“Ainda Estou Aqui” supera US$ 1 milhão nas bilheteiras dos EUA

O longa-metragem brasileiro “Ainda Estou Aqui” ultrapassou a marca de US$ 1 milhão (aproximadamente R$ 5,87 milhões) em arrecadação nos Estados Unidos. O número foi divulgado pelo Box Office Mojo, neste domingo, 2 de fevereiro.

Cena do filme "Ainda Estou Aqui".
Ainda Estou Aqui se tornou um clássico instantâneo e já levou 4 milhões de brasileiros ao cinema  |Foto: Reprodução/Instagram

A produção, que representa o Brasil no Oscar 2025, teve um crescimento expressivo no circuito norte-americano. Em sua estreia, estava em cartaz em 17 salas; agora, já ocupa 93 cinemas pelo país. Nos primeiros dias de exibição, o filme arrecadou US$ 125,4 mil (cerca de R$ 759,9 mil). Em território nacional, o filme atingiu a marca de 4 milhões de expectadores.

Fenômeno de bilheteria

Em menos de um mês desde sua estreia, em 7 de novembro de 2024, o filme “Ainda Estou Aqui” atingiu a marca impressionante de 2 milhões de espectadores, tornando-se uma das maiores bilheteiras do cinema brasileiro desde a pandemia de Covid-19.

Mesmo enfrentando uma forte concorrência internacional, a produção dirigida por Walter Salles conseguiu se destacar. Em um único fim de semana de novembro, arrecadou R$ 8,9 milhões e levou 390 mil espectadores aos cinemas, superando estreias de peso como o musical “Wicked”, estrelado por Ariana Grande e Cynthia Erivo, e “Gladiador II”, protagonizado por Paul Mescal e Pedro Pascal.

Desde o lançamento, o desempenho de bilheteria tem sido consistente. Apenas 11 dias após a estreia, o longa já havia ultrapassado 1 milhão de espectadores, com uma arrecadação total de R$ 23,5 milhões, segundo dados da Comscore.

No primeiro fim de semana, “Ainda Estou Aqui” dominou as bilheteiras nacionais, arrecadando R$ 8,6 milhões e atraindo 358 mil pessoas, o que representou 27% da bilheteria total do período.

O sucesso de público e crítica reforça a relevância do cinema brasileiro no cenário global e aumenta a expectativa para as premiações internacionais, onde o longa já desponta como um forte concorrente.

Três vezes indicado ao Oscar

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou no dia 23 de janeiro, a lista oficial dos indicados ao Oscar 2025, e o Brasil tem um motivo especial para comemorar: o filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, recebeu três indicações — Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz para Fernanda Torres. Essa é a primeira vez que uma produção nacional concorre na categoria principal, o prêmio mais prestigioso do cinema mundial.

O feito histórico coloca “Ainda Estou Aqui” entre as maiores conquistas do cinema brasileiro no cenário internacional, atrás apenas de “Cidade de Deus”, que teve quatro indicações ao Oscar em 2004. O diretor Walter Salles, por sua vez, celebra sua segunda indicação à premiação, tendo sido nomeado pela primeira vez em 1999, com “Central do Brasil”, que disputou o prêmio de Melhor Filme Internacional.

A força da atuação de Fernanda Torres

O filme acompanha a trajetória de Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres, esposa do deputado Rubens Paiva, vítima da ditadura militar no Brasil. Sua atuação intensa e emocionante já havia sido reconhecida no Globo de Ouro, onde venceu o prêmio de Melhor Atriz em Drama, superando nomes como Demi Moore, Nicole Kidman e Kate Winslet.

A indicação ao Oscar de Fernanda também marca um momento simbólico na história do cinema brasileiro: sua mãe, Fernanda Montenegro, foi indicada na mesma categoria em 1999, por sua performance em “Central do Brasil”.

