Relatório da OCDE sobre educação revela que o Brasil investe um terço da média da organização em educação, com queda de 2,5% ao ano entre 2015 e 2021
O Brasil diminuiu os investimentos no setor de educação entre 2015 e 2021: o gasto por aluno sendo um terço da média da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Entre os professores brasileiros, eles trabalham mais e recebem menos. Os gastos com educação no Brasil caem a cada ano, indo na contramão dos principais países do mundo, segundo o relatório publicado na última terça-feira, 10 de setembro, pela OCDE.
Segundo a instituição, o valor aplicado em educação no país caiu 2,5% ao ano entre 2015 e 2021. Nos países que integram o grupo, a situação foi inversa, com aumento médio de 2,1% ao ano. Com isso, a porcentagem dos gastos públicos destinados à educação desacelerou, saindo de 11,2%, em 2015, para 10,6% em 2021.
Comparação com os 38 países da OCDE
O estudo Education at a Glance 2024 compara o desenvolvimento escolar entre os 38 membros da OCDE, além de outros 11 países estabelecidos como “parceiros estratégicos” ou que estão em processo de adesão.
Dentre esses 49 países, o Brasil registra um dos piores desempenhos no investimento público para o ensino de crianças até os sete anos. De acordo com a OCDE, o país gasta apenas 3.668 dólares (cerca de R$ 20,6 mil) por aluno, menos de um terço da média de 11.914 dólares (aproximadamente R$ 67 mil).
O resultado colocou o Brasil acima apenas de Romênia, Turquia, África do Sul, México e Peru no ranking de gastos com educação para essa faixa etária em 2021. Países como Argentina, Costa Rica e Chile tiveram resultados melhores.
A mesma proporção é observada no ensino fundamental e médio, com o Brasil investindo apenas um terço do que os países da OCDE investem. Os gastos públicos se aproximam dos demais países apenas no ensino superior.
Nesta fase, o investimento público por aluno universitário no Brasil é de 13.569 dólares (R$ 76,3 mil), comparado a 17.138 dólares (R$ 96,3 mil) nos demais países.
Salários dos professores
O relatório indica que o salário mínimo dos professores de ensino fundamental no Brasil é 47% menor que a média dos países da OCDE. Os professores brasileiros trabalham em média 800 horas por ano, em comparação com 706 horas nos países da OCDE.
Por outro lado, a educação infantil recebeu mais atenção do governo brasileiro: entre 2015 e 2021 aumentou os gastos destinados a essa etapa, considerando a comparação com o Produto Interno Bruto (PIB) de cada ano.
O que é a OCDE?
A OCDE é uma organização internacional composta por 38 países que buscam promover políticas públicas voltadas para o desenvolvimento econômico e o bem-estar social.
Fundada em 1961, a OCDE tem como principal objetivo estimular o crescimento econômico sustentável, a criação de empregos, a estabilidade financeira e a melhoria dos padrões de vida, além de colaborar para o desenvolvimento do comércio global.
A organização oferece um fórum no qual governos podem trocar experiências, discutir desafios comuns e coordenar políticas para enfrentar questões econômicas, sociais e ambientais. A OCDE coleta dados e realiza estudos comparativos sobre temas como educação, inovação, governança, políticas fiscais, saúde e meio ambiente, ajudando os países a adotarem melhores práticas com base em evidências.
Embora a OCDE tenha sido formada inicialmente por países industrializados, atualmente inclui membros de diferentes níveis de desenvolvimento, como México, Chile e Turquia. A organização tem como princípio o diálogo aberto e a cooperação entre seus membros: países que são democracias comprometidas com a economia de mercado.
O Brasil, embora ainda não seja membro pleno, mantém uma relação próxima com a OCDE e busca sua adesão desde 2017.