Economia do cuidado: entenda de uma vez por todas o tema do Enem de 2023

Muitas pessoas nunca haviam escutado falar sobre “economia do cuidado” até o Enem de 2023. O assunto foi abordado no tema da redação, os candidatos precisam discorrer sobre os “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.

Mas afinal, o que é a economia do cuidado?

A palavra “economia” vem do grego oikonomia, que junta oikos (casa ou morada) e o verbo nemein (administrar ou distribuir). Originalmente, significava gerenciar o lar para garantir sua subsistência. Hoje, refere-se a atividades relacionadas ao trabalho, mercados, governos e sociedade.

Historicamente, e ainda hoje, a maioria desse gerenciamento recai sobre mulheres e pessoas pobres. Elas desempenham o papel crucial de garantir a sobrevivência física, permitindo todas as outras atividades remuneradas.

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Conforme a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 76% do trabalho de cuidado não remunerado é realizado por mulheres. Se contássemos o tempo gasto em tarefas como cozinhar, limpar e cuidar de crianças, por exemplo, isso valeria quase 11 trilhões de dólares por ano.

Assim, a “economia do cuidado” se refere ao trabalho não remunerado, muitas vezes invisível, realizado principalmente por mulheres. Isso inclui desde a manutenção do lar até o cuidado de crianças, idosos, doentes e pessoas com necessidades especiais.

O que as estatísticas dizem sobre o trabalho do cuidado e sua invisibilidade?

Segundo a OIT, em 2030, 2,3 bilhões de pessoas demandarão cuidado ao redor do mundo. A Oxfam (2020) divulgou que mulheres e meninas dedicam 12,5 bilhões de horas ao trabalho do cuidado não remunerado. Este dado representa uma contribuição anual avaliada ao menos em 10,8 trilhões de dólares.

Cálculos realizados por economistas como Hildete Melo mostram que o PIB brasileiro poderia aumentar 11% em 2015 se o trabalho reprodutivo fosse contabilizado. Seria acrescido, em média, 9% ao ano caso os afazeres domésticos fossem remunerados.

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Segundo o IBGE, através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, em 2022, as mulheres brasileiras dedicam quase o dobro de tempo que os homens aos afazeres domésticos e ao cuidado de pessoas. São 21,3 horas semanais, contra 11,7 horas, em média. 86% das mulheres com idades entre 14 e 24 anos cuidam de afazeres da casa; entre os homens da mesma idade, só 69%. Entre as mulheres brancas, 31,5% tiveram de cuidar de pessoas. A proporção sobe para 36% quando se trata de mulheres pretas e 38% em relação às pardas.

Os homens gastam mais tempo cumprindo tarefas domésticas quando moram sozinhos. Para as mulheres, é o inverso: elas têm mais trabalho quando dividem o lar com alguém.

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