Dólar sobe 0,34% e fecha a R$ 5,76 com tensão global

O dólar fechou em alta nesta terça-feira (19), registrando avanço de 0,34% e encerrando o dia cotado a R$ 5,7679. A elevação reflete a aversão global ao risco após um alerta emitido pela Rússia aos Estados Unidos, relacionado à atualização de sua doutrina nuclear.

A escalada das tensões no conflito entre Rússia e Ucrânia impulsionou a busca por ativos considerados seguros, como o dólar e os títulos do Tesouro dos EUA, afetando negativamente moedas de mercados emergentes, incluindo o real.

Entenda o que impulsionou a alta

No contexto internacional, as tensões aumentaram após relatos de que a Ucrânia utilizou mísseis norte-americanos em ataques ao território russo — um marco significativo no conflito até o momento. Em resposta, a Rússia ajustou sua política de uso de armas nucleares, aumentando as incertezas no mercado. Essas movimentações colocaram o dólar em posição de destaque como porto seguro para investidores globais.

Segundo Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora, o novo protocolo nuclear russo teve um impacto direto no mercado: “E como é véspera de feriado no Brasil, muitos agentes também se protegem na moeda norte-americana, aguardando novidades sobre o pacote fiscal do governo”.

Impactos no mercado brasileiro

No Brasil, a cotação do dólar à vista oscilou ao longo do dia. Pela manhã, a moeda atingiu o valor mínimo de R$ 5,7453 (-0,05%), mas chegou à máxima de R$ 5,7987 (+0,88%) pouco antes das 10h30. Essa variação é típica em dias de maior incerteza.

O mercado doméstico também foi influenciado por expectativas relacionadas ao pacote fiscal do governo, cuja apresentação é esperada para após o feriado do Dia da Consciência Negra, que ocorre nesta quarta-feira (20). A depender do teor do pacote, especialistas apontam que ele pode contribuir para reduzir os prêmios de risco e equilibrar a taxa de câmbio no curto prazo.

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Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, destacou a necessidade de um “choque fiscal positivo” para diminuir as dúvidas do mercado em relação à capacidade do governo de equilibrar as contas públicas. Pela manhã, o Banco Central realizou a venda de 15.000 contratos de swap cambial tradicional em leilão, como parte da rolagem de vencimentos previstos para janeiro de 2025.

Cenário global e índice do dólar

No cenário internacional, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda frente a uma cesta de seis divisas globais — apresentou leve recuo de 0,03%, fechando em 106,190 pontos. Isso indica que, apesar do movimento de busca por segurança, a alta do dólar foi mais contida frente a outras moedas.

Além das tensões geopolíticas, os mercados estavam atentos à reunião do G20 no Rio de Janeiro, que também trouxe discussões relevantes sobre políticas econômicas globais.

Foto: Ricardo Stuckert/PR

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Cúpula do G20 no Brasil custou R$ 140 milhões e gerou impacto econômico de R$ 595 milhões no Rio | Foto: Reprodução / Ricardo Stuckert/PR

O que esperar nos próximos dias

Com o mercado brasileiro fechado nesta quarta-feira, as operações seguirão normalmente no exterior. Especialistas apontam que o desempenho do dólar nos próximos dias dependerá de desdobramentos no cenário internacional, incluindo possíveis novas declarações da Rússia e dos Estados Unidos, bem como de avanços no pacote fiscal brasileiro.

Se o governo apresentar medidas robustas de contenção de despesas, pode haver um alívio na taxa de câmbio, já que a percepção de risco sobre os ativos brasileiros tende a diminuir. No entanto, a continuidade das tensões no conflito entre Rússia e Ucrânia pode manter o dólar em alta.

Por enquanto, o mercado segue sensível a qualquer novidade, reforçando a necessidade de cautela por parte de investidores, especialmente aqueles expostos a moedas de mercados emergentes.

Essa alta do dólar ilustra como eventos geopolíticos podem impactar diretamente a economia global e local. Para quem precisa acompanhar a cotação da moeda ou planeja viagens internacionais, a recomendação é ficar atento às movimentações do mercado e às políticas cambiais adotadas pelos bancos centrais.

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