Preços no Brasil vão cair com tarifas de Trump? Entenda

As recentes tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos a produtos brasileiros, como aço, alumínio e etanol, levantaram dúvidas sobre seus impactos na economia nacional. Uma das questões mais debatidas é se essas medidas podem provocar uma queda nos preços desses produtos dentro do Brasil.

Especialistas divergem sobre o assunto e alertam para a necessidade de acompanhar os desdobramentos do mercado global antes de prever impactos diretos.

Entenda as novas tarifas dos EUA

O alto valor do dólar e os requisitos para que brasileiros conquistem aberturas nos EUA, impactam diretamente na qualidade de vida | Foto: Reprodução/Canva financiamento calendário PREÇOS
A indústria nacional pode buscar alternativas para manter suas exportações e mitigar os impactos no mercado interno | Foto: Reprodução/Canva

O presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou duas medidas tarifárias que afetam diretamente as exportações brasileiras. A primeira é um memorando que propõe a adoção de tarifas recíprocas, ou seja, produtos importados pelos EUA podem ser taxados na mesma proporção das alíquotas que seus equivalentes enfrentam em seus países de origem. No caso do Brasil, um exemplo citado foi o etanol, que sofre tributação elevada aqui, enquanto a taxa de importação nos EUA é menor.

Além disso, uma decisão assinada recentemente prevê um aumento de 25% nas tarifas sobre o aço e o alumínio importados, incluindo os produtos brasileiros. O argumento do governo norte-americano é que essa medida fortalece a indústria siderúrgica nacional e reduz a dependência externa. No entanto, isso pode diminuir as exportações brasileiras para os EUA, impactando a produção e a precificação desses produtos.

Haverá queda nos preços no Brasil?

Um dos principais debates gerados por essas medidas é se a menor demanda externa por aço, alumínio e etanol pode levar à redução dos preços desses produtos dentro do Brasil. Alguns economistas avaliam que isso pode ocorrer, mas não de maneira significativa.

Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, explica em entrevista CNN que, embora parte da produção seja impactada, os produtos podem ser redirecionados para outros mercados ou a produção pode ser reduzida gradualmente. Segundo ele, essa adaptação das empresas evita uma sobra excessiva de produtos no Brasil, o que tornaria uma queda de preços pouco provável.

Leia também: Coca-Cola e Ford reagem às novas tarifas de Trump

Por outro lado, Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, também a CNN aponta que a economia brasileira já está em desaceleração devido às altas taxas de juros. Com isso, a demanda interna por aço, alumínio e etanol pode cair, gerando uma tendência de redução nos preços desses produtos dentro do mercado nacional.

No entanto, Agostini pondera que o impacto real dependerá de como outros mercados absorverão a produção brasileira. Se as empresas conseguirem vender seus produtos para outros países, o efeito sobre os preços internos pode ser minimizado. Além disso, o comportamento do câmbio também influencia diretamente essa equação. Se o real se desvalorizar frente ao dólar, os preços podem se manter elevados.

Setores mais impactados

O setor siderúrgico pode ser um dos mais afetados pelas novas tarifas. O Brasil está entre os principais exportadores de aço para os EUA, e a redução nas vendas pode prejudicar indústrias e trabalhadores do ramo. Caso a produção seja reduzida para evitar excesso de oferta, há o risco de demissões e impactos negativos para a economia.

Já o setor de etanol pode sofrer oscilações de preços, mas o impacto dependerá do nível de exportação para os EUA e da capacidade do Brasil de encontrar novos mercados consumidores. A relação comercial entre os dois países é complexa, e as tarifas podem forçar mudanças estratégicas no comércio exterior brasileiro.

Beto Saadia, diretor de Investimentos da Nomos, revela a CNN que acredita que os efeitos das tarifas sobre o Brasil serão limitados. Ele ressalta que os EUA já possuem uma balança comercial favorável em relação ao Brasil e que os anúncios feitos por Trump tendem a ter mais impacto político do que econômico.

O que esperar para o futuro?

O cenário ainda é incerto e depende da efetivação das tarifas e das reações do mercado global. A indústria nacional pode buscar alternativas para manter suas exportações e mitigar os impactos no mercado interno. Embora exista a possibilidade de queda nos preços devido à menor demanda interna, esse efeito não é garantido e dependerá da estratégia adotada pelas empresas brasileiras.

Além disso, a política econômica dos EUA pode sofrer novas mudanças, especialmente com a aproximação de eleições e variações no cenário internacional. A recomendação dos especialistas é acompanhar os desdobramentos dessas tarifas e avaliar seus impactos reais a longo prazo.

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