A pauta ESG (ambiental, social e de governança) ganha gradativamente mais força no cenário empresarial brasileiro, com um número crescente de CEOs afirmando que incorporam totalmente essas práticas em suas operações. Segundo a pesquisa Mapa ESG Brasil, encomendada pela Plano em parceria com a Mynd e realizada pela Ilumeo, 69% dos CEOs relataram a adoção integral de políticas sustentáveis em seus negócios, refletindo uma tendência que continua a se expandir.
Avanço nas empresas listadas na bolsa
O estudo destaca que, em 2023, 70 empresas realizavam ações relacionadas ao ESG, um aumento significativo em relação às 47 empresas que adotavam tais práticas em 2022. Essa evolução é mais notável entre as empresas listadas na B3 (Bolsa de Valores do Brasil), onde essas políticas tendem a ser mais estruturadas.
Atualmente, 7 em cada 10 empresas listadas divulgam informações relacionadas ao ESG, e 57% delas submetem essas informações a auditorias ou revisões por entidades independentes. Esse movimento pode ser atribuído, em parte, ao avanço regulatório no Brasil, especialmente com a aprovação do Anexo ASG pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no ano passado.
Esse documento incentiva a diversidade de gênero e a inclusão de grupos sub-representados em cargos de alta liderança, além de promover o reporte de boas práticas pelas companhias listadas.
Desafios e oportunidades na mensuração de indicadores
Apesar do avanço significativo, 40% dos CEOs apontam que uma das maiores barreiras para a implementação eficaz das práticas ESG é a mensuração dos indicadores. A complexidade em medir e reportar o impacto das ações socioambientais e de governança impede que muitas empresas desenvolvam uma abordagem mais robusta e transparente.
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No entanto, essa dificuldade não tem sido um impedimento para a crescente adoção de práticas ESG, especialmente entre as micro e pequenas empresas, onde 89% das companhias relatam alguma atividade relacionada ao ESG, embora cerca de 30% ainda não estejam totalmente familiarizadas com a sigla.
Foco na questão social: uma estratégia de reputação
A pesquisa Mapa ESG Brasil também revela que a maioria das empresas prioriza a dimensão social (72%) em suas agendas ESG, seguida pela governança (68%) e pela pauta ambiental (66%). Segundo Viviane Duarte, fundadora e CEO da Plano, “investir no ‘S’, de social, é uma oportunidade para as empresas demonstrarem um compromisso com o bem-estar das comunidades e dos colaboradores, proporcionando não só melhorias para a reputação da marca, mas também no desenvolvimento de produtos para atrair consumidores e stakeholders”.
Essa ênfase na questão social é vista como uma estratégia para fortalecer a reputação das marcas e melhorar as relações com todas as partes envolvidas no negócio. As empresas estão cada vez mais conscientes de que práticas sociais robustas não apenas contribuem para o bem-estar coletivo, mas também geram valor econômico a longo prazo.
O futuro do ESG nas empresas brasileiras
O crescimento da adoção de práticas ESG no Brasil, conforme demonstrado pela pesquisa, indica um movimento promissor para o futuro do ambiente empresarial no país. A crescente conscientização sobre a importância de práticas responsáveis e sustentáveis está transformando a maneira como as empresas operam, colocando a pauta ESG no centro das estratégias de negócio.
No entanto, a pesquisa também sinaliza que, para que o ESG seja plenamente efetivo, é necessário que as empresas superem desafios como a mensuração dos impactos e a familiarização com os conceitos por parte de todos os envolvidos.
Com a regulamentação avançando e as práticas ESG ganhando terreno, o Brasil está em um caminho para se tornar um exemplo na implementação de governança, responsabilidade social e sustentabilidade no mundo corporativo.