Ações da Americanas atingem R$ 0,08: o que esperar?

As ações da Americanas (AMER3) atingiram um nível mínimo histórico de R$ 0,08 na quarta-feira, 21 de agosto de 2024. Esse valor recorde reflete a intensa pressão vendedora causada pela liquidação de papéis por credores no contexto da recuperação judicial da empresa. Desde o início do mês, as ações da varejista acumularam uma queda de 85%, e uma impressionante perda de 91% ao longo do ano.

A crise da Americanas começou em janeiro de 2023, após a revelação de “inconsistências contábeis” nos balanços financeiros da empresa, envolvendo inicialmente R$ 20 bilhões. Investigações subsequentes apontaram que as fraudes contábeis ultrapassaram R$ 25 bilhões. Antes da divulgação dessas irregularidades, as ações ordinárias da empresa eram negociadas a R$ 11, mas agora valem apenas centavos.

A recente pressão vendedora se intensificou após o término do período de “lock-up”, em que quase 7 bilhões de ações, antes bloqueadas para negociação, foram liberadas no mercado. Essa liberação gerou uma venda em massa, fazendo com que o valor das ações caísse ainda mais.

A situação levanta uma questão crítica: é possível que uma ação na Bolsa de Valores possa “virar pó”? Eduardo Becker, professor de mercado de capitais da B3 Educação, explica que, embora seja raro, uma ação pode, sim, atingir o valor zero. Contudo, antes de chegar a esse ponto, empresas costumam realizar grupamentos de ações, como a Americanas está planejando fazer na próxima semana, na proporção de 100 para 1, o que deve elevar o valor das ações para cerca de R$ 8,00.

Leia também: Governo confirma alíquota de 27,97% com reforma tributária

O que podemos esperar da Americanas?

O risco de falência para a Americanas ainda é uma preocupação. O processo de recuperação judicial, iniciado logo após a descoberta da fraude, visa evitar justamente a quebra da empresa, permitindo a renegociação das dívidas. No entanto, com uma dívida de R$ 38,8 bilhões e um patrimônio líquido negativo de R$ 30 bilhões, a situação da companhia é delicada.

Especialistas, como Ricardo Teixeira, da FGV, afirmam que, para a Americanas sobreviver, será necessário um grande esforço dos controladores para reestruturar o negócio e atrair novos investidores. Em nota, a Americanas reforça seu compromisso com a transparência e a criação de valor para os acionistas, destacando a conversão de ações e a reestruturação da dívida como pilares para uma nova fase na trajetória da empresa.

Enquanto a Americanas tenta se reerguer, investidores e analistas aguardam com cautela os próximos passos da companhia em um mercado que, por ora, mantém suas ações à beira do colapso.

Atualize-se.
Receba Nossa Newsletter Semanal

Sugestões para você