Alta de Selic: entenda o que muda na economia

A taxa Selic, conhecida como a taxa básica de juros da economia brasileira, é um dos principais instrumentos do Banco Central para controlar a inflação e regular a economia do país. Ela tem um impacto direto em diversos setores, desde o consumo até os investimentos e o mercado de trabalho.

A cada reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a possibilidade de aumento ou redução da Selic gera grande expectativa, pois suas oscilações trazem efeitos imediatos e de longo prazo para empresas, investidores e consumidores.

As taxas de juros no mercado de crédito brasileiro seguem impactadas por fatores como a inflação persistente e a política monetária, que mesmo com a recente redução na taxa Selic, ainda não trouxe impacto significativo no custo do crédito | Foto: Reprodução/Canva
As taxas de juros no mercado de crédito brasileiro seguem impactadas por fatores como a inflação persistente e a política monetária, que mesmo com a recente redução na taxa Selic, ainda não trouxe impacto significativo no custo do crédito | Foto: Reprodução/Canva

Mas o que realmente muda quando a Selic aumenta?

Vamos entender, de forma simplificada, as principais consequências para a economia e para o dia a dia dos brasileiros.

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1. Consumo desacelera e crédito fica mais caro

Quando a Selic aumenta, o objetivo principal do Banco Central é reduzir a inflação, o que se dá por meio da desaceleração do consumo. Com juros mais altos, os empréstimos e financiamentos ficam mais caros, tanto para consumidores quanto para empresas.

Isso faz com que as pessoas pensem duas vezes antes de assumir novas dívidas, o que, naturalmente, reduz o consumo de bens e serviços. A queda no consumo pode afetar o comércio e a indústria, que observam uma diminuição na demanda por seus produtos.

Na prática, o crédito mais caro impacta a compra de itens como carros, imóveis e bens duráveis, que muitas vezes são adquiridos por meio de financiamentos. Também pesa no bolso quem já possui dívidas em modalidades de juros flutuantes, como o rotativo do cartão de crédito e o cheque especial, que acabam encarecendo ainda mais com o aumento da Selic.

2. Impacto no setor imobiliário e nos financiamentos

O setor imobiliário é um dos mais sensíveis às variações da taxa Selic. Quando os juros aumentam, os financiamentos imobiliários – que são de longo prazo e possuem valores altos – ficam mais onerosos. Para o consumidor final, isso pode significar parcelas mais altas e maior dificuldade para adquirir um imóvel. Para as construtoras, a redução na demanda pode impactar novos lançamentos, afetando toda a cadeia produtiva da construção civil.

Esse impacto reflete-se também nos financiamentos habitacionais oferecidos por bancos, que tendem a encarecer para acompanhar o novo patamar de juros. Em geral, a resposta do setor imobiliário a um aumento da Selic é rápida, com ajustes nas taxas de financiamento e menor oferta de crédito, o que leva a uma desaceleração do setor.

3. Investimentos em renda fixa ganham atratividade

Com o aumento da Selic, os investimentos de renda fixa, como Tesouro Direto, CDBs e fundos DI, tornam-se mais atrativos. Isso ocorre porque o rendimento desses ativos está atrelado à taxa básica de juros, de modo que, quando a Selic sobe, o retorno desses investimentos aumenta proporcionalmente. Para investidores que buscam segurança e estabilidade, essa pode ser uma oportunidade interessante para alocar recursos em opções que oferecem boa rentabilidade e baixo risco.

Esse cenário também atrai investidores que preferem a segurança da renda fixa à volatilidade da renda variável, como a Bolsa de Valores. Assim, é comum que, durante períodos de alta da Selic, parte dos recursos migre da renda variável para a renda fixa, impactando o mercado de ações.

Empresas que dependem de investimentos de risco, como startups e negócios de tecnologia, podem enfrentar maior dificuldade em captar recursos nesse contexto.

4. Inflação controlada, mas com custo para a economia

O aumento da Selic é uma resposta ao cenário de alta inflacionária, com o Banco Central buscando frear o aumento dos preços. O mecanismo funciona da seguinte maneira: ao reduzir o consumo e o acesso ao crédito, a demanda por produtos e serviços diminui, o que ajuda a controlar a inflação.

Contudo, essa estratégia vem com um custo. A desaceleração do consumo e da produção pode afetar o crescimento econômico, dificultando a geração de empregos e pressionando o mercado de trabalho.

Em alguns casos, quando a Selic é elevada em um patamar muito alto por um período prolongado, o risco de uma recessão aumenta, pois o consumo e os investimentos caem de forma significativa, levando a uma retração econômica. É um dilema enfrentado por muitos países que precisam equilibrar o combate à inflação com a necessidade de crescimento econômico.

5. Efeitos no mercado de trabalho e na geração de empregos

Com a desaceleração do consumo e da produção, as empresas podem reduzir seus investimentos e contratações, impactando diretamente o mercado de trabalho. Quando a demanda por produtos e serviços cai, muitas empresas adotam medidas de contenção de custos, que incluem desde a diminuição de investimentos até a redução de quadro de funcionários.

Além disso, os altos custos de financiamento também afetam pequenas e médias empresas, que dependem de crédito para expandir ou manter suas operações. Com crédito mais caro e menor perspectiva de consumo, esses negócios acabam enfrentando dificuldades, o que impacta a geração de empregos e o crescimento econômico de forma mais ampla.

6. O que esperar a longo prazo?

O aumento da Selic tem como objetivo ajustar o nível de inflação no curto e médio prazo. No longo prazo, porém, os efeitos podem ser mistos. Se o aumento dos juros for eficaz em controlar a inflação, o resultado será uma economia mais estável e previsível, o que beneficia o planejamento de empresas e consumidores. Contudo, se os juros permanecerem elevados por muito tempo, isso pode desestimular o investimento produtivo e o crescimento econômico, gerando um ciclo de estagnação.

Assim, a Selic funciona como uma ferramenta de equilíbrio. Quando bem administrada, pode ajudar a economia a manter-se em um ritmo de crescimento saudável, com inflação controlada e estímulo adequado ao consumo e ao investimento.

A elevação da Selic afeta a economia em vários aspectos, influenciando o consumo, a concessão de crédito, o mercado imobiliário, os investimentos e o mercado de trabalho. Embora o aumento dos juros seja necessário para conter a inflação, ele traz consigo desafios para a economia e para a população, especialmente para quem precisa de crédito e para as empresas que dependem de financiamentos.

Entender esses impactos ajuda a população a se preparar para momentos de alta na taxa Selic, ajustando seus investimentos e seu consumo, e prevendo como esses ajustes poderão afetar seu cotidiano.

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