Universitários no Brasil: país atinge 9,9 milhões de matrículas

O número de universitários matriculados no Brasil alcançou o maior nível em quase uma década, segundo dados do Censo da Educação Superior de 2023 divulgados pelo Ministério da Educação. Com 9,9 milhões de alunos, o país registra um aumento de 5,6% em comparação ao ano anterior. Esse crescimento reflete tanto a retomada do ensino após a pandemia quanto o fortalecimento de modalidades como a educação a distância (EaD).

Crescimento de universitários matriculados foi impulsionado pela educação a distância

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Estudantes priorizam ensino EAD após a pandemia. Foto: Reprodução/Canva

Um dos fatores mais expressivos que impulsionaram o aumento das matrículas foi o crescimento dos cursos de educação a distância. Entre 2018 e 2023, o número de cursos EaD no Brasil cresceu impressionantes 232%. A pandemia de Covid-19, que forçou a transição para o ambiente online em 2020, foi um dos grandes catalisadores dessa expansão.

Em 2023, o Brasil registrou 4,9 milhões de matrículas em cursos EaD, representando quase 50% do total de estudantes universitários. As projeções do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) indicam que o número de estudantes em EaD deve superar os cursos presenciais em breve, com uma diferença atual de apenas 150.220 matrículas.

No entanto, a expansão da EaD se concentrou em instituições privadas, responsáveis por 79,3% das matrículas nessa modalidade. O setor privado teve um crescimento de 7,3% no número de alunos entre 2022 e 2023. Em contraste, as instituições públicas experimentaram uma ligeira queda de 0,4% nas vagas ocupadas em cursos EaD no mesmo período.

Leia também: Proporção de cotistas que terminam a graduação é superior à dos não cotistas

Para Celso Niskier, diretor-presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), o crescimento das matrículas reflete o impacto positivo da democratização do ensino superior. “Nosso desafio é investir na qualidade da educação a distância, que permite o acesso ao ensino superior em todo o Brasil”, afirmou Niskier.

Cotistas têm maior índice de conclusão de cursos

O Censo de 2023 trouxe outro dado importante: os estudantes que ingressaram no ensino superior por meio de cotas têm um índice de conclusão de cursos superior ao de não cotistas. Segundo o levantamento, 51% dos alunos cotistas concluíram seus cursos, enquanto entre os não cotistas, a taxa de conclusão foi de 41%. Esses números reforçam o impacto positivo das políticas de inclusão educacional no Brasil, como o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que oferecem oportunidades para estudantes de baixa renda.

Além disso, o Censo apresentou, pela primeira vez, dados sobre o ingresso de alunos que concluíram o ensino médio em 2022 no ensino superior. De acordo com o levantamento, 27% dos estudantes que se formaram no ensino médio no ano passado ingressaram no ensino superior em 2023. O índice foi maior entre os alunos de escolas federais (58%) e de escolas privadas (59%), mostrando a influência da qualidade do ensino prévio no acesso ao terceiro grau.

Desafios e tendências para o futuro dos universitários

O crescimento contínuo das matrículas no ensino superior, especialmente no EaD, demonstra que o Brasil está avançando na ampliação do acesso à educação. Contudo, esse crescimento também traz desafios, principalmente relacionados à qualidade do ensino oferecido. Com a democratização do acesso, é essencial garantir que a educação a distância mantenha elevados padrões de qualidade, com formação adequada dos professores, desenvolvimento de metodologias de ensino eficazes e acesso às tecnologias necessárias para a formação dos alunos.

Outro desafio é equilibrar a expansão das modalidades a distância com o ensino presencial. Embora o EaD tenha sido fundamental durante a pandemia e continue a crescer, é importante que os cursos presenciais não sejam desvalorizados. A interação direta entre professores e alunos, as experiências práticas e a convivência no ambiente acadêmico são aspectos essenciais que complementam o aprendizado teórico.

No entanto, a tendência é que o EaD continue a se expandir, principalmente nas regiões onde o acesso à educação presencial é mais difícil. Dessa forma, o Brasil poderá atingir uma cobertura educacional ainda mais ampla e levar o ensino superior de qualidade a todas as regiões do país.

O aumento do número de universitários no Brasil, atingindo quase 10 milhões de matrículas em 2023, é um marco importante para a educação no país. Esse crescimento, impulsionado pela educação a distância e pelas políticas de inclusão como as cotas, reflete o esforço para democratizar o acesso ao ensino superior. No entanto, a qualidade do ensino, especialmente na modalidade EaD, deve ser uma prioridade para garantir que essa expansão seja acompanhada de uma formação adequada para todos os estudantes.

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