Apple anuncia investimento de US$ 500 bi nos EUA em 4 anos

A Apple revelou nesta segunda-feira, 24 de fevereiro, um ambicioso plano de investimento de US$ 500 bilhões (R$ 2,865 trilhões) nos Estados Unidos nos próximos quatro anos, com destaque para a expansão de suas operações de conteúdo para o serviço de streaming e o fortalecimento de sua infraestrutura de inteligência artificial (IA).

A gigante de tecnologia informou que participará da construção de uma fábrica de 23 mil metros quadrados no Texas, a ser concluída até 2026. A unidade será dedicada ao desenvolvimento de servidores para IA e terá um impacto significativo na criação de aproximadamente 20 mil empregos, principalmente nas áreas de pesquisa e desenvolvimento no país.

Apple investe US$ 500 bilhões em IA e fabricação nos EUA
O anúncio da Apple foi muito celebrado pelo presidente Donald Trump |Foto: Reprodução/Getty Images

Esse anúncio segue o histórico da Apple de fazer investimentos substanciais em solo norte-americano. Durante o primeiro governo de Donald Trump, a empresa já havia anunciado um compromisso de US$ 350 bilhões (R$ 2,008 trilhões) para o período de cinco anos, o que reflete sua contínua aposta no mercado interno.

Além disso, a Apple destacou que, em parceria com a Foxconn, uma grande fabricante de componentes eletrônicos que monta produtos para empresas como a Apple, irá construir uma nova fábrica em Houston, onde montará servidores para as centrais de processamento de dados do “Apple Intelligence”, um conjunto de serviços de inteligência artificial (IA) que a empresa está desenvolvendo. A produção desses servidores, que até então era realizada fora dos Estados Unidos, agora será internalizada no território americano.

A empresa também anunciou o aumento do seu Fundo de Manufatura Avançada de US$ 5 bilhões (R$ 28,65 bilhões) para US$ 10 bilhões (R$ 57,3 bilhões), como parte de seu compromisso multibilionário com a produção de chips avançados na fábrica da TSMC no Arizona.

A Apple não forneceu detalhes sobre os termos do acordo com a taiwanesa TSMC, mas afirmou em nota que o fundo tem sido fundamental para apoiar parceiros na construção da infraestrutura necessária para fornecer componentes essenciais para seus produtos.

Este investimento de US$ 500 bilhões (R$ 2,865 trilhões) reflete a contínua estratégia da Apple de fortalecer sua presença nos Estados Unidos, ampliar suas capacidades tecnológicas e se preparar para o futuro da inteligência artificial, ao mesmo tempo em que se adapta ao cenário de tarifas e tensões comerciais com a China.

Trump comemora investimento da Apple de US$ 500 bi nos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou suas redes sociais para comemorar o anúncio da Apple de um investimento de US$ 500 bilhões no país nos próximos quatro anos.

“A Apple acaba de revelar um investimento recorde de US$ 500 bilhões na América. A razão disso é a confiança no que estamos fazendo – sem essa confiança, eles não estariam investindo nem um centavo. Obrigado, Tim Cook e Apple”, escreveu Trump em sua conta na rede Truth Social.

Trump e Cook se encontraram na semana passada para discutir os planos da empresa nos Estados Unidos.

Hoje, a maioria dos produtos da Apple é fabricada fora dos Estados Unidos por empresas terceirizadas. Muitos itens montados na China podem ser impactados por tarifas de 10% impostas pelo governo dos EUA, embora a empresa tenha recebido incentivos durante o primeiro mandato de Trump.

O impacto econômico e as perspectivas futuras

O investimento da Apple terá efeitos significativos sobre a economia local e nacional. A construção de novas fábricas e o aumento da produção doméstica criarão milhares de empregos, não apenas na fabricação, mas também em setores de alta tecnologia, pesquisa e desenvolvimento.

Isso contribui para o crescimento econômico em várias regiões dos Estados Unidos, criando um efeito multiplicador que pode beneficiar empresas de diversos setores, desde fornecedores de componentes até empresas de logística e transporte.

Além disso, o aumento do foco da Apple em inteligência artificial posiciona a empresa como um líder na próxima revolução tecnológica. A IA está se tornando um motor essencial para inovação em diversas áreas, e a Apple está se preparando para ser uma das pioneiras no uso dessa tecnologia em produtos de consumo e serviços, desde dispositivos inteligentes até soluções de automação.

Em um cenário global de tensões comerciais e incertezas políticas, a Apple parece cada vez mais comprometida em investir no mercado interno dos Estados Unidos. Esse movimento não apenas reforça sua posição de liderança no setor de tecnologia, mas também ajuda a enfrentar desafios externos, como a concorrência com empresas chinesas e as complexidades da cadeia de suprimentos globais.

Com um investimento tão expressivo, a Apple está, sem dúvida, preparando o terreno para uma nova fase em sua história. E, ao focar em áreas como inteligência artificial e fabricação avançada, a empresa se coloca na vanguarda das inovações que definem o futuro da tecnologia.

Por que as big techs se aproximaram de Trump?

A recente mudança na postura de líderes de grandes empresas de tecnologia, como Mark Zuckerberg, sobre como lidam com o conteúdo online, mostra uma aproximação maior com Donald Trump e a extrema direita.

