Carta com 32 itens, entregue à ministra Esther Dweck, visa contribuir para a redução das desigualdades e uma transição energética justa
Um conjunto de propostas foi entregue nesta sexta-feira (15) ao G20 Social por cinco importantes estatais e bancos federais: Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica, BNDES e Itaipu Binacional. O documento foi entregue à ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, e ao ministro Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), durante o evento que reúne líderes e especialistas para debater a agenda global de desenvolvimento sustentável. O texto, que contém 32 itens, será incorporado à Declaração do G20 Social e entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no encerramento do fórum, marcado para este sábado (16).
O objetivo central do documento é apoiar as políticas globais de desenvolvimento sustentável, com foco em áreas como a transição energética, o combate à fome e a pobreza, a reforma da governança global e a promoção da sustentabilidade.
As propostas enfatizam a necessidade de fortalecer a cooperação internacional e garantir que os países em desenvolvimento, especialmente os do Sul Global, tenham uma voz ativa nas negociações sobre temas cruciais, como a dívida externa e as políticas ambientais.
Combate à fome e à pobreza
Entre as propostas apresentadas pelas estatais, destacam-se medidas voltadas para o combate à fome e à pobreza. As empresas sugerem a intensificação das políticas públicas de democratização do crédito, visando a produção de alimentos, além de iniciativas para o fortalecimento das economias locais e a geração de renda por meio de práticas sustentáveis. A ideia é assegurar que os recursos sejam direcionados para a base da pirâmide social, beneficiando as comunidades mais vulneráveis.
Sustentabilidade e transição energética
Na área de sustentabilidade, o foco é ampliar as ações de redução do desmatamento e reforçar o papel do setor privado na preservação ambiental. As estatais também defendem uma transição energética justa, que permita o uso de fontes renováveis de energia sem prejudicar as populações que dependem de atividades como a agricultura e a indústria.
Enio Verri, diretor-geral de Itaipu, ressaltou que o documento reflete a nova lógica de desenvolvimento defendida pelo Brasil durante sua presidência do G20, que busca integrar as questões econômicas, sociais e ambientais. “Não dá para separar economia, social e ambiental. O Estado tem papel fundamental na redução das desigualdades”, afirmou Verri.
Reforma da governança global
Outro ponto crucial abordado pelas estatais no documento é a reforma da governança global. A carta propõe a criação de mecanismos multilaterais que garantam aos países devedores, especialmente os do Sul Global, uma maior representatividade nas negociações sobre dívida externa e nas decisões das instituições financeiras internacionais. O objetivo é promover um sistema de governança mais equitativo, com foco na justiça climática e na inclusão social.
A ministra Esther Dweck destacou a importância das estatais federais como instrumentos fundamentais para o desenvolvimento do país. Ela lembrou que essas empresas são patrimônio nacional e devem ser vistas como agentes promotores de políticas públicas. “Sem os bancos públicos, como o Banco do Brasil, o BNDES e a Caixa Econômica, não teríamos o desenvolvimento que temos no Brasil”, afirmou a ministra.
A inclusão das estatais na agenda global
A participação das estatais no G20 Social foi destacada pela ministra Dweck como uma forma de mostrar a relevância do Brasil no cenário internacional. “Estranho seria uma empresa não querer associar sua marca a um evento tão inclusivo”, disse a ministra, em referência às críticas recebidas por algumas empresas que preferiram não se associar ao evento.
Além das propostas para o G20, o documento também reflete o compromisso das estatais com a agenda do governo brasileiro, que inclui a aliança global contra a fome, a pobreza, a transição energética e a reforma da governança. Clarice Copetti, diretora executiva de Assuntos Corporativos da Petrobras, afirmou que o objetivo é atuar de forma coordenada para garantir que o Brasil cumpra sua parte na construção de uma economia de baixo carbono e mais inclusiva.
O papel das estatais no desenvolvimento sustentável
A importância das estatais no desenvolvimento sustentável e na construção de um país mais justo foi reiterada pelos representantes das empresas. Tarciana Medeiros, presidenta do Banco do Brasil, destacou que o Brasil ocupa uma posição estratégica no cenário global, sendo um dos maiores produtores de alimentos do mundo, e, por isso, deve ser um exemplo de desenvolvimento sustentável.
“Não faz sentido termos brasileiros passando fome, sendo que o Brasil alimenta um bilhão de pessoas no planeta. Nossa missão é combater a desigualdade e garantir uma transição justa e reformada da governança global”, afirmou Medeiros.
As estatais também destacaram a importância de promover a troca de conhecimento entre países que enfrentam desafios semelhantes e compartilhar experiências para a construção de políticas públicas mais eficazes. A defesa da inclusão social, da justiça climática e da diversidade de povos foi outro ponto forte do documento.
Ao final do evento, o documento das estatais federais reafirmou o compromisso com a implementação das propostas de forma conjunta com o governo federal. As empresas se comprometeram a continuar colaborando com o desenvolvimento de políticas públicas que promovam uma sociedade mais justa, inclusiva e sustentável.
A carta entregue ao G20 Social representa, portanto, um passo importante para o Brasil na construção de uma agenda global voltada para o bem-estar das populações mais vulneráveis e a preservação do meio ambiente.
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