Na sessão desta terça-feira (24), o dólar apresentou uma queda significativa em relação ao real, encerrando o dia cotado a R$ 5,461. A desvalorização da moeda americana foi de 1,33%, refletindo o otimismo dos investidores diante do pacote de estímulos econômicos anunciado pela China, o maior desde a pandemia de Covid-19. Em contrapartida, o índice Ibovespa superou a marca dos 132 mil pontos, registrando uma alta de 1,22%.
Estímulos da China e impactos no mercado
O pacote de estímulos da China, anunciado pelo presidente do Banco do Povo, Pan Gongsheng, visa reverter os efeitos da crise imobiliária e a queda da demanda interna. Dentre as principais medidas, destacam-se o corte de 0,5 ponto na taxa de compulsório dos bancos e uma redução de 0,2 ponto na taxa de recompra reversa de sete dias, que agora está em 1,5%. Essas ações visam aumentar a liquidez no mercado e diminuir os custos de empréstimos.
O anúncio gerou uma onda de otimismo nos mercados globais, especialmente para ativos de países que mantêm relações comerciais significativas com a China. Como a China é o maior importador de commodities do mundo, as medidas de estímulo também tiveram um impacto direto no mercado brasileiro, especialmente nas ações de empresas ligadas ao setor de commodities.
Ainda que o dólar tenha fechado em queda, Ibovespa concluiu o dia em alta
O principal índice da B3, o Ibovespa, foi impulsionado principalmente por papéis de empresas expostas ao mercado de commodities. A Vale (VALE3), que tem um peso significativo no índice, registrou uma alta expressiva de 4,88%. Outras empresas do setor, como CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5), também se destacaram, com avanços de 9,39% e 7,68%, respectivamente.
Esse desempenho positivo no mercado de ações é um reflexo direto do entusiasmo dos investidores em relação ao crescimento da demanda por commodities, especialmente no contexto das recentes medidas adotadas pela China. O bom desempenho do Ibovespa destaca a resiliência do mercado brasileiro em meio a um cenário econômico global desafiador.
Confira o cenário nacional
No Brasil, os investidores estavam atentos à divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que ocorreu na semana passada. O documento revelou que o Copom decidiu, de maneira unânime, aumentar a Selic em 0,25 ponto, agora fixada em 10,75% ao ano. A ata não forneceu indicações claras sobre futuros aumentos nas taxas, enfatizando a incerteza do cenário econômico atual, mas reafirmou o compromisso do Banco Central com a meta de inflação.
Leia também: Governo reduz expectativa de economia com previdência para R$ 6,8 bi
Fabio Louzada, economista e fundador da plataforma “Eu me banco”, analisou as implicações da ata, sugerindo que mais aumentos de juros são esperados. “Ficou claro que teremos mais altas de juros, mas sem um ritmo definido. O ciclo será gradual e dependerá dos dados que forem divulgados”, comentou.
A decisão do Banco Central ocorre em um contexto em que a valorização do real em relação ao dólar se intensificou, impulsionada pela perspectiva de um diferencial de juros maior entre Brasil e Estados Unidos. Enquanto isso, o Federal Reserve dos EUA parece estar seguindo uma trajetória de afrouxamento da política monetária.
Expectativas para a economia brasileira
Em um evento do Banco Safra, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, expressou preocupações em relação à inflação, observando que o crescimento da economia brasileira está superando as expectativas. O crescimento do PIB para 2024 é projetado em cerca de 3%, enquanto o desemprego continua em queda.
Campos Neto ressaltou que a “mão-de-obra está apertada” e que o “quadro todo” da inflação no país é motivo de atenção para o BC. Essa combinação de crescimento robusto e baixa taxa de desemprego poderia complicar os esforços do Banco Central para manter a inflação sob controle.
O desempenho do dólar e do Ibovespa na sessão de hoje ilustra como fatores externos, como o pacote de estímulos da China, podem impactar rapidamente os mercados financeiros brasileiros. A combinação de um cenário global otimista e políticas monetárias locais em ajuste reflete uma dinâmica complexa, mas também cheia de oportunidades para investidores.
Com a economia brasileira em uma trajetória de recuperação, a expectativa é de que os próximos meses tragam novos desafios e oportunidades, tanto no front interno quanto no externo. O acompanhamento das políticas do Banco Central e das condições do mercado global será crucial para entender os rumos da economia nacional.