Santander Brasil registra lucro de R$ 3,85 bi no 4º trimestre

O Santander Brasil registrou um lucro significativo no quarto trimestre de 2024, consolidando um salto expressivo em sua rentabilidade. O lucro líquido gerencial do banco atingiu R$ 3,85 bilhões no período, um crescimento de 74,9% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, 5 de fevereiro. O resultado foi impulsionado pelo crescimento da margem financeira e pela melhora na rentabilidade, reforçando a posição do banco no mercado brasileiro.

 Santander registra lucro bilionário no 4º trimestre de 2024.
Santander Brasil aposta na ‘hiperpersonalização’ para 2025, usando tecnologia para oferecer serviços mais personalizados aos clientes  |Foto: Reprodução/Getty Images

As projeções compiladas pela Lseg (London Stock Exchange Group, empresa britânica que fornece dados financeiros e análises de mercado) estimavam um lucro de R$ 3,72 bilhões para a unidade brasileira do Santander. Na comparação trimestral, o crescimento do lucro foi de 5,2%, evidenciando uma evolução constante no desempenho financeiro do banco.

Expansão da margem financeira e rentabilidade

A margem financeira bruta do Santander Brasil cresceu 16% em comparação ao ano anterior e 4,9% frente ao trimestre anterior. Esse crescimento foi impulsionado pelo aumento da margem com clientes, que avançou 13,7% na base anual e 5,9% na base trimestral, atingindo R$ 15,78 bilhões.

Além disso, a margem com o mercado apresentou um saldo positivo de R$ 198 milhões, revertendo um resultado negativo de R$ 102 milhões um ano antes, mas abaixo dos R$ 325 milhões do terceiro trimestre.

O avanço na margem com clientes foi favorecido pela melhora na margem de produtos, que cresceu 6,4%, refletindo spreads (diferença entre o preço da compra e o preço da venda) mais elevados no crédito e um melhor mix nas captações, beneficiado pela alta da Selic. Já a margem com mercado sofreu impacto negativo do menor desempenho da tesouraria e da elevação da Selic no período.

O retorno sobre o patrimônio médio (ROAE) do banco registrou 17,6% no quarto trimestre de 2024, um aumento significativo em relação aos 12,3% do mesmo período de 2023 e ligeiramente acima dos 17% registrados no terceiro trimestre de 2024. Ana Botín, presidente do conselho de administração do Santander, declarou em nota que a instituição prevê um índice de rentabilidade estável no Brasil ao longo de 2025.

Crescimento da carteira de crédito

A carteira de crédito ampliada do banco, que inclui operações estruturadas no mercado de capitais, atingiu R$ 682,69 bilhões no final de dezembro de 2024. Isso representa um crescimento de 6,2% em relação ao mesmo período do ano anterior e de 2,9% na comparação trimestral. O banco destacou que tem priorizado a alocação de recursos em linhas de crédito com maior rentabilidade e boa qualidade de ativos.

As provisões de crédito totalizaram R$ 6,68 bilhões no quarto trimestre, representando uma queda de 12,7% na base anual e de 1,7% na base trimestral. A recuperação de crédito, por sua vez, recuou 8,5% no comparativo anual e 17,8% frente ao trimestre anterior, totalizando R$ 750 milhões. O Santander Brasil tem adotado critérios mais rigorosos nos processos de renegociação, o que impactou a recuperação de crédito e o volume de operações renegociadas.

Índices de inadimplência

A taxa de inadimplência acima de 90 dias do banco ficou em 3,2% ao final de dezembro de 2024, ligeiramente acima dos 3,1% registrados um ano antes, mas estável em relação a setembro do mesmo ano. No segmento de pessoa física, a inadimplência permaneceu em 4,3% em relação a dezembro de 2023, enquanto na pessoa jurídica, houve um leve aumento para 1,6%, comparado a 1,4% no ano anterior.

A formação de crédito em atraso (NPL formation) somou R$ 5,74 bilhões no trimestre, uma queda em relação aos R$ 6,83 bilhões do quarto trimestre de 2023 e aos R$ 5,9 bilhões do terceiro trimestre. A relação entre NPL formation e a carteira de crédito atingiu 1,07%, reduzindo 0,29 ponto percentual na base anual e 0,02 ponto na base trimestral.

Estratégia de “hiperpersonalização

Para 2025, o Santander Brasil pretende focar na “hiperpersonalização” (uso de dados e tecnologia para oferecer produtos e serviços personalizados de acordo com o perfil e comportamento do cliente) do relacionamento com os clientes.

Segundo o presidente-executivo do banco, Mario Leão, a estratégia inclui a simplificação do modelo de segmentação do varejo pessoa física. Desde janeiro, os clientes passaram a ser divididos entre clientes Santander e clientes Select.

“Além de ser o banco principal de nossos clientes, queremos que cada um deles sinta que é o nosso principal cliente”, afirmou Leão em nota.

Em 2024, o banco acumulou um lucro total de R$ 13,87 bilhões, um crescimento de 47,8% em relação a 2023. No final do quarto trimestre, o índice de Basileia ficou em 14,3%, abaixo dos 14,5% de dezembro de 2023 e dos 15,2% registrados em setembro. Já o índice de capital nível 1 caiu para 12,1%, ante 12,4% um ano antes e 13% em setembro.

Provisões para perdas e novo modelo contábil

O Santander Brasil divulgou previsões sobre os impactos da resolução n.º 4.966/2021 da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que entrou em vigor no início de 2025. Essa norma estabelece novas regras para o registro de operações financeiras e da chamada contabilidade de hedge, uma prática utilizada por empresas para reduzir os riscos causados por variações no mercado, como mudanças no câmbio, taxas de juros ou preços de commodities.

Com essa atualização, as empresas precisarão seguir critérios mais rigorosos e padronizados ao registrar essas operações em seus balanços, garantindo maior transparência e previsibilidade nos resultados financeiros.

A adoção do modelo de perdas esperadas associadas ao risco de crédito deve resultar em um aumento de R$ 4,4 bilhões na provisão do banco, representando um crescimento de 11% sobre o saldo da provisão registrado em dezembro de 2024. Isso impactaria o patrimônio líquido com uma redução estimada de R$ 2,5 bilhões e um decréscimo de 0,14 ponto nos índices de capital do banco.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central publicaram uma resolução em 2024 estabelecendo um cronograma de transição para os impactos do novo modelo de provisionamento no capital regulatório das instituições financeiras. Segundo a resolução 5.199, os ajustes negativos serão implementados de forma gradual: 75% em 2025, 50% em 2026 e 25% em 2027, atingindo o impacto total apenas em 2028.

Além disso, a reclassificação de categorias de ativos, de “disponíveis para venda” para “custo amortizado”, resultará em uma redução de R$ 216 milhões no valor dos ativos, impactando diretamente o patrimônio líquido do banco.

Com uma estratégia bem definida para 2025 e um desempenho financeiro sólido, o Santander Brasil busca manter sua trajetória de crescimento, fortalecendo sua atuação no mercado e aprimorando a experiência dos clientes.

Leia também: Quais são os maiores bancos do mundo?

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