Desde o lançamento do Voa Brasil, em julho de 2024, o programa tem como foco aposentados que não viajaram nos últimos 12 meses. No entanto, o ritmo de vendas até o momento está muito aquém do esperado. Para alcançar o número prometido, será necessário um esforço significativo na divulgação e expansão do público-alvo que atualmente inclui cerca de 23 milhões de aposentados no país.
Desafios e mudanças no público-alvo
De acordo com o Ministério de Portos e Aeroportos (Mpor), o compromisso é oferecer 3 milhões de passagens ao longo de um ano. Contudo, ainda é impossível determinar quantas passagens foram efetivamente disponibilizadas até agora. O número de 10,4 mil vendas nos primeiros 58 dias representa apenas 0,34% da meta estipulada, o que levanta dúvidas sobre a capacidade do programa de atingir o volume prometido dentro do prazo.
Para aumentar as vendas, o governo federal já sinalizou que pretende incluir estudantes de instituições públicas entre os beneficiados do programa. A ideia é ampliar o público-alvo para atender alunos de programas como o Pronatec e Prouni. Essa nova etapa deve ser oficializada no primeiro semestre de 2025, o que pode ajudar a impulsionar as vendas e atrair novos perfis de passageiros.
Leia também: Carbono: presidente Lula sanciona programa de crédito verde, nesta terça-feira (01)
Cidades mais procuradas
Apesar das dificuldades no ritmo de vendas, os destinos mais procurados pelos aposentados participantes do programa mostram uma demanda significativa por algumas regiões. São Paulo lidera a lista, com quase 20 aeronaves lotadas destinadas à capital paulista, partindo de 47 municípios diferentes. No Nordeste, o Ceará desponta como um dos estados mais populares, com Fortaleza, Juazeiro do Norte e Jericoacoara entre os destinos mais requisitados.
O Sudeste e o Nordeste concentram a maioria dos voos do Voa Brasil até agora, com 45% das passagens vendidas para o Sudeste e 40% para o Nordeste. A região Sul e outras localidades também registraram interesse, principalmente cidades médias e pequenas que costumam ser atendidas pela aviação regional. Destinos como Santarém (PA), Porto Seguro (BA), Campinas (SP), Sinop (MT) e Foz do Iguaçu (PR) estão entre os mais populares.
Expectativa do governo com o Voa Brasil
Segundo o Mpor, o Voa Brasil tem como foco a ocupação de assentos ociosos nas aeronaves, sem subsídios diretos do governo para a compra dos bilhetes. Em 2024, a taxa média de ociosidade nos voos comerciais brasileiros ficou em 20%, o que significa que um a cada cinco assentos em voos domésticos não foi ocupado. O programa visa reduzir essa ociosidade e, ao mesmo tempo, oferecer passagens acessíveis para um público que, historicamente, viaja pouco de avião.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pessoas com mais de 65 anos, público-alvo do Voa Brasil, representam mais de 10% da população brasileira, mas constituem apenas 2% dos passageiros em voos comerciais. Esse dado reflete a baixa participação desse grupo no mercado aéreo, o que o governo espera reverter com o programa.
Perspectivas futuras
O governo federal considera o Voa Brasil uma medida eficaz para valorizar os aposentados e aumentar a ocupação nos voos, ajudando a reduzir custos operacionais das companhias aéreas e beneficiando os usuários com preços mais acessíveis. No entanto, o grande desafio permanece: acelerar o ritmo de vendas para alcançar a meta de 3 milhões de passagens em um período de 12 meses.
Embora o Voa Brasil tenha registrado resultados modestos até o momento, o Mpor destaca que o programa está apenas no início e que há potencial de crescimento à medida que o público-alvo se adapta à ideia de viajar com mais frequência. A inclusão de novos beneficiários, como os estudantes, deve ser um passo importante para alavancar as vendas nos próximos meses.
A meta de vender 3 milhões de passagens até julho de 2025 continua ambiciosa, e o governo precisará adotar estratégias eficazes para ampliar o alcance do programa e garantir que mais brasileiros possam aproveitar essa oportunidade de viajar a preços reduzidos.
Com apenas 0,34% da meta atingida até agora, o programa Voa Brasil enfrenta desafios significativos. A ampliação do público-alvo e uma maior divulgação serão fundamentais para que o ritmo de vendas acelere o suficiente para cumprir os objetivos estabelecidos. Se bem-sucedido, o programa poderá representar um marco na democratização do transporte aéreo no Brasil, especialmente para aposentados e, possivelmente, estudantes de instituições públicas no futuro.