrar crescimento de 3% em 2024, surpreendendo as projeções iniciais, mas desacelerar para 2,3% em 2025, conforme novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU).

Divulgada nesta quinta-feira, 09 de janeiro, a análise destaca que o desempenho do último ano foi impulsionado pela resiliência do mercado de trabalho e pela força da demanda doméstica.

Painel financeiro exibe dados econômicos. O Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, traz semanalmente projeções de mercado para inflação, PIB, taxa Selic e câmbio, ajudando a mapear as expectativas para a economia brasileira | Foto: Reprodução/Canva
Embora a desaceleração do PIB em 2025 seja esperada, o Brasil possui fatores positivos que podem atenuar os impactos, como a capacidade de adaptação do mercado e a força do agronegócio | Foto: Reprodução/Canva

O desempenho do PIB em 2024

O crescimento de 2024 superou as expectativas iniciais. Em setembro, a ONU projetava uma alta de 2,2% para o PIB, mas os resultados surpreenderam positivamente, com revisões periódicas ao longo do ano. A taxa de desocupação, por exemplo, atingiu 6,1% no trimestre encerrado em novembro, o menor patamar histórico.

Leia também: Incêndio em Los Angeles: perdas podem ultrapassar US$ 50 bi

Esse cenário de maior empregabilidade contribuiu para o aumento do consumo das famílias, uma das principais alavancas do crescimento econômico. Contudo, o relatório alerta que o mercado de trabalho na América Latina ainda é amplamente baseado em empregos informais, geralmente concentrados em setores de baixa produtividade, como varejo, turismo e serviços.

A força da demanda doméstica trouxe, entretanto, desafios adicionais. A pressão sobre os preços resultou no retorno da política de alta de juros por parte do Banco Central (BC), após um período de flexibilização iniciado em agosto de 2023.

O impacto da política monetária

A taxa básica de juros, Selic, começou 2024 em 10,5% ao ano, mas subiu ao longo dos meses, encerrando o ano em 12,25%. Esse movimento reflete a tentativa do BC de controlar a inflação em um ambiente de consumo aquecido.

Segundo a ONU, a política monetária mais contracionista deve continuar em 2025, reduzindo o ímpeto do crescimento econômico. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que as medidas têm um efeito rápido sobre a economia, e o país já sente os impactos de menores gastos fiscais e exportações mais fracas.

Riscos para 2025

O relatório da ONU também aponta fatores de risco que podem limitar o desempenho econômico do Brasil e da América Latina em 2025. Entre eles:

  1. Cenário internacional desafiador: uma desaceleração mais acentuada nos Estados Unidos ou na China pode afetar negativamente as exportações e os fluxos de capital para o Brasil.
  2. Volatilidade das commodities: oscilações nos preços de produtos como petróleo, minério de ferro e grãos podem prejudicar a confiança dos investidores e os investimentos de longo prazo.
  3. Restrições internas: com o ajuste fiscal em andamento, o governo deve restringir despesas, o que pode reduzir o consumo e os investimentos.

Apesar disso, a ONU acredita que o Brasil será um dos motores de crescimento na América Latina, junto à recuperação gradual da economia argentina.

Comparativo com outras projeções

Enquanto a ONU prevê um crescimento de 3% para 2024, o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, projeta 3,49%. As expectativas do mercado e de organismos internacionais convergem em apontar uma desaceleração em 2025, mas os percentuais variam conforme os cenários analisados.

Desafios e oportunidades

Embora a desaceleração econômica em 2025 seja esperada, o Brasil possui fatores positivos que podem atenuar os impactos, como a capacidade de adaptação do mercado e a força do agronegócio. Além disso, a diversificação das exportações e o investimento em tecnologia podem ser caminhos para sustentar o crescimento em um ambiente global mais complexo.

O desempenho econômico do Brasil em 2024 foi uma surpresa positiva, refletindo a resiliência do mercado de trabalho e o consumo interno. No entanto, os desafios para 2025 exigem atenção redobrada, principalmente no controle de riscos externos e na manutenção de políticas que incentivem a produtividade e os investimentos.

O cenário reflete uma economia em transformação, que precisa equilibrar crescimento com estabilidade, de olho nos desafios globais e internos. O acompanhamento das políticas fiscais e monetárias, bem como o comportamento do mercado de trabalho, será fundamental para entender os rumos da economia brasileira nos próximos anos.

Atualize-se.
Receba Nossa Newsletter Semanal

Sugestões para você