Influenciadora Marina Melo fala sobre acessibilidade e comenta o alto custo da inclusão no Brasil

A acessibilidade é financeiramente acessível? Pessoas com deficiência precisam investir um valor alto para ter liberdade e autonomia

Nos últimos anos, tem-se discutido cada vez mais sobre acessibilidade no Brasil. Leis foram implementadas, prédios públicos e privados passaram por adaptações, e uma conscientização sobre a importância da inclusão ganhou espaço na sociedade. No entanto, por trás dessa aparente evolução, há uma realidade muitas vezes ignorada: a acessibilidade não é acessível para a maioria das pessoas que dela necessitam.

Ela vai além de rampas e banheiros adaptados, pois abrange uma série de necessidades que visam tornar a vida das pessoas com deficiência mais fácil e independente. No entanto, os custos associados a essas necessidades podem ser exorbitantes, tornando-as fora do alcance de muitos brasileiros.

A acessibilidade é financeiramente acessível?

Considerando esse aspecto, conversamos com Marina Melo, uma criadora de conteúdo que compartilha sua rotina como uma jovem com deficiência que utiliza cadeira de rodas motorizada. Ela nos afirmou que a acessibilidade não é acessível financeiramente.

“Eu sou independente porque posso pagar por isso. Para pessoas com deficiência, a independência está diretamente relacionada ao dinheiro. Arrisco dizer que até mesmo a saúde depende das condições financeiras”, enfatiza.

Marina Melo, influenciadora explica sobre acessibilidade no mundo da maquiagem

Um dos principais obstáculos para a acessibilidade é o alto custo dos equipamentos especializados. Desde cadeiras de rodas motorizadas até próteses e aparelhos auditivos, esses itens essenciais podem gerar problemas financeiros e impactar diretamente no bem-estar das pessoas que necessitam daquele item.

Marina partilhou que há dez anos realizou a compra de sua cadeira elétrica, por ser adaptada de acordo com suas necessidades gastou na época aproximadamente R$ 9.000,00 e desde então, anualmente vai a São Paulo para realizar as manutenções.

“A adaptação é feita em São Paulo e o valor da manutenção é de aproximadamente R$ 1.000,00. Então além desse custo, temos o gasto de estadia por no mínimo sete dias, para três pessoas, afinal, eu preciso de dois acompanhantes”, explica a estudante de designer gráfico.

As modificações em casa também são um aspecto crucial da acessibilidade, pois além de mudanças estruturais é importante que as pessoas com deficiência tenham móveis que lhe permitam ter autonomia.

“A adaptação depende da estrutura atual e de algumas informações que variam em cada obra. Porém, os valores podem variar entre R$ 1.500 a R$ 4.000 por m². Nessa ‘cotação’ nós consideramos retirada de portas e realocações de pontos, no entanto caso tenha a necessidade de modificação de vaso sanitários ou outros pontos e ampliação de paredes, o valor pode ser ainda maior”, explica o arquiteto Daniel Amaro.

No caso de Marina, para ter mais liberdade no seu dia a dia, foi colocado em seu quarto uma mesa regulável que lhe permite trabalhar e fazer suas atividades diárias. No entanto, o custo dessas adaptações muitas vezes é proibitivo, deixando muitas famílias sem acesso a um ambiente adequado e seguro.

“Ser uma pessoa com deficiência no Brasil é muito caro. O governo poderia mudar isso de diferentes formas, uma delas seria garantir um auxílio real para PCDs e políticas para disponibilizar tecnologias assistivas (cadeiras, próteses, etc)”, ressalta a influenciadora que explica que atualmente o auxílio que a pessoa com deficiência recebe é bloqueado caso ela comece a trabalhar.

Custos associados à saúde

Muitas pessoas com deficiência necessitam de assistência diária para realizar tarefas básicas, como se vestir, se alimentar e se locomover. Contratar um cuidador pode representar um ônus financeiro significativo, especialmente para famílias de baixa renda. No caso de Marina, ela revela que necessita de dois cuidadores e com isso, tem um custo mensal que se aproxima dos R$ 3.000.

Além disso, não podemos esquecer dos gastos com tratamentos médicos e medicamentos. Os custos desses tratamentos podem ser altíssimos, tornando difícil para muitas famílias arcar com essas despesas.

“O remédio que eu tomo para impedir a atrofia muscular espinhal custa R$ 70 mil por frasco, e eu o recebo pelo SUS. Mas já fiquei 45 dias sem a medicação, e foi horrível. No entanto, não comprei, nem sei como funciona para comprar”, explica Marina.

Em suma, embora haja um reconhecimento crescente da importância da acessibilidade, a realidade é que ela ainda está longe de ser acessível para a maioria das pessoas que dela necessitam.

Os altos custos associados à inclusão podem excluir muitos brasileiros, impedindo que eles desfrutem de uma vida plena e independente. Portanto, é crucial que o governo e a sociedade como um todo reconheçam esses desafios e trabalhem juntos para tornar a acessibilidade verdadeiramente acessível para todos.

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