Isso inclui o fim da checagem de informações e uma postura mais flexível em relação à desinformação, o que é bem diferente da atitude durante o primeiro mandato de Trump, quando as plataformas enfrentaram críticas e investigações sobre suas práticas de negócios e o caso da Cambridge Analytica.

A decisão de Zuckerberg e outras mudanças na liderança da Meta mostram uma aproximação com o governo republicano, especialmente agora que o governo de Joe Biden e organizações internacionais, como a União Europeia, estão pedindo mais regulamentação no setor de tecnologia.

Essa aproximação também ajuda a proteger os interesses financeiros das empresas de tecnologia, que não querem regras que possam prejudicar seus negócios.

Para CEOs como Elon Musk, Jeff Bezos e Zuckerberg, esse alinhamento com Trump pode significar menos investigações sobre práticas de mercado e mais proteção contra pressões externas, como as que acontecem em países com regimes mais autoritários.

Além disso, há uma estratégia voltada para outros países, onde os interesses econômicos e a resistência à censura são importantes para esses líderes. Eles acreditam que um possível segundo mandato de Trump seria mais favorável para suas empresas e traria menos regras sobre suas atividades.

Essa mudança no cenário de negócios, focada na defesa da liberdade de expressão sem restrições, especialmente no discurso da direita, coloca as grandes plataformas de tecnologia em uma posição importante nas relações entre tecnologia e política, tanto nos Estados Unidos quanto no resto do mundo.

Alinhamento ao governo e abandono de políticas de diversidade

No começo do segundo mandato de Donald Trump, várias empresas que tinham políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) começaram a rever ou até abandonar essas ações.

Esse movimento não foi apenas uma decisão interna, mas também uma resposta às pressões políticas, sociais e legais do momento, que mudaram o ambiente de negócios.

Com a chegada do governo Trump, muitas dessas empresas passaram a se preocupar menos com a diversidade, devido ao clima político mais conservador.

Veja como algumas empresas mudaram suas políticas:

Deloitte

A Deloitte, uma das maiores consultorias do mundo, disse que sua prioridade era garantir que estivesse em conformidade com as leis, tanto como empresa privada quanto como contratante do governo. Por isso, a empresa precisou adaptar suas políticas de diversidade para continuar a trabalhar com o governo sem enfrentar problemas legais.

Google

O Google também ajustou suas práticas, dizendo que queria criar um “ambiente de trabalho onde todos possam ter sucesso e igualdade de oportunidades”, mas sem dar tanto foco nas políticas de diversidade como antes. Em vez de ações específicas para minorias, a empresa passou a se concentrar em tornar o ambiente mais inclusivo de maneira geral.

Target

A Target disse que precisava “acompanhar o cenário em transformação”, indicando que estava atenta às mudanças políticas e sociais e precisava ajustar suas políticas internas para se alinhar com essas novas demandas. Embora ainda valorize a inclusão, a empresa agora se preocupa mais em se adaptar às pressões externas.

Meta

A Meta (antigo Facebook) afirmou que as mudanças políticas e legais nos Estados Unidos estavam afetando suas políticas de diversidade. A empresa ajustou suas práticas para se adaptar ao novo cenário político.

Amazon

A Amazon anunciou o “encerramento de programas e materiais desatualizados”, o que sugere o fim de algumas iniciativas de diversidade, antes voltadas para ações afirmativas e promoção de uma cultura inclusiva. Isso pode ser visto como uma tentativa de simplificar e evitar problemas legais em um ambiente mais conservador.

McDonald’s

O McDonald’s disse que sua prioridade seria “uma discussão mais integrada com os fornecedores sobre a inclusão”, com foco no desempenho dos negócios. Isso significa que a inclusão seria vista mais como um fator corporativo, que pode impactar os lucros, e menos como uma ação social a ser promovida por políticas internas de diversidade.

Walmart

O Walmart também se disse disposto a mudar suas práticas, dizendo que estava mudando “junto com nossos associados e clientes”. Isso indica que a empresa queria alinhar suas políticas com as expectativas de seus funcionários e clientes, que poderiam ter opiniões diferentes sobre a diversidade dependendo do clima político.

Ford, Lowe’s e Brown-Forman

A Ford, Lowe’s e Brown-Forman reconheceram que as mudanças externas e legais exigiram que revisassem suas políticas internas. Elas ajustaram suas práticas para evitar problemas legais e tentar acompanhar as transformações políticas. A Brown-Forman, em especial, disse que o cenário havia mudado muito e que era hora de reavaliar suas estratégias de diversidade.

Harley-Davidson, John Deere e Tractor Supply

A Harley-Davidson, John Deere e Tractor Supply foram diretas ao dizer que suas políticas de diversidade nunca foram focadas em ações afirmativas, como cotas ou identificação de pronomes. Essas empresas adotaram uma abordagem mais cautelosa desde o começo e agora estão sendo mais práticas, respondendo à pressão externa.

A Tractor Supply, por exemplo, disse ter ouvido feedback de clientes que não estavam satisfeitos com suas políticas de inclusão e tomou isso em conta. Isso mostra a preocupação com a opinião pública e a adaptação às expectativas dos consumidores.

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