Saúde mental no trabalho: como criar um ambiente psicologicamente seguro?

Criar um ambiente de confiança é essencial para promover a saúde mental e aumentar a produtividade nas empresas

O Dia Mundial da Saúde Mental, celebrado em 10 de outubro, destaca um tema cada vez mais relevante no ambiente de trabalho: o bem-estar emocional dos colaboradores. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 18,6 milhões de brasileiros sofrem de transtornos de ansiedade, e quase 12 milhões enfrentam a depressão. Com esses números crescentes, é urgente que as empresas e entidades assumam um papel ativo no cuidado da saúde mental de seus funcionários.

Saúde mental
Cuidar da saúde mental da equipe pode aumentar os níveis de produtividade – Foto: Reprodução/Canva

Rogério Babler, especialista em neuroliderança, ressalta a importância de criar ambientes de trabalho que transmitam confiança e segurança psicológica. “Cuidar da saúde mental dos colaboradores não é só uma questão de humanidade, mas também de produtividade. Quando a pessoa se sente segura, ela confia mais em si mesma, na empresa e nos outros. Nesse contexto, ela se torna mais colaborativa, criativa e disposta a correr riscos saudáveis. Essa pessoa passa a apreciar a jornada, deseja pertencer mais a esse ambiente e, por consequência, os índices de afastamentos reduzem significativamente”, afirma Babler.

Saúde mental no Brasil

O cenário atual reflete essa urgência. No ranking de trabalhadores que mais sentem tristeza e raiva na América Latina, o Brasil ocupa o quarto lugar, segundo o relatório “State of the Global Workplace”, divulgado pela Gallup na última segunda-feira, 23 de setembro. O estudo também coloca o país em sétimo lugar em relação ao estresse no ambiente de trabalho.

Medidas simples, como oferecer um espaço para diálogos abertos, flexibilizar jornadas em momentos de crise pessoal, incluir as pessoas nas soluções de problemas e promover ações voltadas para o bem-estar e autocuidado, podem fazer toda a diferença. Além disso, o investimento em programas de autoconsciência e apoio psicológico, como terapia, mentoria ou treinamentos de eficácia pessoal, são caminhos eficazes para prevenir o esgotamento emocional, o estresse crônico e a síndrome de burnout, que afetam milhares de profissionais.

“Vivemos uma era em que a inteligência emocional é tão importante quanto as habilidades técnicas. Os líderes devem estar atentos aos sinais de sobrecarga e oferecer condições que favoreçam a autoconsciência e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional”, completa Rogério Babler.

Acesso à terapia no Brasil

O Brasil lidera o ranking mundial de ansiedade, com 9,3% da população afetada, conforme a estimativa global de transtornos mentais da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, o país ocupa a segunda posição nas Américas em prevalência de depressão.

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Acesso à terapia se restringe a 5% da população brasileira – Foto: Reprodução/Canva

Apesar disso, apenas 5,1% dos brasileiros fazem psicoterapia, uma das principais formas de tratamento recomendadas para questões de saúde mental. Aproximadamente, 19% consultaram um psicólogo ou psiquiatra no último ano, mas a maioria participou de, no máximo, cinco sessões.

Esses dados fazem parte de uma pesquisa recente conduzida pelo Instituto Cactus, organização voltada à promoção do bem-estar psíquico, em parceria com a AtlasIntel, empresa especializada em pesquisas e dados.

As instituições criaram o Índice Instituto Cactus-Atlas de Saúde Mental (iCASM), um novo indicador para monitorar a saúde mental no Brasil a cada seis meses. Os dados da primeira edição, coletados este ano, revelam que 43% dos brasileiros que fazem terapia começaram há menos de um ano. Além disso, os jovens, estudantes, brancos, mulheres, pessoas com maior renda e maior escolaridade são os que mais aderem à psicoterapia.

A pesquisa também revela uma diferença considerável entre o número de pessoas que fazem psicoterapia e aquelas que utilizam medicamentos contínuos para tratar problemas emocionais, comportamentais ou relacionados ao uso de substâncias. Segundo o levantamento, 16,6% da população brasileira, ou 1 em cada 6 pessoas, usa medicamentos, e 77,7% delas utilizam esses medicamentos há mais de um ano.

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