Ação judicial acusa Meta de dar preferência a trabalhadores estrangeiros por salário menor

Um juiz federal decidiu, nesta terça-feira, 25 de fevereiro, que a Meta Platforms, dona do Facebook e do Instagram, terá que enfrentar um processo. A empresa é acusada de contratar trabalhadores estrangeiros por salários mais baixos do que os pagos aos americanos.

A juíza Laurel Beeler, do tribunal de São Francisco, permitiu que três cidadãos americanos, que dizem ter sido rejeitados pela Meta mesmo estando qualificados, sigam com uma ação coletiva. Os envolvidos são Purushothaman Rajaram, especialista em TI; Ekta Bhatia, engenheira de software; e Qun Wang, cientista de dados. Eles afirmam que, entre 2020 e 2024, se candidataram a diversas vagas na Meta, mas foram recusados porque a empresa preferiu candidatos com visto de trabalho.

Meta é processada por priorizar trabalhadores estrangeiros nos EUA
A Meta tem chamado atenção por medidas como demissões em massa e abandono de política de checagem de fatos |Foto: Reprodução/Getty Images

A Meta negou as acusações, chamando-as de sem fundamento e dizendo que vai se defender. A empresa, de Menlo Park, Califórnia, afirmou que não há provas de discriminação e que, se os demandantes não fossem cidadãos americanos, poderiam não ser contratados.

Porém, o juiz apontou dados que mostram que 15% da equipe da Meta nos EUA tem vistos H-1B, geralmente dados a trabalhadores estrangeiros, enquanto apenas 0,5% da força de trabalho geral dos EUA possui esse tipo de visto.

Além disso, a juíza mencionou um acordo de 2021, em que a Meta se comprometeu a pagar até US$ 14,25 milhões (R$ 81,94 milhões) para resolver acusações do governo federal. O governo afirmava que a empresa estava sistematicamente recusando trabalhadores americanos para vagas que eram destinadas a pessoas com visto temporário.

A juíza Beeler achou que as alegações dos demandantes combinam com as evidências de que a Meta favorece trabalhadores estrangeiros com visto H-1B em vez de cidadãos americanos. Daniel Low, advogado dos demandantes, disse que espera que o processo ajude a corrigir a discriminação contra trabalhadores com visto na indústria de tecnologia, sugerindo que isso possa ser resolvido por uma ação judicial ou mudança na lei.

Esse é o mais recente de vários processos legais sobre as práticas de contratação das empresas de tecnologia. A Meta já enfrentou uma ação governamental em 2020, acusada de discriminação contra cidadãos americanos, algo que ganhou destaque na época da política de imigração de Donald Trump.

O caso continuará, e pode trazer mudanças importantes nas políticas de contratação das grandes empresas de tecnologia.

Demissões em massa

A Meta anunciou uma nova rodada de demissões no dia 10 de fevereiro, com o corte de cerca de 4 mil funcionários. A medida integra uma reestruturação estratégica que visa priorizar a inteligência artificial (IA), conforme afirmou o CEO Mark Zuckerberg, que já havia alertado que 2025 seria um “ano intenso” para a companhia.

A decisão foi comunicada por e-mail aos funcionários em diversos escritórios ao redor do mundo, mas ainda não há confirmação sobre o impacto no Brasil. De acordo com o comunicado interno, os cortes foram baseados no desempenho dos colaboradores, e seus acessos aos sistemas da empresa foram bloqueados em até uma hora após o aviso.

Na União Europeia, algumas demissões podem ser evitadas devido às leis trabalhistas locais. A Diretiva 98/59/CE exige que empresas que planejam demissões em massa consultem representantes dos trabalhadores e busquem alternativas como realocação ou aposentadoria antecipada. Além disso, as autoridades devem ser notificadas para avaliar o impacto e possíveis soluções, com prazos mínimos de aviso prévio, que variam de acordo com o país e o número de funcionários afetados.

Embora os cortes afetem setores da empresa, a Meta também pretende contratar novos especialistas em inteligência artificial e aprendizado de máquina. Em um comunicado interno, a empresa ressaltou a relevância de investir em tecnologias inovadoras, como IA, realidade aumentada e novas redes sociais, como parte de seu plano de transformação tecnológica.

Essas demissões ocorrem após a Meta ter extinto equipes de verificação de conteúdo no Facebook, como parte de uma estratégia para priorizar a liberdade de expressão. Contudo, a decisão gerou receios sobre o aumento de desinformação e discursos de ódio na plataforma.

Durante uma reunião interna, cujo conteúdo vazou para a imprensa, Zuckerberg afirmou que 2025 será um ano de grandes mudanças e desafios. Ele também alertou que os responsáveis pelo vazamento poderiam ser demitidos.

Desde 2022, a Meta tem simplificado suas operações para melhorar a eficiência. A empresa segue com investimentos pesados em infraestrutura de IA, mirando competir com gigantes do setor, como OpenAI e DeepMind, na corrida pela inovação tecnológica.

A polêmica da checagem de fatos nas redes sociais

Em janeiro de 2025, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, revelou uma alteração significativa no processo de verificação de informações no Facebook e Instagram. Em um vídeo publicado no perfil oficial da empresa, ele detalhou que a Meta deixará de utilizar serviços independentes para a checagem de fatos, adotando, no lugar, um sistema baseado nas chamadas “notas da comunidade”. Nesse novo modelo, serão os próprios usuários que poderão colaborar na verificação das informações, algo semelhante ao que a plataforma X já realiza.

A mudança foi bem recebida por defensores da liberdade de expressão, especialmente entre os apoiadores de Donald Trump, que consideraram essa decisão uma maneira de reduzir o que chamam de “censura” nas redes sociais da Meta. No vídeo publicado no Facebook, Zuckerberg explicou que os moderadores anteriormente contratados possuíam uma “visão política específica” e que, por isso, seria fundamental oferecer mais liberdade para os usuários se expressarem.

Por outro lado, a decisão gerou críticas de ativistas contra o discurso de ódio online e de organizações especializadas em checagem de fatos, que estão preocupadas com os possíveis efeitos dessa mudança no combate à desinformação. A substituição de profissionais qualificados por uma abordagem onde qualquer usuário pode emitir opinião levanta dúvidas sobre a qualidade das informações nas plataformas.

Especialistas em tecnologia e política sugerem que as motivações por trás dessa mudança podem ter caráter político. Muitas empresas de tecnologia, incluindo a Meta, estão se adaptando ao novo governo de Donald Trump, do Partido Republicano, que venceu as eleições presidenciais.

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