Nos últimos 12 meses, os aluguéis residenciais no Brasil subiram mais do que o dobro da inflação. Entre outubro de 2023 e outubro de 2024, o aumento nos preços dos aluguéis foi de 13,48%, de acordo com o Índice FipeZAP, um indicador econômico que acompanha a variação dos preços de imóveis residenciais e comerciais no Brasil, amplamente utilizado como referência no mercado imobiliário de locação residencial.
Além disso, a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), teve um aumento bem menor, de 4,76%.
Isso significa que, enquanto os preços de aluguel aumentaram mais de duas vezes a inflação, os consumidores estavam vendo seus orçamentos apertados, especialmente em um momento em que a economia do país ainda se recupera lentamente da crise provocada pela pandemia e outros fatores econômicos.
Esse aumento nos aluguéis está preocupando, principalmente porque tem um impacto direto no bolso das famílias brasileiras. Como o valor do aluguel está subindo mais rápido que a inflação, muitas pessoas estão tendo dificuldades para equilibrar suas finanças pessoais.
Além disso, as famílias brasileiras já enfrentam outros custos elevados, como alimentação, transporte e saúde, o que torna ainda mais difícil arcar com o aluguel e manter a qualidade de vida.
Impactos no mercado de aluguéis
Em outubro, o aumento nos preços dos aluguéis foi de 0,46%. Embora esse número tenha sido menor do que o aumento de setembro, que foi de 0,65%, ainda assim a alta persiste. Esse pequeno alívio é explicado em parte pelo controle da inflação, que ajudou a desacelerar o ritmo de crescimento dos preços dos aluguéis. Porém, é importante destacar que, mesmo com a desaceleração, 31 das 36 cidades monitoradas ainda registraram aumento nos valores dos aluguéis.
Uma das tendências que tem se destacado no mercado de aluguéis é a alta nos preços dos imóveis maiores. Os imóveis com quatro ou mais quartos tiveram as maiores subidas de preço, enquanto os imóveis de três quartos foram os que apresentaram as menores altas.
Isso reflete uma mudança no comportamento da população, que passou a procurar mais espaço nas casas e apartamentos. A pandemia de COVID-19 foi um dos fatores que impulsionou essa demanda por imóveis maiores, já que muitas pessoas passaram a trabalhar de casa e, portanto, precisaram de mais espaço para acomodar o home office e as atividades familiares.
Cidades com maiores aluguéis
Entre as cidades brasileiras com os aluguéis mais altos, destaca-se Barueri, na região metropolitana de São Paulo, onde o preço médio do aluguel foi de R$ 62,80 por metro quadrado. Além de Barueri, outras grandes cidades como São Paulo, Florianópolis e Recife também apresentaram aluguéis elevados.
Nessas regiões, a alta demanda por imóveis e a oferta limitada são os principais fatores que contribuem para os preços elevados. Em cidades com uma grande concentração de serviços, empregos e infraestrutura, como São Paulo, os preços dos imóveis tendem a ser mais altos devido à alta procura por esses locais.
As cidades com maior infraestrutura e oportunidades de emprego tendem a ter os aluguéis mais caros, pois há um número maior de pessoas buscando por imóveis nessas áreas. No entanto, como a oferta de imóveis não é suficiente para atender a toda essa demanda, os preços acabam subindo cada vez mais.
Desafios para as famílias
O aumento no preço dos aluguéis tem causado dificuldades principalmente para as famílias de classe média e baixa. O custo do aluguel acaba consumindo uma parte significativa da renda dessas famílias, o que torna mais difícil equilibrar as finanças pessoais.
Além disso, muitos brasileiros enfrentam outros custos essenciais, como alimentação, transporte e saúde, que também têm subido nos últimos tempos. Esse cenário de custos elevados em diversas áreas da vida está pressionando ainda mais os orçamentos domésticos.
De acordo com Paula Reis, economista do DataZAP, a alta nos aluguéis após a pandemia foi um dos fatores que contribuiu para esse aumento. Durante a pandemia, muitos imóveis estavam com preços abaixo do valor real de mercado, devido à diminuição da demanda. Agora, com a recuperação da economia e o aumento da procura, os preços dos aluguéis voltaram a subir.
Além disso, a oferta limitada de imóveis no mercado também é uma das causas dessa alta nos preços. A falta de novos imóveis para aluguel e a dificuldade de muitas pessoas em adquirir imóveis próprios têm feito com que mais gente recorra ao aluguel, elevando ainda mais a demanda.
Perspectivas para os próximos meses
Apesar da desaceleração no aumento dos aluguéis registrada em outubro, a tendência é que o preço dos aluguéis continue subindo, principalmente nas grandes cidades e nas regiões com maior demanda por imóveis. O preço médio do aluguel no Brasil foi de R$ 47,05 por metro quadrado, e o aumento acumulado no ano foi de 11,41% nas 36 cidades monitoradas. Esse aumento afetou diversas capitais brasileiras, que também enfrentam o crescimento nos preços dos aluguéis.
Além disso, a procura por imóveis maiores continua sendo uma tendência, o que mantém a pressão sobre os preços dos imóveis mais espaçosos. A pandemia alterou a forma como muitas pessoas vivem e trabalham, e a demanda por mais espaço para o home office e atividades familiares deve continuar por um bom tempo. Isso significa que, enquanto os imóveis menores podem ter um aumento de preço mais modesto, os imóveis maiores continuarão a ser mais caros.
Fatores que influenciam os preços
A alta no preço dos aluguéis também é causada pela escassez de imóveis em algumas regiões e pela falta de infraestrutura adequada em outras. Em cidades como Barueri, onde a demanda é muito alta, mas a oferta de imóveis não consegue acompanhar, o mercado de aluguel se torna mais competitivo, fazendo com que os preços subam. Esse cenário se repete em outras grandes cidades do país, onde a oferta de imóveis para aluguel é limitada.
Outro fator que influencia os preços dos aluguéis é a falta de investimentos em infraestrutura em algumas regiões. Quando a infraestrutura de uma cidade não é adequada ou não está em desenvolvimento, a oferta de imóveis tende a ser menor, o que faz com que a demanda aumente e, consequentemente, os preços subam.
Os aluguéis no Brasil têm subido mais rápido que a inflação nos últimos meses, o que tem pressionado o orçamento das famílias, especialmente aquelas de classe média e baixa. Embora a desaceleração no aumento dos preços registrada em outubro tenha dado algum alívio, a tendência é que os aluguéis continuem a subir, principalmente nas grandes cidades.
Para amenizar esse impacto, é fundamental que o governo e o setor privado invistam em políticas que controlem a inflação, aumentem a oferta de imóveis e melhorem a infraestrutura nas áreas com maior demanda. Se essas questões forem resolvidas, pode haver um alívio para as famílias que estão enfrentando dificuldades para arcar com os custos elevados dos aluguéis.
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