O Brasil registrou um saldo positivo de 1,69 milhão de empregos formais em 2024. Os dados, divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) nesta quinta-feira, 30 de janeiro, apontam para uma retomada do crescimento no mercado de trabalho brasileiro após dois anos de desaceleração na geração de vagas com carteira assinada.
Este resultado representa uma melhora em relação a 2023, quando o país criou 1,48 milhão de empregos formais. Apesar de ainda estar abaixo dos números registrados em 2021 e 2022, quando o saldo foi de 2,7 milhões e 2 milhões de empregos respectivamente, os dados mostram que a criação de empregos está voltando a crescer após a queda observada nos últimos anos.
Evolução do saldo de empregos formais nos últimos anos:
- 2024: 1,7 milhão
- 2023: 1,4 milhão
- 2022: 2 milhões
- 2021: 2,7 milhões
- 2020: -191,9 mil (queda devido à pandemia)
Os números do Caged mostram que, ao longo do ano, o Brasil teve 25,6 milhões de contratações e 23,9 milhões de demissões. Isso significa que, apesar das demissões, houve um número maior de admissões, garantindo um saldo positivo no mercado de trabalho formal.
No entanto, o mês de dezembro registrou um saldo negativo de 535,5 mil empregos. Esse fenômeno já era esperado, pois o último mês do ano tradicionalmente apresenta mais demissões do que admissões, principalmente devido ao término de contratos temporários no comércio e em outros setores que contratam funcionários para atender à demanda de fim de ano.
Saldo de empregos por mês em 2024:
- Janeiro: 172.247
- Fevereiro: 305.297
- Março: 244.224
- Abril: 238.764
- Maio: 139.297
- Junho: 206.159
- Julho: 191.691
- Agosto: 239.436
- Setembro: 252.528
- Outubro: 132.717
- Novembro: 106.860
- Dezembro: -535.547
Geração de empregos por setor
Todos os cinco principais setores da economia apresentaram saldo positivo na criação de empregos formais em 2024. O setor de serviços foi o grande destaque, com quase um milhão de novas vagas abertas ao longo do ano.
- Serviços: 929.002 empregos
- Indústria: 306.889 empregos
- Comércio: 336.110 empregos
- Agropecuária: 10.808 empregos
- Construção: 110.921 empregos
O setor de serviços se destaca porque inclui diversas atividades, como educação, saúde, tecnologia e turismo, que têm grande peso na economia brasileira. A construção civil também apresentou um bom desempenho, impulsionada pelo aumento de investimentos em infraestrutura e habitação.
Geração de empregos por estado
O saldo de empregos formais foi positivo em todas as Unidades da Federação (UFs), mas com diferenças significativas entre os estados. As regiões mais populosas, como Sudeste e Sul, lideraram a criação de vagas, enquanto estados menores tiveram números mais modestos.
Estados com maior geração de empregos:
- São Paulo: 459.371
- Rio de Janeiro: 145.240
- Minas Gerais: 139.503
- Paraná: 128.012
- Santa Catarina: 106.392
Estados com menor geração de empregos:
- Amapá: 8.693
- Acre: 6.519
- Roraima: 6.206
Economia aquecida e impacto no mercado de trabalho
O crescimento na criação de postos formais de trabalho em 2024 ocorreu em um contexto de expansão da economia brasileira. A previsão dos economistas é que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha crescido 3,5% no ano, superando o crescimento de 3,2% registrado em 2023.
No entanto, esse crescimento trouxe desafios, como o aumento da inflação, que fechou o ano em 4,83%. Para conter a alta dos preços, o Banco Central aumentou a taxa básica de juros (Selic) para 13,25% ao ano. A previsão é que os juros possam subir ainda mais em 2025, o que pode impactar o ritmo de geração de postos de trabalho.
Comparação entre Caged e Pnad
Os dados do Caged refletem apenas os postos de trabalho formais, ou seja, aqueles com carteira assinada. Já os números do desemprego divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), que inclui tanto postos de trabalho formais quanto informais.
Segundo a Pnad Contínua, a taxa de desemprego no Brasil foi de 6,1% no trimestre encerrado em novembro de 2024, o menor índice da série histórica iniciada em 2012. Isso mostra que o mercado de trabalho brasileiro está mais aquecido e que a informalidade também pode estar diminuindo.
Salário médio de admissão
Outro dado divulgado pelo governo, nesta quinta-feira, 30 de janeiro, foi o salário médio de admissão, que teve um leve crescimento em 2024. O valor médio pago aos trabalhadores que entraram no mercado formal foi de R$ 2.177,96, representando um aumento de R$ 55,02 em relação ao salário médio de 2023, que era de R$ 2.122,94.
Os trabalhadores com contratos mais estáveis tiveram um salário médio maior, de R$ 2.211,13, enquanto aqueles contratados temporariamente receberam, em média, R$ 1.941,72.
Perspectivas para 2025
O mercado de trabalho brasileiro teve um desempenho positivo em 2024, com a criação de postos de trabalho formais em todos os setores e regiões do país. O crescimento da economia impulsionou as contratações, mas o aumento da inflação e dos juros pode trazer desafios para o próximo ano.
Com um mercado de trabalho mais dinâmico e uma taxa de desemprego em queda, a expectativa para 2025 é que a geração de postos de trabalho continue em um ritmo favorável, desde que a economia mantenha um equilíbrio entre crescimento e controle da inflação.
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