Incerteza econômica recua 3 pontos em outubro, mas preocupa especialistas

O Indicador de Incerteza da Economia Brasileira (IIE-Br), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), registrou uma queda de 3 pontos em outubro, alcançando 104,8 pontos, após alta em setembro. Essa diminuição reflete uma melhora moderada na percepção de incerteza econômica no país, ainda que o indicador permaneça em um patamar que exige cautela.

Segundo a FGV, a expectativa favorável e o desempenho acima do esperado da economia brasileira no segundo trimestre contribuíram para o resultado. A economista Anna Carolina Gouveia, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), comentou que essa queda na incerteza reflete a continuidade de uma trajetória de redução iniciada em junho, apontando para uma possível estabilização.

A incerteza econômica no Brasil recuou em outubro, segundo FGV, com expectativa positiva e desafios para política fiscal | Foto: Reprodução/Canva
A incerteza econômica no Brasil recuou em outubro, segundo FGV, com expectativa positiva e desafios para política fiscal | Foto: Reprodução/Canva

No entanto, ela ponderou que a manutenção de um nível de incerteza moderada dependerá de fatores como a política fiscal e o alinhamento das expectativas econômicas, essenciais para sustentar o crescimento a longo prazo.

Fatores que influenciaram a queda da incerteza econômica

O IIE-Br é composto por dois principais componentes: o IIE-Br Mídia, que mensura a frequência de notícias relacionadas à incerteza nos principais veículos de comunicação, e o IIE-Br Expectativa, que avalia a dispersão das previsões econômicas para indicadores como a taxa de câmbio e o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

Em outubro, o componente de Mídia recuou 2 pontos, atingindo 104,0, o menor valor desde julho do ano passado, contribuindo negativamente com 1,7 ponto para a queda do índice geral. Esse resultado indica uma menor frequência de notícias relacionadas à incerteza econômica, refletindo a percepção de uma melhora relativa no cenário econômico.

O componente de Expectativa, por outro lado, apresentou um recuo mais expressivo, de 5,3 pontos, fechando o mês em 106,2 pontos. Esse componente, que analisa a dispersão das previsões de variáveis macroeconômicas, vinha registrando alta há cinco meses, mas a recente queda reflete uma convergência das expectativas dos especialistas sobre o comportamento da economia.

A diminuição na dispersão das previsões, especialmente para indicadores como o câmbio e a inflação, sinaliza uma percepção de estabilidade por parte do mercado.

Perspectivas e os desafios para a economia brasileira

A moderação no indicador de incerteza econômica é um sinal positivo para o ambiente de negócios e o mercado financeiro, pois indica uma menor volatilidade nas expectativas. Contudo, a manutenção dessa trajetória favorável dependerá de uma série de fatores, incluindo o compromisso do governo com uma política fiscal sólida e o controle das metas fiscais.

Para Anna Carolina Gouveia, a clareza na condução da política econômica será crucial para reduzir ainda mais a incerteza. “A manutenção do IIE-Br em uma região moderada dependerá da continuidade de resultados favoráveis na economia e da sinalização de uma política fiscal clara e consistente nos próximos meses”, afirmou.

Esse aspecto é fundamental para atrair investimentos, pois quanto menor a incerteza, maior é a confiança dos investidores, o que pode impulsionar o crescimento econômico.

Outro ponto que merece atenção é o comportamento da taxa de juros. Com a inflação ainda em níveis relativamente controlados, há uma expectativa de que o Banco Central possa manter uma política monetária que favoreça a retomada econômica.

No entanto, a evolução das condições globais e eventuais pressões inflacionárias internas podem exigir ajustes nas taxas de juros, o que pode impactar o nível de incerteza.

Leia também: Como gerar uma renda passiva de R$ 1.412,35 ajustada à inflação?

Impacto do cenário global na incerteza econômica brasileira

A economia brasileira está inserida em um contexto global complexo, marcado por desafios como a desaceleração econômica de grandes potências, conflitos internacionais e mudanças nas políticas monetárias das principais economias. Esses fatores externos, embora fora do controle das autoridades brasileiras, exercem influência direta sobre a incerteza econômica no país.

Em 2024, as oscilações nas taxas de juros internacionais, particularmente nos Estados Unidos, têm gerado reflexos no Brasil, impactando tanto o mercado de câmbio quanto as expectativas de inflação. Diante desse cenário, a capacidade de resposta e a resiliência da economia brasileira são postas à prova, especialmente no que diz respeito à manutenção da estabilidade econômica e da atração de investimentos estrangeiros.

Expectativas para os próximos meses

Com o avanço do último trimestre de 2024, o mercado e os analistas acompanham de perto os desdobramentos das políticas fiscal e monetária do governo brasileiro. A projeção de continuidade da queda na incerteza econômica dependerá de ações concretas para equilibrar as contas públicas e das respostas da política econômica às demandas internas e pressões externas.

Os especialistas acreditam que, se o Brasil mantiver um compromisso claro com metas fiscais e políticas econômicas consistentes, a tendência é que o IIE-Br continue em trajetória de queda, favorecendo um ambiente mais estável e propício para o desenvolvimento econômico. A redução da incerteza é fundamental para estimular a confiança dos investidores e consumidores, elementos essenciais para a recuperação econômica sustentável.

Para o setor produtivo e para o mercado financeiro, a estabilidade das expectativas e a redução da incerteza trazem uma série de benefícios, como a possibilidade de planejamento de longo prazo e a atração de investimentos, tanto domésticos quanto estrangeiros. Isso se traduz em um ambiente econômico mais saudável, capaz de gerar emprego e renda.

O recuo de 3 pontos no Indicador de Incerteza da Economia Brasileira em outubro é um reflexo positivo das recentes medidas econômicas e do desempenho acima do esperado da economia no segundo trimestre de 2024. No entanto, o patamar ainda moderado do índice demonstra que há desafios pela frente, principalmente no que diz respeito à política fiscal e à manutenção de uma visão clara sobre o futuro da economia.

Para que o Brasil possa consolidar essa trajetória de queda na incerteza e promover um ambiente econômico mais estável, será fundamental que o governo e o Banco Central continuem empenhados em políticas econômicas transparentes e previsíveis. Somente assim será possível sustentar o crescimento econômico e reduzir de forma significativa a incerteza, beneficiando toda a economia e proporcionando um cenário mais favorável para o desenvolvimento e para a atração de novos investimentos.

Atualize-se.
Receba Nossa Newsletter Semanal

Sugestões para você