Brasileiros recebem até R$ 700 por escaneamento de íris; entenda

A Íris humana está no centro de uma polêmica: o projeto World, idealizado por Alex Blania e Sam Altman, CEO da OpenAI, propõe criar um “passaporte de humanidade” chamado World ID, usando o escaneamento ocular para distinguir humanos de robôs e inteligências artificiais. Esta semana, imagens no TikTok mostraram brasileiros em São Paulo dispostos a “vender a íris” por R$ 700, gerando debates acalorados e chamando atenção para a expansão do projeto no país.

Brasileiros participam de projeto que paga por escaneamento de íris.
Projeto global World oferece até R$ 700 por escaneamento de íris para criar identidade digital Foto: Reprodução/Freepik

Lançado em 2023, o projeto já conta com mais de 100 mil usuários no Brasil em menos de dois meses de operação, e 10 milhões de pessoas ao redor do mundo. O foco do World é utilizar a tecnologia para registrar a íris dos participantes, criando uma identidade digital que autentica que o usuário é um ser humano. Esse processo é feito por meio de um dispositivo chamado Orb, que escaneia a íris e gera o World ID.

O “incentivo” financeiro e a “recompensa” em criptomoeda

A principal razão que atrai os participantes é a recompensa em dinheiro oferecida pelo projeto, que é paga em forma de criptomoeda. Depois de registrarem suas íris, os usuários recebem worldcoins, uma moeda digital criada especialmente para esse propósito. Essa moeda foi feita para não só atrair novos usuários, mas também incentivar mais pessoas a usarem a plataforma, ajudando-a a ficar mais conhecida e forte no mercado digital.

Hoje, 1 worldcoin vale cerca de US$ 2. Essa moeda já ocupa uma posição importante no mercado global de criptomoedas, estando entre as 75 mais valiosas do mundo. Isso mostra o quanto ela é aceita e valorizada por investidores e usuários. Além disso, o valor total de mercado da worldcoin é estimado em cerca de US$ 1,7 bilhão, o que reforça a confiança e o potencial financeiro desse projeto.

A recompensa é paga em partes. Uma parte é entregue logo após o registro da íris, como um incentivo inicial. O restante do valor é liberado aos poucos durante 12 meses, o que ajuda a manter o interesse das pessoas no projeto por mais tempo.

Esse sistema de pagamento tem atraído muitas pessoas, principalmente em países com economias instáveis ou em crise. Em lugares como o Brasil e a Argentina, onde há muitos desafios econômicos, muitas pessoas estão aderindo ao projeto por enxergarem nele uma chance de ganhar dinheiro de forma fácil e rápida.

Para muitos participantes, o projeto representa uma oportunidade de melhorar sua situação financeira, mesmo que por um curto período. Ao registrarem suas íris, eles garantem a recompensa em worldcoins.

Essas moedas podem ser retiradas de forma simples pelo aplicativo oficial do projeto, o que torna todo o processo fácil e acessível para qualquer pessoa. Essa facilidade, junto com a possibilidade de ganhar dinheiro, tem atraído cada vez mais participantes e aumentado a popularidade do projeto.

Críticas e preocupações

Apesar do crescimento do projeto e de sua popularidade, o mundo tem enfrentado críticas e polêmicas. Autoridades de diferentes países estão preocupadas com a privacidade e a segurança dos dados biométricos encontrados durante o processo de registro.

No Quênia, por exemplo, o governo decidiu suspender temporariamente o cadastro de novos usuários, alegando preocupações sobre o possível uso indevido das informações pessoais. Da mesma forma, em Espanha, a Suprema Corte proibiu temporariamente o funcionamento do projeto, questionando se o processo de recolha de dados biométricos é realmente seguro.

A Tools for Humanity, empresa responsável pelo World, defende que o projeto é legítimo e tem objetivos claros. Segundo eles, o registro da íris não é uma “venda” de dados, mas uma forma de engajar os usuários, oferecendo recompensas financeiras como incentivo para participação.

A empresa também apresenta o projeto como parte da evolução da internet para a Web3, um modelo onde os dados dos usuários são compartilhados de forma recompensada, criando novas formas de interação digital.

Apesar de ganhar força em países com economias em dificuldades, o projeto ainda enfrenta discussões sobre privacidade, segurança e ética, temas que podem impactar seu futuro no mercado global de tecnologia.

Leia também: OpenAI reage à tentativa de Musk de bloquear lucros

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