Diante do risco de 170 milhões de americanos ficarem sem o TikTok, a partir deste domingo, 19 de janeiro, por uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, usuários do país começaram a procurar alternativas. O principal destino tem sido outro aplicativo chinês, o RedNote (XiaohongShu, que significa “Pequeno Livro Vermelho”). O app tem liderado o ranking de downloads na App Store da Apple nos EUA.
Criado em 2013 pela Xingyin Information Technology, com sede em Xangai, o RedNote oferece uma experiência parecida com a do TikTok, permitindo que os usuários compartilhem fotos, vídeos curtos e transmissões ao vivo. O aplicativo conta com 300 milhões de usuários, sendo 79% mulheres.
Esse movimento de migração acontece em meio à pressão do governo dos EUA sobre a ByteDance, dona do TikTok. No ano passado, o presidente Joe Biden determinou que a empresa deverá vender suas operações nos Estados Unidos. As autoridades americanas afirmam que o TikTok representa “um risco à segurança nacional”, sendo acusado de “coletar dados de usuários e promover propaganda”.
Dados do Pew Research Center, com sede em Washington (D.C.), mostram a importância do TikTok no cotidiano digital dos americanos: cerca de um terço da população já usa a plataforma, e 52% dos usuários ativos dizem já ter postado conteúdo. Agora, com a possível retirada do TikTok do mercado americano, o RedNote surge como uma alternativa.
Trump vai barrar o decreto?
Na sexta-feira, 17 de janeiro, a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu que a proibição do TikTok no país deve ser implementada a partir do próximo final de semana. O recurso apresentado pelos proprietários da rede social chinesa, que alegavam violação da Primeira Emenda, foi rejeitado.
Em entrevista à jornalista Pamela Brown da CNN, o presidente eleito Donald Trump declarou que, no fim das contas, a decisão depende dele, e que as pessoas veriam o que ele faria a respeito.
A decisão foi tomada de forma “per curiam”, ou seja, foi assinada por todos os membros do colegiado, e não por um juiz específico. Não foram registradas divergências entre os magistrados.
A medida foi tomada após a rejeição de um recurso do TikTok, que alegava que a proibição violava a Constituição americana.
Com a decisão, os holofotes se voltaram para o presidente eleito Donald Trump. Em resposta a uma pergunta sobre possíveis ações para tentar reverter a proibição pendente, Trump afirmou que tomaria a decisão, destacando que o Congresso lhe deu essa oportunidade e que ele a utilizaria para tomar uma atitude.
Conversa com líder chinês
O presidente eleito também confirmou que conversou com o presidente chinês Xi Jinping, mencionando que tiveram uma boa conversa sobre o TikTok, além de discutirem muitos outros assuntos.
Enquanto a data da proibição se aproxima, o governo do presidente Joe Biden indicou que a responsabilidade de aplicar a medida seria deixada para Trump, que assumirá o cargo na segunda-feira 20 de janeiro.
Mesmo com isso, o TikTok afirmou que pode “ficar no escuro” quando a proibição entrar em vigor.
Um funcionário do governo Biden contou à CNN, na quinta-feira, 16 de janeiro, que o presidente democrata planeja deixar para Trump a responsabilidade de aplicar qualquer proibição.
O funcionário afirmou que a posição do governo é clara: o TikTok deve continuar operando sob controle americano. Ele acrescentou que, considerando o momento em que a proibição entrará em vigor, em um fim de semana prolongado, um dia antes da posse de Trump, será responsabilidade do novo governo implementar a medida.
O CEO do TikTok, Shou Chew, deve estar presente na posse de Trump, ao lado de outros CEOs de grandes empresas de tecnologia, o que pode ser um indicativo de quão sério o novo presidente está em tentar salvar o aplicativo.
Além disso, com algumas pessoas no Congresso sugerindo que o TikTok pode precisar de mais tempo para encontrar um comprador, o presidente eleito pode receber apoio para tentar adiar a proibição para uma data posterior.
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