A Safe Superintelligence (SSI), uma startup de tecnologia fundada por Ilya Sutskever, ex-cientista-chefe da OpenAI, está em negociações para levantar recursos, com uma avaliação de pelo menos US$ 20 bilhões (R$ 116,2 bilhões). A informação foi divulgada nesta sexta-feira, 7 de fevereiro, pela Reuters.
Esse valor representa um grande aumento em relação à avaliação de US$ 5 bilhões (R$ 29,05 bilhões) que a empresa alcançou na última rodada de financiamento, em setembro, quando levantou US$ 1 bilhão (R$ 5,81 bilhões) de investidores como Sequoia Capital (uma firma de investimentos do Vale do Silício, focada em startups de tecnologia), Andreessen Horowitz ( firma de capital de risco que investe em empresas de tecnologia e software) e DST Global (firma de investimentos com foco em empresas de rápido crescimento).
A arrecadação de fundos da SSI já desafia outras companhias do setor a manterem avaliações altas, mesmo com as mudanças no mercado, especialmente após o crescimento da startup chinesa DeepSeek, que tem soluções desenvolvidas de baixo custo.
A SSI, que ainda não gerou lucro, tem como objetivo criar uma “superinteligência segura”, mais avançada que os seres humanos, mas controlada pelos interesses da humanidade. As negociações com investidores, tanto os antigos quanto os novos, ainda estão no início, e os termos podem mudar. O valor exato que a empresa espera arrecadar ainda não foi divulgado.
Fundada em junho, a empresa mantém escritórios em Palo Alto (Califórnia, EUA) e Tel Aviv (Israel). Além de Sutskever, os cofundadores são Daniel Gross, ex-líder de pesquisa na Apple, e Daniel Levy, ex-pesquisador da OpenAI.
Segredo em torno da Startup
Embora tenha falado brevemente sobre seus objetivos, poucos detalhes sobre os projetos internos foram revelados. O interesse dos investidores vem da visão de Sutskever e da abordagem inovadora que ele está desenvolvendo com sua equipe.
Sutskever é extremamente reconhecido por suas contribuições no campo da inteligência artificial, especialmente no avanço da chamada IA generativa. Ele foi um dos pioneiros na ideia de “escalonamento”, que envolve o uso intensivo de computação e dados para aprimorar modelos, estratégia essencial para o desenvolvimento de ferramentas como o ChatGPT. Esse método também impulsionou investimentos bilionários em chips, data centers e energia.
No entanto, ele encontrou rapidamente limitações devido à escassez de dados para treinar os sistemas. Para contornar isso, investiu na fase de “inferência” — quando um modelo já treinado executa tarefas — e formou uma equipe que trabalhou nos modelos de julgamento da OpenAI, criando uma nova linha de pesquisa seguida por outros especialistas.
A SSI deixou claro que não busca lucros imediatos. A empresa afirmou que pretende “escalar em paz”, sem pressões comerciais no curto prazo. Isso é uma diferença de laboratório como o OpenAI, que começou como uma organização sem fins lucrativos, mas passou a adotar um modelo comercial após o sucesso do ChatGPT. Esse lucro gerou quase US$ 4 bilhões (R$ 23,24 bilhões) em receita no ano passado, e a OpenAI espera arrecadar US$ 11,6 bilhões (R$ 67,4 bilhões) em 2025.
A abordagem exata da SSI ainda é um mistério. Em uma entrevista no ano passado, Sutskever disse que a empresa está explorando um novo caminho, descrito por ele como “uma nova montanha para escalar”, mas apresentou poucos detalhes adicionais.
Captação de fundos no setor
A busca por investimentos em tecnologia avançada segue em ritmo acelerado. A OpenAI está negociando para dobrar sua avaliação para US$ 300 bilhões (R$ 1.743 trilhões), enquanto a rival Anthropic finaliza uma rodada de financiamento que pode elevar seu valor de mercado para US$ 60 bilhões (348 bilhões).
Apesar do otimismo, alguns investidores começaram a questionar suas apostas, especialmente após o crescimento da DeepSeek, que desenvolveu modelos de código aberto para competir com as soluções principais dos EUA a um custo muito menor.
O avanço da startup chinesa teve impacto direto no mercado, levando a uma queda de quase US$ 600 bilhões (R$ 3,486 trilhões) no valor da Nvidia no final de janeiro. Mesmo assim, grandes empresas de tecnologia continuam a expandir suas infraestruturas para suportar o crescimento desse setor, os relatórios financeiros mais recentes.