Reconhecimento e expectativa para o Oscar

Além do sucesso nas premiações, “Ainda Estou Aqui” já vinha colecionando elogios e prêmios, incluindo o de Melhor Roteiro no Festival de Veneza. O longa reafirma a força do cinema brasileiro no circuito global e prova a capacidade do país de contar histórias impactantes e universais, mesmo ao revisitar momentos dolorosos de sua história.

Com as indicações, cresce a expectativa para a cerimônia do Oscar 2025, que acontece em 2 de março. Independentemente do resultado, “Ainda Estou Aqui” já se consagra como um marco de resistência, talento e reconhecimento internacional para o cinema brasileiro.

Recordes e liderança nacional

Além de conquistar reconhecimento internacional com indicações ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, “Ainda Estou Aqui” também se tornou a produção de maior público da carreira de Walter Salles. Até o final de novembro, o longa já havia sido assistido por 1,7 milhão de espectadores, ultrapassando o recorde de “Central do Brasil” (1998), que levou 1,6 milhão de pessoas às salas de cinema no Brasil.

Com um orçamento de R$ 8 milhões, a combinação da direção experiente de Salles e um roteiro envolvente garantiu ao filme um lugar de destaque entre as principais produções nacionais. No ranking das maiores estreias brasileiras de 2024, “Ainda Estou Aqui” já ocupa a terceira posição, ficando atrás apenas de “Nosso Lar 2: Os Mensageiros” e “Os Farofeiros 2”.

O sucesso nas redes sociais

Após conquistar o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Drama, Fernanda Torres protagonizou mais um feito marcante. Sua participação no Jimmy Kimmel Live gerou um recorde de 3,5 milhões de visualizações no Instagram do programa, um número impressionante, muito superior ao alcançado por outras celebridades, como Selena Gomez, que obteve 450 mil visualizações na mesma plataforma.

A mobilização dos brasileiros foi um dos pontos altos dessa repercussão. Redes sociais foram tomadas por mensagens de apoio e orgulho, com uma verdadeira “tropa digital” demonstrando força e união. Esse engajamento já havia sido visto em outros momentos, como quando uma foto de Fernanda Torres no perfil oficial do Globo de Ouro atingiu 1 milhão de curtidas em apenas 24 horas.

Além disso, fãs tomaram conta das publicações exigindo o discurso de agradecimento da atriz, e até mesmo críticas negativas foram respondidas com provocações bem-humoradas. Destacam-se as reações contra o crítico francês Jacques Mandelbaum, do Le Monde, e o programa argentino Vamos Las Chicas, que satirizou Fernanda.

Esse fenômeno digital tem um contraste evidente com a indicação ao Oscar de 1999, quando “Central do Brasil” representou o Brasil sem o impacto das redes sociais. Hoje, o poder das redes é inegável, com uma mobilização nacional que chama atenção internacionalmente.

Resta a dúvida: será que essa mobilização influenciará o voto da Academia? O que é certo é que o sucesso de Fernanda Torres e o êxito de “Ainda Estou Aqui” refletem um talento imenso e um fervor pelo cinema nacional que ultrapassa as fronteiras do Brasil e conquista o mundo.

Sobre o filme:

Dirigido por Walter Salles, “Ainda Estou Aqui” é uma adaptação do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva. O drama revisita um dos períodos mais sombrios da história do Brasil, a ditadura militar dos anos 1970, narrando a trágica história de Rubens Paiva, interpretado por Selton Mello.

O enredo acompanha sua esposa, Eunice (Fernanda Torres), e seus filhos, que lidam com a ausência repentina do patriarca, levado por militares e nunca mais visto.

O elenco também conta com Valentina Herszage, Maeve Jinkings, Antonio Saboia, Humberto Carrão, Dan Stulbach, Charles Fricks, entre outros.

No Brasil, o filme segue em cartaz e tem sido apontado como a melhor aposta nacional no Oscar em quase 20 anos.

Leia também: O impacto do Oscar no Brasil: muito além do cinema

Atualize-se.
Receba Nossa Newsletter Semanal

Sugestões para você