Carrefour quer comprar ações do Carrefour Brasil e retirar empresa da Bolsa

O Carrefour, grupo francês, anunciou nesta terça-feira, 11 de fevereiro, sua intenção de retirar o Carrefour Brasil da Bolsa de Valores (B3). Esse movimento, conhecido como fechamento de capital, significa que as ações da empresa deixarão de ser negociadas no mercado financeiro, e a companhia terá controle total sobre suas operações no Brasil, sem as exigências de companhias de capital abertas.

Carrefour planeja retirar o Carrefour Brasil da Bolsa.
Após o anúncio, as ações do Carrefour Brasil valorizaram 14,7% no mercado |Foto: Divulgação/Carrefour

Atualmente, qualquer investidor pode comprar ações do Carrefour Brasil, mas, ao sair da Bolsa, a companhia não precisará mais divulgar balanços trimestrais nem seguir as regras de governança corporativa da B3. Com isso, o grupo terá mais liberdade para implementar estratégias de longo prazo, sem pressão de investidores externos. A medida pode facilitar sua restrição e ampliar sua atuação no país.

Para concretizar esse plano, a empresa francesa pretende comprar ações ainda em circulação, e investir cerca de R$ 5,3 bilhões para ser a única dona do Carrefour Brasil. Atualmente, o grupo francês já detém 67,4% do capital, enquanto 7,3% pertencem à Península Participações, da família Diniz, e os 25,3% restantes são negociados na Bolsa.

A relação com a família Diniz

O grupo Península, ligado à família Diniz, também está envolvido no processo de fechamento de capital. Segundo o blog Pipeline, do Valor Econômico, a Península está em busca de bancos para vender sua participação no Brasil, além de manter uma parte significativa no Carrefour global por meio de seu
family office, que é uma estrutura privada de gestão de investimentos externos para atender às necessidades financeiras e patrimoniais de uma família.

Em um comunicado, a empresa francesa afirmou que a Península apoia totalmente a transação. A família Diniz demonstrou confiança na gestão, ao converter suas ações da filial brasileira em ações da matriz global, consolidando sua posição como o maior acionista do grupo. Essa mudança reforça o compromisso da família com a estratégia de longo prazo da companhia.

O processo de fechamento de capital

Para que a operação seja concluída, um comitê independente avaliará a proposta e garantirá que as condições sejam justas para os acionistas minoritários. Caso a oferta seja aprovada, a decisão será levada a votação em uma segunda Assembleia Geral, prevista para o trimestre inicial de 2025. Se validada pelos acionistas, a compra das ações e o fechamento de capital deverão ocorrer no primeiro semestre de 2025.

Esse movimento segue uma tendência observada no mercado, onde as empresas buscam maior autonomia e evitam a volatilidade dos preços das ações. O impacto dessa decisão no varejo brasileiro será analisado, mas analistas acreditam que o fechamento de capital pode fortalecer a operação e melhorar a rentabilidade no longo prazo.

Valorização das ações

Após o anúncio, as ações da rede varejista brasileira tiveram uma valorização significativa. Durante o pregão, o período em que as ações são compradas e vendidas na Bolsa de Valores, os papéis chegaram a ser negociados a R$ 7,65, com uma alta de 14,7%, fechando o dia a R$ 7,13.

O aumento ocorreu porque os investidores interpretaram a decisão como um sinal de confiança no futuro da companhia. Historicamente, quando uma empresa demonstra interesse em recomprar suas ações, o mercado vê isso como uma aposta no crescimento e recuperação da organização.

O que muda para os acionistas?

Os investidores terão três opções para vender suas ações:

  1. Receber R$ 7,70 por ação em dinheiro;
  2. Trocar 11 ações da filial brasileira por 1 ação do grupo global;
  3. Receber metade do pagamento em dinheiro (R$ 3,85 por ação) e trocar 22 ações da subsidiária por 1 ação da controladora.

A comissão independente recomendou que o conselho de administração aceitasse a oferta, mas a decisão final caberá aos acionistas minoritários, que votarão na Assembleia Geral de 2025.

Expectativas para o futuro da operação no Brasil

A gestão acredita que o fechamento de capital permitirá uma administração mais eficiente e estratégica, sem a pressão do mercado de curto prazo. A medida deve facilitar a implementação de planos de longo prazo e novos investimentos no país.

Especialistas apontam que a operação brasileira está em reestruturação e suas ações estão sendo negociadas abaixo do esperado, o que torna o fechamento de capital uma oportunidade para fortalecer a operação e melhorar a rentabilidade.

A expectativa é que, com a mudança, a empresa ganhe mais flexibilidade para expandir suas operações e investir em novos projetos no Brasil, focando em eficiência e crescimento. A decisão será observada de perto, principalmente devido à forte concorrência no setor varejista brasileiro.

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