Empresas líderes em inteligência artificial
OpenAI
A OpenAI causou uma verdadeira revolução na indústria com o lançamento do ChatGPT, um chatbot de IA que trouxe a tecnologia para o grande público. A empresa, que tem a Microsoft como principal investidora, já levantou cerca de US$ 20 bilhões (R$ 115,4 bilhões) e está em negociações para arrecadar mais US$ 40 bilhões (R$ 230,8 bilhões).
Sob a liderança de Sam Altman, a OpenAI busca novas formas de governança e está em processo de transição para uma empresa com fins lucrativos. Além do ChatGPT, a empresa criou o DALL·E, uma ferramenta de geração de imagens, e o Codex, que auxilia programadores na criação de código.
A OpenAI também está investindo no desenvolvimento de modelos mais avançados e acessíveis para diferentes setores da economia.
Anthropic
Fundada em 2021 por ex-colaboradores da OpenAI, a Anthropic desenvolveu o Claude, um modelo voltado para segurança.
A empresa já arrecadou mais de US$ 12,9 bilhões (R$ 74,5 bilhões), contando com investimentos de peso da Amazon e da Alphabet, controladora do Google.
Com a crescente demanda por tecnologias confiáveis, a Anthropic tem se destacado como um dos principais nomes do setor, adotando uma abordagem ética e focada na criação de sistemas mais seguros, reduzindo os riscos associados ao desenvolvimento de soluções avançadas.
MetaAI
A Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, lançou sua linha de modelos de inteligência artificial, o Llama, e segue aprimorando a tecnologia. Com o lançamento do Llama 3 e o desenvolvimento do MetaAI, a empresa aposta na integração desses sistemas em suas plataformas.
Mark Zuckerberg anunciou planos de investir até US$ 65 bilhões anuais no setor (R$ 374,05 bilhões), garantindo sua presença na corrida tecnológica.
A Meta busca expandir o uso de algoritmos avançados em suas redes sociais, personalizando a experiência dos usuários e aprimorando seus sistemas de recomendação de conteúdo.
Google DeepMind
O Google entrou na competição com o lançamento do Bard, em 2023, agora renomeado para Gemini. A subsidiária DeepMind, especializada em aprendizado de máquina, continua sendo a principal força nos avanços da empresa, embora os valores investidos nessa tecnologia não sejam divulgados.
Com anos de experiência, a gigante da tecnologia segue como uma das principais protagonistas da revolução digital. Além do Gemini, a empresa também desenvolve modelos voltados para a área da saúde, como o AlphaFold, que auxilia na descoberta de novas proteínas e medicamentos.
Mistral AI
Fundada por pesquisadores franceses, a Mistral AI rapidamente se destacou na Europa como uma alternativa às grandes empresas americanas. Seu chatbot “Le Chat”, lançado em fevereiro de 2024, ajudou a consolidar sua posição no mercado.
Com investimentos da Microsoft e planos de abrir o capital, a startup já arrecadou mais de 1 bilhão de euros (R$ 5,77 bilhões), demonstrando que a Europa também quer ter um papel de destaque nesse cenário.
A Mistral se dedica à criação de modelos avançados, acessíveis e eficientes para diversas aplicações empresariais.
Deepseek
A Deepseek, uma startup chinesa, gerou grande impacto ao apresentar seu modelo R1, desenvolvido com um orçamento muito inferior ao de seus concorrentes ocidentais. O R1 é focado em aprendizado profundo e automação, competindo com as principais soluções do mercado global.
Essa inovação abalou o setor e afetou empresas como a Nvidia, que viu suas ações caírem após o anúncio.
A eficiência da Deepseek representa um novo desafio para companhias dos EUA e Europa, que agora enfrentam a crescente competitividade da China na área de tecnologia avançada.
A empresa busca desenvolver modelos de alto desempenho com custos computacionais reduzidos.
Alibaba
O Alibaba, gigante do comércio eletrônico da China, entrou oficialmente no setor de tecnologia avançada com o lançamento do Qwen2.5-Max. Esse modelo inovador está disponível para desenvolvedores e promete superar as soluções atuais.
A participação do Alibaba reforça a presença chinesa no campo da inteligência computacional e aumenta a competitividade global. A empresa também investe em novas ferramentas para o varejo e o comércio digital, transformando a experiência de compra online.
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