Nova York exige notificação de demissões causadas por IA

A rápida expansão da inteligência artificial (IA) no ambiente corporativo está provocando mudanças profundas nas indústrias e impactando os trabalhadores, além de gerar preocupações sobre a segurança no emprego.

O avanço da automação já levou empresas a anunciar cortes significativos, como bancos globais que projetam até 200 mil demissões nos próximos anos, e a Meta reduzindo 5% de sua equipe, priorizando a dispensa de funcionários com baixo desempenho.

Gráfico mostrando impacto da IA nas demissões corporativas.
Empresas em Nova York devem informar cortes ligados à IA. Medida busca transparência e apoio a trabalhadores com requalificação |Foto: Reprodução/Getty Images

Nos Estados Unidos, governos estaduais têm reagido a esses desafios. Algumas administrações estão fortalecendo as proteções trabalhistas e exigindo que as empresas promovam programas de requalificação para seus profissionais. Em Nova York, a governadora Kathy Hochul anunciou uma medida pioneira em seu relatório State of the State de 2025, divulgado no dia 16 de janeiro.

A legislação estadual foi ampliada para incluir demissões relacionadas à adoção de novas tecnologias. Agora, as empresas são obrigadas a informar explicitamente ao estado quando os cortes na força de trabalho forem causados por mudanças tecnológicas. A medida busca promover maior transparência e preparar melhor o mercado de trabalho para as transformações impulsionadas pela automação.

O que muda?

Nova York se destaca como o primeiro estado dos Estados Unidos a exigir que as empresas informem demissões relacionadas ao uso de tecnologias de inteligência artificial. A medida amplia uma legislação já existente, que obriga os empregadores a fornecer aviso prévio sobre demissões em massa, com o objetivo de facilitar a requalificação ou recolocação dos trabalhadores afetados.

Com essa mudança, o estado dá um passo importante na responsabilização das empresas pelos impactos da transformação digital. A inclusão das demissões relacionadas a essas tecnologias emergentes reflete uma crescente preocupação com os efeitos sociais e trabalhistas que elas podem causar.

Além disso, a nova lei envia um alerta forte às corporações sobre a necessidade de adotar uma gestão ética e responsável dessas ferramentas. Espera-se que essa mudança incentive investimentos em programas de requalificação e iniciativas que promovam a redistribuição de empregos, ajudando a reduzir os impactos negativos nos trabalhadores e facilitando uma transição mais justa para o futuro do mercado de trabalho.

O que as empresas podem fazer?


1. Investir em programas de requalificação

As empresas estão cada vez mais investindo em preparar seus funcionários para um futuro em que a inteligência artificial (IA) seja mais presente. Em vez de ver as novas tecnologias como uma ameaça, muitas empresas estão oferecendo mais treinamento para seus trabalhadores, ajudando-os a se adaptar a funções de alta demanda, como o gerenciamento de sistemas de IA e a análise de dados.

Esse esforço tem como objetivo não só ajudar os funcionários a se adaptarem a novas funções, mas também atender à crescente necessidade de habilidades que acompanhem as inovações tecnológicas.

O Fórum Econômico Mundial aponta que a falta de habilidades é o maior obstáculo para as empresas se transformarem. A pesquisa mostra que 85% dos empregadores planejam investir mais na qualificação de sua equipe, sendo que metade deles vai focar na mudança de funções que estão diminuindo para aquelas que estão em crescimento. No entanto, um estudo da The Conference revelou que apenas 7% dos diretores de RH estão implementando estratégias para treinar funcionários cujos empregos podem ser afetados pela IA.

Para ajudar nesse processo, a governadora de Nova York pediu que o Escritório de Serviços de Tecnologia da Informação do estado crie treinamentos sobre IA para seus funcionários. Esses treinamentos ensinarão o básico de como usar a IA de forma segura no trabalho, aumentando a produtividade e eficiência.

2. Desenvolver um plano estratégico para a força de trabalho

Os empregadores precisam avaliar suas necessidades de força de trabalho, buscando formas de capacitar seus funcionários atuais, em vez de depender apenas de novas contratações para cargos ligados à automação. Também é importante que considerem quais novas funções surgirão com a implementação dessas tecnologias e ajustem seus planos de recrutamento conforme necessário.

Segundo o relatório State of the New York City Economy da NYCEDC (New York City Economic Development Corporation), para cada emprego que a automação eliminar em Nova York, de quatro a dez outras funções podem ser criadas ou expandidas. A consultoria McKinsey & Company estima que, até 2030, a região gerará 200 mil novos postos de trabalho, impulsionados por inovações tecnológicas.

3. Adotar decisões transparentes

Com as novas regras, as empresas precisam explicar de forma clara os motivos das mudanças causadas pela automação e envolver os funcionários no processo. Uma comunicação aberta ajuda a criar confiança e diminui as preocupações dos trabalhadores, mostrando claramente por que a tecnologia está sendo utilizada e o que se espera alcançar com isso.

A transparência cria um ambiente de trabalho mais colaborativo, onde os funcionários se sentem valorizados e bem informados, o que aumenta as chances de aceitarem programas de requalificação oferecidos pelas empresas.

Como não perder seu emprego para a tecnologia?

Os profissionais devem adotar cinco estratégias para se destacar no cenário em constante evolução causado pela automação:

  • Estabeleça conexões: participe de comunidades ligadas à tecnologia para identificar novas oportunidades que se alinhem com suas habilidades e interesses.
  • Entenda as tendências: preveja como as novas tecnologias podem ampliar ou substituir funções no seu campo nos próximos anos.
  • Invista em aprendizado constante: cursos online oferecem uma forma acessível de aprimorar habilidades, independentemente da idade ou nível de conhecimento técnico.
  • Valorize habilidades socioemocionais: desenvolva competências como liderança, curiosidade e pensamento crítico, que serão essenciais, mesmo com o avanço da automação.
  • Use ferramentas tecnológicas: Torne-se familiar com as ferramentas mais recentes, demonstrando aos empregadores sua capacidade de adaptação e aproveitamento da tecnologia no ambiente de trabalho.

Leia também: Saiba quais são as 15 habilidades essenciais para trabalhar no Google

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