Aproximadamente 20 pessoas saudáveis se voluntariaram para ter seus cérebros escaneados.

Nesta terça-feira (2), a Comissão de Energia Atômica da França (CEA) revelou as primeiras imagens do cérebro humano capturadas pelo mais avançado aparelho de ressonância magnética do mundo. Segundo os responsáveis pelo projeto, o scanner alcançou um nível de precisão sem precedentes, o que pode ser crucial para a detecção de doenças.
Inicialmente utilizado para escanear uma abóbora em 2021, este scanner foi recentemente autorizado pelas autoridades de saúde para uso em seres humanos. Ao longo dos últimos meses, aproximadamente 20 voluntários saudáveis se disponibilizaram para ter seus cérebros escaneados. O equipamento está localizado em um laboratório em Saclay, ao sul de Paris.
Com um campo magnético de 11,7 teslas, este scanner é capaz de produzir imagens com uma precisão até 10 vezes superior aos aparelhos normalmente empregados em hospitais, os quais raramente excedem os três teslas.
Estrutura do aparelho
O equipamento consiste em um cilindro de cinco metros de largura e cinco de altura. Dentro dessa estrutura encontra-se um ímã de 132 toneladas alimentado por uma bobina de 1.500 amperes. A abertura por onde o paciente entra tem 90 centímetros de largura.
Fruto de duas décadas de pesquisa, essa máquina é resultado de uma parceria entre engenheiros franceses e alemães. Embora os Estados Unidos e a Coreia do Sul estejam desenvolvendo máquinas de ressonância magnética igualmente poderosas, ainda não iniciaram a escaneamento de imagens em seres humanos.
Um dos principais objetivos desse projeto é aprofundar o conhecimento sobre a anatomia do cérebro e entender quais áreas são ativadas durante a realização de determinadas tarefas.
Os cientistas já utilizaram os scanners de ressonância magnética para demonstrar que quando o cérebro reconhece objetos específicos, como rostos, lugares ou palavras, duas regiões distintas do córtex cerebral são ativadas.
Aliado contra doenças
Os pesquisadores têm a expectativa de que o poder do scanner também contribua para a investigação de doenças neurodegenerativas, como Parkinson ou Alzheimer, assim como de problemas psicológicos, incluindo depressão ou esquizofrenia.
Além disso, os cientistas planejam mapear como certos medicamentos utilizados no tratamento do transtorno bipolar, como o lítio, se distribuem pelo cérebro. O intenso campo magnético gerado pela ressonância magnética pode ser útil para identificar quais regiões do cérebro são afetadas pelo lítio. Essa abordagem pode fornecer insights sobre quais pacientes podem responder de maneira mais eficaz ou menos eficaz ao medicamento.
Um novo grupo de voluntários será recrutado nos próximos meses para passar pelo escaneamento de seus cérebros.