Pensando em uma medida rápida para reverter a baixa fertilidade, especialistas sugerem inteligência artificial como alternativa
Após um estudo ser divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e revelar que o baixo índice de fertilidade pode impactar a economia, pressionar ainda mais a inflação e alterar a cultura de consumo, especialistas se preocuparam e o governo começou a traçar rotas.
Emmanuel Macron, presidente francês, anunciou em janeiro um plano de “rearmamento demográfico”, através de testes de fertilidade e mais licenças parentais. O ex presidente Donald Trump também prometeu que se eleito, apoiaria um bônus para bebês “para um novo baby boom”, nos Estados Unidos.
A taxa de natalidade nos EUA preocupa, pois caiu para um nível recorde em 2023, revertendo o pequeno aumento que ocorreu durante a pandemia da Covid-19. O Congressional Budget Office (CBO) prevê que o número de mortes superará o número de nascimentos em aproximadamente 15 anos.
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Tais conclusões sustentam previsões econômicas e preocupa consultores da agência. Molly Dahly, consultora sênior da CBO, afirma que estão vendo aumento de gastos em programas a medida que os babys boomers estão envelhecendo neles.
Rodrigo de Aquino, especialista em felicidade corporativa, revela que muitos desses líderes que estão preocupados com a diminuição de crianças no mundo, não estão dispostos a mudar as atitudes dentro da própria empresa, de modo que seus colaboradores tenham mais qualidade de vida e consequentemente, mais momentos de lazer em família, dando um bom exemplo aos filhos.
“O que estamos vendo é um aumento dos gastos em programas como o Medicare e a Segurança Social, à medida que os baby boomers estão envelhecendo nesses programas. E, claro, menos trabalhadores em relação ao número de pessoas que recebem benefícios da Segurança Social e do Medicare”, comenta Dahl.
Os pagamentos da Segurança Social proporcionam cerca de 90% do rendimento de mais de um quarto dos idosos dos Estados Unidos, porém, sem intervenção, o fundo fiduciário será esgotado em meados de 2030.
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Existe alguma solução para reverter tal situação?
Algumas empresas têm lidado com essa situação investimento em inteligência artificial, visto que com elas, a mão de obra será facilitada.
“Aqui estão os fatos. Não temos filhos suficientes, e não temos tido filhos suficientes há tempo suficiente para haver uma crise demográfica”, disse o ex-CEO e presidente executivo do Google, Eric Schmidt, na Cimeira do Conselho de CEO do Wall Street Journal, em Londres, no ano passado.
Conforme a análise feita por Schmidt, nos próximos 30 anos terão empregos sobrando e pessoas faltando. Porém, na sua visão, a IA ajudara a reverter esses problemas, minimizando a situação.
Um relatório recente da Goldman Sachs previu que a IA generativa poderia aumentar o PIB global em até 7% num período de 10 anos. Outro estudo recente, realizado por analistas do Fed de Richmond concluiu que a inteligência artificial poderá aumentar a produtividade do trabalho entre 1,5% e 18% durante a próxima década.
Além da inteligência artificial, tem alguma outra medida para reverter ou evitar essa queda do número de filhos?
Alguns diretores de empresa revelaram que a longo prazo, as soluções para esse declínio pode variar em promover mais igualdade de gênero, aumentar os benefícios da empresa seja de forma financeira, ou de bem-estar, como reduzir cargas horárias ou home-office.
Rodrigo explica que de acordo com sua função como chief happiness officer, é melhorar a jornada do colaborador, da entrevista ao pós-desligamento.
“Você pode oferecer todo e qualquer tipo de benefício, sendo semana de 4 dias, férias de 40 dias, inseminação artificial, licença paternidade, auxilio creche, isso tudo é válido, desde que os pontos de atrito sejam minimizados”, explica.
É importante ressaltar que o especialista afirma que essa jornada do trabalhador não pode ser abusiva, ela precisa ser mais leve, pois muitos jovens têm crescido com um reflexo de que os pais não possuem tempo para os filhos e com isso, temem que o mesmo aconteça com eles, caso desperte o desejo em ter uma criança.
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“Não adianta ter vários benefícios, se tem uma gestão tóxica”, afirma o especialista em felicidade corporativa. Aquino destaca a necessidade do engajamento entre empresa, gestão e colaborador, visto que só em perfeita harmonia as coisas funcionarão.
Para encerrar, o CHO destaca um ponto da pesquisa do Gallup, sobre remuneração e benefícios de extrema importância: “A razão mais comum pela qual os funcionários deixaram o emprego em 2023 foi remuneração e benefícios (16%). Aqui está o pulo do gato. Os outros 84% referem-se a outras questões, como oportunidade de desenvolvimento, problemas com a liderança, expectativas e responsabilidades irreais, adaptação ou desinteresse pelo trabalho atual, bem como equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Em suma, pensar em uma gestão humanizada e proporcionar um ambiente com mais emoções positivas e felicidade é, sem dúvida, um bom negócio”, conclui Rodrigo de Aquino.