Serviços não financeiros batem recorde de ocupação em 2022, aponta IBGE

O setor de serviços não financeiros no Brasil alcançou, em 2022, um recorde no volume de mão de obra ocupada, com 14,2 milhões de trabalhadores. Esse número representa um aumento de 5,8% em relação a 2021, com 773,1 mil novas vagas, e um crescimento acumulado de 10,3% desde 2019, ano que antecedeu a pandemia de covid-19. Esse marco reflete uma recuperação econômica significativa e a intensificação da atividade econômica após o período crítico da pandemia, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Concentração de ocupação em atividades específicas

Entre as 34 atividades analisadas na Pesquisa Anual de Serviços (PAS) 2022, cinco se destacaram por concentrar quase metade da força de trabalho do setor. São elas: Serviços de alimentação (11,6%), técnico-profissionais (11,4%), Transporte rodoviário de cargas (8,4%), Serviços para edifícios e atividades paisagísticas (8,2%) e de escritório e apoio administrativo (7,7%). Essas atividades combinadas somam 47,3% das ocupações no setor de serviços não financeiros.

O analista da PAS, Marcelo Miranda, destacou a importância desse setor para a economia nacional. Em 2022, as 14,2 milhões de pessoas ocupadas geraram uma receita operacional líquida de R$ 2,7 trilhões e um valor adicionado bruto de R$ 1,5 trilhão. As empresas responsáveis por essa movimentação econômica, cerca de 1,6 milhão, pagaram R$ 518 bilhões em salários e remunerações aos trabalhadores.

Impactos da pandemia e recuperação no segmento de Serviços

Apesar da recuperação geral, o segmento de Serviços prestados principalmente às famílias registrou uma queda de 3,2% no volume de empregos entre 2019 e 2022, o que representa uma perda de 92,4 mil vagas. A retração foi atribuída ao período de isolamento social imposto pela pandemia, que reduziu a demanda por serviços como restaurantes e hotelaria. No entanto, Miranda observou que, desde 2021, o segmento tem mostrado sinais de recuperação, impulsionado pela retomada das atividades presenciais.

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Por outro lado, os Serviços técnico-profissionais destacou-se como o setor com maior avanço no emprego em 2022, registrando um aumento de 166,1 mil postos de trabalho em comparação a 2021. No período de 2019 a 2022, o número de ocupados nessa área cresceu em 353,8 mil.

Desigualdades regionais e setoriais

A pesquisa também revelou disparidades regionais e setoriais significativas. Em termos de salários, o trabalhador médio do setor de serviços recebeu cerca de 2,3 salários mínimos mensais em 2022, uma estabilidade em relação aos últimos 10 anos. O segmento de Serviços prestados principalmente às famílias foi o que pagou os menores salários, enquanto Serviços de informação e comunicação ofereceu os maiores, com uma média de 4,8 salários mínimos.

Regionalmente, o Sudeste concentrou 65,4% da receita bruta de serviços gerada no país, com destaque para o setor de Transportes rodoviários, especialmente em estados como São Paulo e Rio de Janeiro. Em contraste, a Região Nordeste apresentou os menores salários médios, mantendo-se como a área com a menor remuneração do país.

Mudanças na estrutura de receita

Em termos de receita operacional líquida, o segmento de Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio foi o mais representativo em 2022, responsável por 29,8% do total do setor de serviços. Em contrapartida, o segmento de Serviços de informação e comunicação perdeu participação, especialmente devido à queda na atividade de Telecomunicações, que viu sua representatividade cair 6,7 pontos percentuais entre 2013 e 2022.

Reflexo do cenário econômico nacional

O desempenho positivo do setor de serviços não financeiros em 2022 refletiu o bom desempenho dos principais indicadores macroeconômicos do país, como a queda do desemprego, que encerrou o ano em 7,9%, e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 3%. A recuperação econômica pós-pandemia foi apontada como um fator crucial para os resultados do setor, que teve impulso adicional em áreas com forte integração com outras partes da economia, como Transportes e Tecnologia da Informação.

No entanto, o analista da pesquisa alerta que os efeitos de eventos mais recentes, como as chuvas no Rio Grande do Sul em 2024, ainda não foram capturados pelos dados, que abrangem até o ano de 2022. A análise desses impactos só será possível na pesquisa com dados de 2024, que será divulgada nos próximos anos.

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