Os trabalhadores de São Paulo enfrentam um cenário preocupante: o vale-refeição (VR), que deveria garantir uma alimentação digna durante o expediente, está cobrindo apenas 10 dias úteis do mês. Para completar os custos, é necessário desembolsar, em média, R$ 710 do próprio bolso.
Esse déficit foi revelado em um levantamento da Pluxee, que analisou o impacto da inflação e a falta de reajuste no benefício. A pesquisa aponta que o custo médio de uma refeição completa, incluindo prato, bebida, sobremesa e café, subiu para R$ 59,67, enquanto o valor médio do VR caiu de R$ 668,42 em novembro para R$ 600,50 em dezembro de 2024.
Inflação e falta de reajuste no vale-refeição agravam situação
O aumento do custo de vida, impulsionado pela inflação oficial de 4,83% em 2024, está entre os principais fatores que pressionam o orçamento dos trabalhadores. Esse índice ultrapassou a meta de 3% definida pelo Banco Central, refletindo em preços mais altos nos estabelecimentos.
Em entrevista à CNN, Antônio Alberto Aguiar, diretor executivo de estabelecimentos da Pluxee, revelou que o impacto vai além do aspecto financeiro. “A inflação sobre os custos das refeições não é apenas um problema financeiro, mas também um obstáculo à qualidade de vida e ao bem-estar dos trabalhadores. Esse é um ponto de atenção para empresas que buscam fortalecer sua relação com os colaboradores, especialmente em um cenário de retenção de talentos cada vez mais desafiador”, comenta.
Além da inflação, a ausência de reajustes significativos no valor do VR contribui para o descompasso. Em 2019, o benefício era suficiente para cobrir 18 dias úteis do mês. Esse número caiu para 13 dias em 2022 e, em 2024, se estabilizou em 10 dias, conforme o estudo.
O impacto no orçamento familiar
Com o VR insuficiente, os trabalhadores de carteira assinada têm enfrentado dificuldades para manter o equilíbrio financeiro. Nacionalmente, o benefício cobre apenas 10 dos 22 dias úteis do mês, exigindo uma média de R$ 638,59 adicionais do trabalhador.
Esse gasto extra não planejado compromete outras áreas do orçamento familiar, como transporte, educação e lazer, afetando diretamente a qualidade de vida. Além disso, a necessidade de economizar nas refeições pode levar a escolhas menos saudáveis, prejudicando o bem-estar físico e mental dos colaboradores.
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Empresas precisam agir
O cenário atual representa um alerta para as empresas, que enfrentam desafios relacionados à retenção e motivação dos talentos. Para Aguiar, é essencial que as organizações revisem o valor do benefício, alinhando-o ao custo real das refeições.
Investir em programas de alimentação mais robustos pode trazer retornos positivos, como maior produtividade, engajamento e satisfação dos funcionários. Além disso, algumas empresas estão explorando alternativas, como parcerias com restaurantes locais e vales adicionais para momentos de crise econômica.
Uma solução necessária
A falta de reajuste no vale-refeição e o aumento dos custos alimentares reforçam a necessidade de medidas urgentes para equilibrar a situação. O fortalecimento do diálogo entre empresas, trabalhadores e governos pode ser um caminho para encontrar soluções viáveis e justas.
Por enquanto, os trabalhadores continuam enfrentando dificuldades, ajustando suas rotinas e buscando alternativas para fechar as contas do mês. A questão do VR é apenas mais um reflexo dos desafios econômicos que o país atravessa, exigindo planejamento e ações concretas para promover uma melhor qualidade de vida.
O vale-refeição é um benefício crucial para os trabalhadores brasileiros, mas o seu valor desatualizado está longe de atender às necessidades atuais. Para evitar que o problema se agrave, é fundamental que as empresas adotem estratégias que valorizem seus colaboradores e promovam uma alimentação digna e acessível. A longo prazo, essas medidas podem ser decisivas para garantir a produtividade e o bem-estar no ambiente de trabalho.