Pesquisa aponta que depressão e ansiedade de colaboradores custa quase US$1 trilhão à economia global
Uma pesquisa realizada e divulgada em conjunto pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta que 15% dos trabalhadores no mundo possuem transtornos mentais e 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente devido à depressão e ansiedade, custando à economia global quase US$ 1 trilhão. Esses dados revelaram que a saúde mental tem sido negligenciada nos quatro cantos do mundo.
“Precisamos, urgentemente, criar ações nos ambientes públicos e privados, que gerem bem-estar e que previnam doenças mentais, tornando praças, escolas e empresas como pontos de florescimento. A própria OMS apresenta dados que a cada dólar investido em saúde mental gera um retorno de 4 dólares em termos de saúde e capacidade dos trabalhadores. Felicidade no trabalho é sinônimo de retenção e atração de talentos, engajamento, qualidade nas relações internas e com os stakeholders”, ressalta Rodrigo de Aquino, especialista em psicologia positiva, felicidade e bem-estar e fundador do Instituto DignaMente.
A percepção é de um aumento nas perspectivas de funcionários em relação à sua satisfação no trabalho. Segundo o estudo Work Wellbeing Insights de 2022, realizado nos Estados Unidos, 45% dos trabalhadores americanos disseram que suas expectativas de felicidade no trabalho aumentaram nos últimos 12 meses e colocam à chefia a responsabilidade de ser feliz no trabalho. Porém, no que pode ser algo positivo, há uma armadilha.
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“Este dado pode passar a impressão de que a situação está melhorando, mas, na verdade, após a situação extrema da pandemia houve um sentimento de alívio coletivo. Diversas organizações estão investindo em soluções digitais de apoio à saúde mental, mas a raiz do problema reside em medidas de redução de danos que, apesar de bem intencionadas, escondem a doença que se alastra e corrói nossa economia que apresenta produtividade estagnada, taxas reduzidas de reinvestimento e altíssimas taxas de turnover especialmente entre jovens e talentos digitais. Precisamos urgentemente reinventar como trabalhamos, de baixo para cima”, explica Herman Bessler, fundador da Templo, uma consultoria de negócios que desenvolve transformação digital e cultural nas grandes companhias.
Rodrigo de Aquino também afirma que apesar da felicidade apresentar muitos componentes pessoais, o ambiente de trabalho tem um forte impacto para a sua consolidação. “Por isso, a alta liderança tem uma forte relevância na realização de sua equipe. Uma gestão humanizada e com valores, têm muita importância e pode valer tanto quanto uma bonificação financeira. Cada vez mais é preciso coerência entre missão, visão e propósito e o comportamento de gerentes, diretores e CEOs”.
Segundo o estudo da OMS, citado no início, além de ambientes de trabalho seguros e saudáveis serem um direito fundamental, também contribuem na melhora da produtividade, no aumento da capacidade de retenção de funcionários e na minimização de tensões e conflitos internos.
Ao mesmo tempo, o desemprego ou a instabilidade, a discriminação e ambientes precários podem ser fontes de estresse e representar um risco para a saúde mental.