Ainda que esperado, a vitória de Claudia Sheinbaum preocupou os investidores e balançou a economia
Nesta segunda-feira (3), aconteceu a eleição de Claudia Sheinbaum como a primeira presidente mulher do México, o que marca um momento histórico para o país, pois o local é conhecido pela cultura machista e tradicional. O tema repercutiu fortemente no Brasil e em toda a América Latina.
Além das implicações políticas e sociais, sua ascensão ao cargo mais alto do país pode ter efeitos significativos na economia. O governo atual conseguiu conduzir uma recuperação econômica notável, o que inclui a redução do desemprego e o aumento do Produto Interno Bruto (PIB).
Sheinbaum expressou sua intenção de dar continuidade às políticas econômicas do atual presidente, Andrés Manuel López Obrador (AMLO). Caso isso ocorra, fornecerá ainda mais estabilidade econômica e tranquilizará os investidores quanto ao futuro do país.
A economista e assessora de investimentos da Valor Investimentos, Paloma de Lavor Lopes, revelou que gostaria de acreditar que a nova presidente pudesse ser uma versão melhorada de AMLO. “Queria muito que ela fosse AMLO melhorado, mas acredito que isso não vai acontecer. Só há um jeito, aguardar quais posturas ela tomará, mais ou menos heterodoxas”, reflete.
No contexto em que ela está inserida, possivelmente enfrentará desafios por conta da predominância do machismo local. Porém, servirá como testemunho de progresso e possivelmente inspirará outras nações, com o intuito de promover a igualdade de gênero em todos os setores, inclusive o econômico.
“A pauta da diversidade e da equidade de gênero ganha mais força. Mais mulheres ganham voz e poder nas organizações e podem ganhar mais força no ambiente político e econômico, independentemente do seu posicionamento ideológico”, reflete o comunicólogo e especialista em psicologia positiva, Rodrigo de Aquino.
Desempenho da economia após o resultado
Por outro lado, diante de tamanha mudança, a economia automaticamente sente o impacto. Após o resultado, o mercado financeiro do México teve o pior desempenho entre os países emergentes. O principal índice da bolsa mexicana caía 6,35%, e a moeda do país despencava em relação ao dólar, que tinha alta de mais de 4% por volta das 15 horas no horário local.
De acordo com Paloma, o resultado negativo surpreendeu. “O peso mexicano fechou hoje com perda de quase 4% ante o dólar, um tombo em diversos países. Honestamente, não entendi essa intensidade, afinal, sabemos que a economia mexicana está extremamente atrelada aos EUA”, comenta.
A economista destaca que o que preocupa é a mesma coisa que preocupa no Brasil, as contas públicas e a parte fiscal. “Com a manutenção do atual ministro das finanças, Rogelio De La O, e sabendo da possibilidade de se ter 2/3 das cadeiras no congresso, preocupa um pouco. A não necessidade de alianças pode acarretar reformas não tão moderadas quanto as exibidas na campanha. A tão esperada independência do Banco Central e uma postura fiscal mais disciplinada podem ir por água abaixo, dado que a maioria será de esquerda”, conclui a especialista.
A expectativa de insegurança entre os investidores deve diminuir assim que Claudia Sheinbaum revelar a composição de seu governo. Há indícios de que o atual ministro das finanças, Rogelio De La O, seja mantido em seu cargo. A cerimônia de posse da nova presidente está agendada para outubro.